maio 2010

Pais e Filhos

Uma clara evidência da importância que Paulo confere à família pode ser encontrada em uma de suas analogias referindo-se a nós – a Sua igreja – como a família de Deus (Efésios 2.19). A família, além de ser a primeira instituição na sociedade, é também o seu fundamento. Quando esta célula desestrutura-se, a igreja enfraquece e a sociedade toda adoece.

O grande escritor cristão William Hendriksen (1900-1982), escreveu com propriedade: “Nenhuma instituição sobre a face da terra é tão sagrada quanto a  família. Nenhuma é tão básica. Segundo a atmosfera moral e religiosa da família, assim será na igreja, na nação e na sociedade em geral.”

Como parte essencial na construção da família, a grande e honrosa tarefa que Deus reservou para os pais é a de gerar e educar seus filhos. Os pais são cooperadores de Deus na maior de todas as missões: criar os filhos de Deus à Sua imagem e semelhança. Nada pode se igualar à sublimidade desta obra.

Os pais são os primeiros mensageiros de Deus na vida dos filhos, sobre os quais têm o poder de atrair as dádivas divinas. Por isso os pais devem educar os filhos dentro dos princípios bíblicos, pois a Bíblia também é a verdade no campo educacional, norma essencial que é de todo o nosso pensar e agir.

Como pais, temos também a responsabilidade de não provocar a ira de nossos filhos, tendo comportamento que manifeste predileções, falta de apoio, menosprezo, provocações, ironias, excesso de proteção, entre outras atitudes negativas.

E há várias abordagens bíblicas sobre este assunto, como em Colossenses 3.21, Gênesis 25.28 e 37.3,4, 2 Samuel 14.13,28, 1 Reis 1.6 e Hebreus 12.9-11. Em Efésios 6.4 verificamos que a palavra criai-os está em contraposição à ira, indicando que nossas atitudes devem ser sempre positivas, edificantes, construtivas.  Devemos criá-los ternamente, com brandura e muito amor, sem contudo excluir a disciplina e a admoestação no Senhor Jesus – em tudo o nosso modelo – que em Apocalipse 3.19 afirmou: “Eu repreendo e disciplino a quantos amo.”

Ana era uma mulher triste, porque tinha um sonho que ainda não havia se concretizado: o de ser mãe. O que fez ela? Orou a Deus pedindo um filho, e prometeu que – caso fosse atendida – entregá-lo-ia para servir ao Senhor por toda a sua vida. Deus ouviu a oração de Ana e nasceu Samuel, cujo nome significa “ouvido de Deus” ou “Deus tem ouvido”. Numa extraordinária demonstração de amor materno – aquilo que tinha de mais precioso na vida, o seu pequenino Samuel – ela entregou nos braços do Pai, porque sabia que a melhor herança que poderia deixar para Samuel era o amor a Deus e a certeza de que o Senhor cuidaria melhor do seu filho do que ela própria.

Samuel tornou-se sacerdote, profeta e juiz de toda a nação de Israel. Riquezas, fama, sucesso, poder, títulos? Nada disso teria ajudado Samuel a chegar aonde chegou e ser o que foi. Muitos de nós trabalhamos incessantemente para adquirir bens e riquezas, na intenção de garantir a felicidade e o futuro de nossos filhos. Procuramos a melhor escola, a melhor roupa, os melhores cursos de línguas, o melhor aprendizado das artes, o melhor clube para o desenvolvimento nos esportes, o melhor plano de saúde e previdência privada.

Mas Jesus em Mateus 6.19-21 nos ordenou: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o  teu tesouro, aí estará também o teu coração.”

É claro que não devemos descurar da preparação educacional, cultural e intelectual de nossos filhos, porém é preciso sempre priorizar a sua formação espiritual.

Observamos nos dias que correm que os filhos, geralmente ao atingir a adolescência, têm a tendência de questionar os pais em suas decisões, atitudes e orientações, julgando que estão ultrapassados, que os tempos são outros e que eles como jovens que são, tudo podem e estão sempre certos. Terrível engano, que freqüentemente tem levado muitos jovens a descaminhos na vida! Embora nada substitua o diálogo franco e amoroso entre pais e filhos, estes precisam aceitar que os pais acumulam conhecimentos que não possuem ainda, e que portanto é necessário obedecê-los, mormente quando as decisões paternas estão embasadas na Palavra de Deus.

A obediência é uma espécie de honra que os filhos devem conceder aos pais. É impossível não pensarmos em nosso pai e em nossa mãe sem sentir profundo respeito; e em relação a eles, a veemência áspera deve ceder lugar à brandura. Paulo, em Efésios 6.1-3, aconselha: “Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa), para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra.”

