junho 2010

Cooperação

Deus criou o homem como ser gregário, que precisa viver em grupo, cooperando com seus semelhantes. Mas a sociedade pós-moderna vive hoje o que os especialistas chamam de “era do individualismo”. Envolvidas por esse momento – que traz consigo o culto ao egocentrismo – as pessoas estão cada vez menos engajadas em causas que buscam o bem comum e se afastam, portanto, cada vez mais do papel para o qual o Senhor as criou.

Se Deus criou o homem como ser gregário, quanto mais a nós cristãos chamou – no exercício de um ministério da Sua obra – para estarmos em cooperação com nossos irmãos, igualmente por Ele chamados. Não podemos ser pretensiosos a ponto de acharmos que seríamos convocados pelo Senhor isoladamente, por sermos melhores ou mais capacitados que outros, embora Ele nos coloque nos lugares que deseja visando o uso daqueles dons com os quais nos dotou. Mas temos que ter em mente que o uso daqueles dons é sempre para a Sua glória, nunca para a nossa vã promoção e auto-afirmação pessoal. Nunca somos, definitivamente, o melhor, e muito menos o último biscoito do pacote. O apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 16.16, nos exorta: “que também vos sujeiteis a esses tais, como também a todo aquele que é cooperador e obreiro.”

Às vezes não é fácil trabalhar em equipe, mas não podemos nos esquecer o motivo de estarmos envolvidos naquilo para o que fomos arregimentados: a glória de Deus e a construção do Seu reino. Por isso precisamos ser tolerantes e compreensivos, amando-nos uns aos outros, como Paulo ensina em Colossenses 3.13: “Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós;”

Deus claramente nos vê como membros de uma verdadeira equipe de filhos Seus, convocados para disputar infindas, e por vezes renhidas lutas contra o mal que impera no mundo, imerso como sabemos, em um mar de vorazes e ativos discípulos de satanás, prontos a cooptar-nos para que passemos a fazer parte da equipe das trevas.

E o apóstolo, chamando nossa atenção para a responsabilidade perante Aquele que nos chamou, novamente nos conclama em 2 Coríntios 8.23: “E nós, na qualidade de cooperadores com ele, também vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus”.

Em tempos de copa do mundo de futebol, é interessante observarmos a analogia que pode ser feita entre a nossa atuação em nossos ministérios na igreja e o papel que cada jogador desempenha em sua equipe. Assim como cada membro da sua equipe nacional foi convocado e tem funções e responsabilidades próprias da posição em que atua, nós também; da mesma forma como nenhum jogador pode dispensar a valiosa cooperação de seus companheiros de equipe, se quiser ser bem sucedido, também nós precisamos estar conscientes de que sós nada podemos. E tal como numa equipe de futebol, quanto mais “afinados”, entrosados, atuando como “por música” uns com os outros, como dizem alguns experts do assunto, melhores resultados obteremos. Agora, se algum “craque” decide jogar para a torcida, pensando só em aparecer, esquecendo sua condição de membro do grupo, todo o time padece. É fundamental que nos encorajemos mutuamente, nos apoiemos e trabalhemos juntos, como o apóstolo João afirma em 3 João 8: “para nos tornarmos cooperadores da verdade.”

Irmãos, pertencemos à Equipe da Luz, e não podemos perder de vista que o tempo todo estamos batalhando contra o time das trevas, que é equipe perseverante, “encardida”, extremamente devotada a seu líder máximo, que é o inimigo de Deus e nosso.

O modelo da igreja primitiva, conforme descrito no livro de Atos, ainda deve ser um modelo para nós hoje em dia, se quisermos realmente estar firmes para transpor as últimas situações pelas quais deveremos passar, antes de nos encontrarmos com Jesus. Infelizmente, a cada dia que passa, vemos que as indispensáveis condições de unidade, companheirismo, generosidade, amor mútuo, cooperação, estão cada vez em menor evidência em na vida de irmãos na fé, dando lugar aos perniciosos e deletérios individualismo, egoísmo, a não edificação e a falta de consideração e de respeito pelo próximo.

Nunca percamos o foco do porque de nossa abençoada chamada por nosso Deus, lembrando o que Paulo nos diz em Efésios 4.15,16: “Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor.

Que o Senhor nosso Deus nos conceda a graça de o Seu amor infindo permear-nos sempre, para que sejamos fontes a espargir este amor a todos que nos cercam, especialmente sobre aqueles com quem devemos cooperar. Assim agradecidos oramos no nome de Jesus. Amém.

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Dons

Nosso Deus, maravilhoso Criador, dotou-nos a todos de pelo menos um dom para O servirmos. E a propósito disto o apóstolo Paulo em 1 Corintios 7.7 escreve, referindo-se especificamente à questão do casamento, porém com aplicabilidade geral: “Quero que todos os homens sejam tais como também eu sou; no entanto, cada um tem de Deus o seu próprio dom; um, na verdade, de um modo; outro, de outro.”