O Senhor Nosso Deus, por sua graça, compartilha com o homem a honra de Pai a Ele devida, e por isso nos concede a condição de sermos pais e mães, embora Ele seja o único Pai de forma absoluta. Por isso, ao nos voltarmos contra nosso pai ou contra nossa mãe, mostramo-nos inimigos de Deus, pois Ele os coloca – como se efetivamente estivessem – em Seu divino lugar. A desobediência aos pais é uma negação do próprio homem, que é a imagem e semelhança de Deus.

Filhos cheios do Espírito revelam a sua condição espiritual no relacionamento com seus pais, amando, obedecendo e honrando-os no Senhor. A autoridade dos pais passa previamente pela submissão ao nosso Soberano Pai Celeste, e obviamente a fidelidade dos filhos a Deus tem a primazia num eventual conflito de obediência. E no caso de pais que não agem conforme as instruções bíblicas, sendo relapsos e incrédulos, é vontade do Senhor que os filhos, apesar disto, sirvam àqueles que os colocaram nesta vida.

Calvino explica o significado de honrar os pais: “Que os filhos sejam humildes e obedientes a seus pais, os honrem e reverenciem; que com seus próprios trabalhos lhes ajudem em suas necessidades, e que estejam a seu mandado, como são a eles obrigados.” E acrescenta: “Pouco importa que sejam dignos ou indignos de receber esta honra, pois, sejam o que sejam, o Senhor nos deu por pai e mãe e deseja que lhes honremos.” Devemos ter em mente que todos nós estamos sujeitos à Lei de Deus: maridos, esposas, pais e filhos.

O tratamento digno e respeitoso que conferimos a nossos pais é uma evidência da nossa comunhão com o Espírito (Colossenses 3.20). Esta obediência no Senhor é justa diante de Deus e, na obediência fiel a Deus, somos abençoados por Ele.

Soberano Deus, pela ação do Teu Santo Espírito, em Tua infinita graça e misericórdia, capacite-nos cada vez mais a honrar-Te por meio de nosso amor e dedicação a nossos pais e a nossos filhos. Em nome de Teu Filho Amado agradecidos oramos. Amém.

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Vida Cristã

“Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus. Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor. E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito”, ensina o apóstolo Paulo em sua carta aos Efésios 5.15-17.

Nesta passagem ele nos mostra que uma das características da sabedoria cristã é a maneira responsável de viver. Devemos lidar com a vida com a sabedoria de quem conhece a Deus e a Sua verdade. Quem vive com sabedoria é prudente. Na nossa atitude como cristãos, significa consultar ao Senhor em oração antes de agir, de modo a ter a certeza de que aquilo que se pretende fazer glorificará o nome de Deus. Aquele que vive com sabedoria procura usar bem o tempo. O que significa remir o tempo? Significa tirar o maior proveito possível do tempo disponível, pois quatro coisas não voltam jamais: a pedra lançada; a palavra, bem ou mal proferida; a ocasião perdida; o tempo, bem ou mal empregado.

Por isso, um dos maiores cuidados que deveríamos ter na vida é com o tempo. Primeiro, porque a vida é curta; segundo, porque nunca mais viveremos esta vida; terceiro, porque o tempo é uma dádiva de Deus que nos coloca diante de inúmeras possibilidades; quarto, porque o tempo é irrecuperável.

John Stott no seu comentário sobre a carta aos Efésios diz o seguinte: “alguém colocou, um anúncio certa vez da seguinte forma: ‘perdidas, ontem, nalgum lugar entre o nascer e o por do sol, duas horas de ouro, cada uma cravejada com sessenta minutos de diamante. Nenhuma recompensa é oferecida, pois foram-se para sempre’.”
Paulo afirma que os dias são tão difíceis que precisamos ser sábios para aproveitar as oportunidades que Deus, pela sua graça, nos concede em meio ao caos que já predominava no primeiro século, e que na  presente era é incomparavelmente maior. E Deus costuma nos dar a cada dia inúmeras oportunidades: falarmos de Jesus, buscarmos reconciliação com alguém, crescermos espiritualmente, buscarmos a Sua face, serví-lO, são alguns exemplos. Mas alguém já disse que a oportunidade bate, mas você tem de abrir a porta.

Costuma-se dizer que Deus tem duas espécies de vontade para as nossas vidas.

A primeira é chamada de vontade geral, que diz respeito àquilo que Ele deseja que o Seu povo seja e faça. Esta vontade pode ser conhecida através da Bíblia, que é a Sua palavra. Faz parte desta vontade viver para a glória do Seu nome, amá-lO com todo o nosso ser, amar ao próximo como a nós mesmos.

A segunda é chamada de vontade específica, que tem a ver com o plano individual que Ele tem para cada um de nós. Esta vontade tem relação com a escolha da profissão, do cônjuge, do ministério na igreja, com a cidade onde vamos morar. Ela não é encontrada na Bíblia, mas a Palavra de Deus nos dá os parâmetros seguros, as direções certas para as nossas escolhas e decisões.

A vida normal do cristão é uma vida cheia do Espírito. Quando estamos cheios do Espírito Santo nos apegamos à Palavra e o Espírito é quem ilumina e a aplica em nossas vidas. E, ao contrário do que alguns pensam, não são necessárias regras litúrgicas, manifestações exteriores de êxtase ou de emoção para revelarmos estar cheios do Espírito. Ser cheio do Espírito Santo é ser cheio de Cristo e permanecer nele (João 15.1-17). Ser cheio do Espírito tem uma dupla significação: Cristo, que veio salvar o perdido pelo poder do Espírito, produzirá através de nós – como resultado – almas ganhas para o Senhor (João 15.16; Mateus 4.19), e à medida que o Espírito nos controla, amadurecemos em Cristo e o fruto do Espírito se tornará cada vez mais evidente em nossas vidas (Gálatas 5.22,23).

Concomitantemente, a Palavra de Deus se tornará mais significativa para nós, e ela é a base do nosso crescimento espiritual (Colossenses 3.16).

Em um lar que pretenda viver na plenitude do Espírito Santo, o que deve presidir a relação do casal é o amor de Deus através do Espírito, espargindo-se entre marido e esposa em terno clima de cumplicidade, parceria, mútua sujeição e amor, daí irradiando para todos os que os cercam.

Deus amado, que nunca nos falte o Teu amor e o agir do Teu Santo Espírito em nossas vidas. Cheios d’Ele, que saibamos a cada passo que damos, obedecer-Te, louvar-Te, adorar-Te, glorificar-Te. No nome do Teu Filho Jesus é que oramos e agradecemos. Amém.

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Quem Casa Quer Deus

“Quem casa quer casa”, ensina o dito popular. E aqueles que estão planejando casar, muitas vezes têm como preocupação prioritária a busca do seu cantinho, da casa ou apartamento onde irão viver aconchegados e felizes.

E qual é o lugar que Deus ocupa nesta união?

Jesus ordena em Marcos 10.9: “Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem.” Ora, se Deus é quem une, como pode não ser Ele a prioridade um de um casamento?

É também comum a apropriação indevida das palavras do Senhor Jesus, e a aplicação delas a todos os casamentos indistinta e automaticamente: casou é porque Deus uniu! É preciso compreender o caráter profundamente espiritual daquela ordenança e a quem foi direcionada: o Senhor falava a seus escolhidos, e as verdades de Deus aplicam-se exclusivamente àqueles que procuram viver segundo os Seus princípios – e santidade, pureza, confiança, temor, amor, fruto do Espírito, são alguns deles.

O casamento para ser santo e duradouro, necessita  que Deus seja o seu centro, pois Ele estabeleceu a união homem-mulher com o objetivo único de receber toda a honra e toda a glória! É imprescindível, portanto, a obediência a todos os princípios e regras definidos na Bíblia para a união conjugal:  o lar consagrado a Deus; a leitura da Bíblia em conjunto; a devocional e a oração familiar; o sacrificar com jejuns de comum acordo; o culto familiar; o ensino bíblico aos filhos.

Mas, por melhores pessoas que sejam ambos, marido e mulher, sempre existirão imperfeições, afinal, somos humanos e  sujeitos ao pecado. Trata-se de duas pessoas com personalidades e formações diferentes, que estão unidas pelo Senhor e pelo amor que sentem um pelo outro, no entanto as divergências são naturais. Como contorná-las?  É nestes momentos que é necessária a auto-negação, o sentar e conversar como santos, abertamente e na unção do Espírito Santo. Em 1 Pedro 4.8, o apóstolo ensina: “Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados.”.

E Paulo aconselha em Efésios 4.32: “Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou.”

Os corações dos dois precisam ser humildes, compassivos, benignos e devem estar sempre prontos a perdoar, à semelhança do Senhor Jesus para conosco.  Assim agindo, sejam quais forem os desafios a enfrentar – quer venham de fora, quer se originem no interior do próprio lar – terão sempre o condão de serem motivadores do crescimento espiritual da família, e nunca de desagregadores.

E quanto às questões da família relacionadas com o que é material – especialmente relativo às financas – que são o grande problema nos dias de hoje? O Salmo 127.2 ensina: “Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeastes; aos seus amados ele o dá enquanto dormem.”

E Jesus, em Mateus 6.33, nos ensina: “buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”

Por isso devemos priorizar o Reino de Deus, acima de quaisquer preocupações de ordem material.

No entanto, isto não significa que devamos abolir tais cuidados, uma vez que ainda somos matéria também, e responsáveis perante Deus por nossos corpos físicos, que Ele nos concedeu para que deles cuidássemos e bem usássemos para a Sua honra e para a Sua glória!

Pai Bendito, que as pessoas compreendam que casamento sem a Tua presença soberana, sem que Tu sejas o centro, tem poucas chances de prosperar; que união fora dos mandamentos que deixaste, é afronta a Ti. Assim, que haja humildade, e o reconhecimento pleno de que sem Ti, nada podemos. Agradecidos oramos no nome de Jesus. Amém.

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