E em Efésios 4.7-8 afirma: “E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de Cristo. Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens.”

E o apóstolo ainda em Efésios 4, mas agora nos versos 13-16 ensina que os remidos devem crescer “…à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo“.  Isso ocorre “…seguindo a verdade em amor…“, para que “…cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo“. Desta forma, o corpo, que é a Igreja de Cristo, deve estar total e organicamente integrado – com seus membros dedicados cada um à função que recebeu de Deus para ser desempenhada por meio dos dons graciosamente recebidos – a fim de contribuir para a edificação do todo.

O ideal de Deus é que o corpo funcione como uma equipe altamente “afinada”, “em amor”, cada um guardando sua posição e atuando para o conjunto, e não visando se destacar individualmente.

O apóstolo Pedro em sua primeira carta, capítulo 4, verso 10, ensina: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.”

Esta vida sobre a face da terra é extremamente curta, por isso não podemos – especialmente no seio da igreja – almejar fazer o que outros fazem, imaginando: “ah, gostaria de cantar como fulano!” Ou, “se tivesse a capacidade de falar em público de beltrano!” Ou ainda, “como desejaria orar em voz alta como sicrano!” Amados, Deus nos concedeu o dom ou os dons que Lhe aprouve, porque Ele tem planos para nós que não podemos, na nossa pequenez, pretender conhecer, como o profeta registra em Isaias 55.8,9.

Paulo, em Efésios 4.11 afirma: “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo .

Mas se nem todos podemos pretender ser apóstolos, profetas, pastores e mestres, todos devemos ser discípulos e evangelistas. Sempre há alguém para ajudarmos, compartilhando com ele o que sabemos sobre a vontade de Deus. Falemos todos a Sua verdade em amor, para que cresçamos n’Ele, que é o cabeça da Igreja (Efésios 5.23) .

A obra da redenção não termina até que todos não mais sejam “meninos, agitados de um lado para outro“, por qualquer “vento de doutrina” ou “artimanha” (Efésios 4.11-16 e 1 Tessalonicenses 5.12-15). 

Nem mesmo Paulo era ainda “perfeito”,  porém, deixando as coisas passadas, empenhava-se em seguir adiante em direção  ao alvo para obter o prêmio (Filipenses 3.12-14). O alvo é atingir a “medida da estatura da plenitude de Cristo“; o prêmio é o que Cristo realizará, transformando “o nosso corpo de humilhação para ser igual ao corpo da sua glória” (Filipenses 3.21).

Cada um dos dons de Cristo destina-se a esse objetivo, por isso devemos fazer uso deles para o nosso próprio crescimento espiritual e para auxiliar outras pessoas.
Uma das grandes diferenças entre a filosofia capitalista prevalecente no mundo e a filosofia cristã, é com relação àquilo que recebemos: no primeiro enfoque, a filosofia é a do tipo “o que é meu, é meu”. O que eu ganho vai para pagar minhas dívidas, vai para comprar coisas para mim ou vai para minha caderneta de poupança. Nada mais justo dentro da ótica capitalista, onde o consumo e o acúmulo de capital (poupança) são as principais regras do jogo.

Enquanto isso, a filosofia cristã trata da questão de forma exatamente oposta: a Palavra de Deus não apenas nos orienta a compartilhar, como também nos mostra as bênçãos do altruísmo.

De acordo com os princípios do capitalismo, quando damos algo a alguém ficamos mais pobres (a menos que se receba algo em troca). No cristianismo não é assim: ao recebermos um dom de Deus, seja ele material ou espiritual, quando o usamos em benefício de outrem, não ficamos mais pobres, pelo contrário, nos enriquecemos. Esta verdade é ilustrada pelo episódio da multiplicação de alimentos, registrado em Mateus 14.19: “Tendo mandado às multidões que se reclinassem sobre a relva, tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, os abençoou; e partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos às multidões.” Jesus deu o alimento aos discípulos, e eles poderiam ter comido, mas isso impediria a multiplicação. O milagre de Jesus ocorreu também através das mãos altruístas de Seus discípulos, que ofertaram ao povo aquilo que haviam acabado de receber.

Irmãos, nós podemos multiplicar ou anular os dons de Deus, dependendo do que fizermos com aquilo que recebemos. Precisamos compartilhar os dons que Deus nos dá!

A falta de fé diante do jovem possesso (Marcos 9.17-29), a ingenuidade e a cegueira diante do anúncio de Jesus quanto a sua morte (Marcos 10.32-34) e a incrível capacidade de se disputar o maior lugar no Reino (Marcos 10.35-45), é própria não somente dos discípulos da época, mas de todos os discípulos de todas as épocas, inclusive de nós mesmos. A receita de Jesus é simples e direta: para ser grande é preciso ser o menor de todos!

Temos que considerar os outros superiores a nós mesmos, sem levar em conta credo, cor ou classe social, jamais sendo arrogantes e pretendendo ser donos da verdade, não fazendo distinção por causa de dons ou talentos, antes encarando nosso dom ou nossos dons com grandes humildade e responsabilidade, pois “àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido” (Mateus 12.48).

E Paulo, em 1 Coríntios 4.7 questiona: “Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido?

Que o Senhor nosso Deus nos capacite para que usemos responsavelmente os dons com os quais Ele nos dotou, conscientizando-nos de que se os temos, é para serem voltados exclusivamente para a Sua honra e para a Sua glória. E que nunca desmereçamos os ministérios alheios, pretendendo ser o nosso o mais importante. Em nome de Cristo Jesus agradecemos e oramos. Amém.

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O Lar Cristão

“Certo dia o Senhor Deus disse a Abrão: Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa do seu pai e vá para uma terra que eu lhe mostrarei.” (Gênesis 12.1 – Bíblia de Estudo NTLH).

Fé é uma expressão essencial do amor a Deus. Ocorre-me então uma pergunta perturbadora: amamos verdadeiramente ao Senhor? Todos os crentes sem dúvida afirmam que amam a Deus, e isto significa obedecermos a Ele em todos os Seus mandamentos e ordenanças. Mas será que estaríamos dispostos – como Abrão – a obedecer a Ele, e deixar nossa parentela e ir em direção a uma terra distante, sem saber exatamente onde e por quê? E será que estaríamos prontos a sacrificar – ainda como Abrão – com nossas próprias mãos, nosso único e tão esperado filho, atendendo a uma ordem Sua? Ou será que, como Davi, nos disporíamos a enfrentar, em luta mortal, um gigante de mais de 3,00 metros de altura para defendê-lO? E como Daniel, será que estaríamos prontos a morrer para não transigir em nossa fé?

Claro, podemos argumentar: mas eu não sou um destes vultos bíblicos tão importantes que Deus escolheu para servir de exemplo para a posteridade, um herói da fé, uma figura rara, sou apenas uma pessoa comum! Mas será que não estamos esquecendo que Deus nos elegeu antes da fundação do mundo para sermos Seus? E que Ele tem um propósito para cada um de nós? E que nos ordenou em Mateus 28.19: “Ide, portanto, e fazei discípulos de todas as nações”? E que o mundo não é composto exclusivamente por moradores de terras distantes, mas está representado também por familiares, por amigos, por vizinhos, por clientes, por conhecidos e desconhecidos? E que a cada dia encontramos novas pessoas que Deus talvez tenha nos enviado para sermos instrumentos Seus para promover salvação? Será que em tudo estamos fazendo a Sua soberana vontade? Não precisaremos, por certo, matar um gigante, ou quem sabe irmos ao Afeganistão pregar, porém se olharmos para o lado sempre veremos pessoas que precisam de nós, de uma palavra, de um agasalho, de uma ajuda financeira. E assim Ele nos dá o tempo todo oportunidades de obedecer à Sua vontade, isto é, de demonstrar nosso amor a Ele, e não há melhor forma de fazê-lo do que através de e com nossa família.

O lar cristão deve ser fundamentalmente um lar missionário, uma agência missionária, um farol de intensa luz em meio à escuridão deste mundo, agindo em duplo sentido: abrindo suas portas para acolher pessoas para compor a família de Deus, e indo portas afora para alcançar aqueles que não O conhecem.

O lar cristão deve ser um canal de bênçãos de duplo sentido, não apenas recebendo-as, mas também fazendo-as fluir para fora do âmbito familiar. E ao franquear suas portas para receber um grupo familiar de estudos bíblicos e de oração, o lar missionário amplia poderosamente sua ação, pelo efeito multiplicador que este ministério representa. Trata-se então de estender a família de sangue para transformá-la também em família da fé, em família de Deus, pois Ele tem um propósito especial para a família cristã no seu plano missionário para o mundo, desde a chamada de Abrão.

O lar missionário foi constituído por Deus para abençoar o mundo, tanto com a vida de seus membros, quanto com a intercessão contínua em favor do trabalho missionário que Deus está desenvolvendo nos diversos campos do mundo, por meio daqueles cristãos que Ele mesmo convocou, e que conduziu para glorificar o Seu nome entre as nações, pelo testemunho e proclamação de Jesus Cristo.

Muito mais do que pessoas que vivem juntas sob o mesmo teto, uma família cristã é um grupo de sacerdotes de Deus, portadores de um propósito especial d’Ele com relação ao mundo, e o culto doméstico se constitui num excelente instrumento para exercer o chamado para ser uma bênção. É um privilégio da família que ama, que teme e que serve ao Senhor em seu lar, como a Bíblia registra na afirmativa categórica de Josué, no capítulo 24, verso 15 de seu livro: Eu e a minha casa serviremos ao Senhor.

Além de reforçar valores bíblicos e cristãos, de promover a unidade e a compreensão familiar, de ser um valioso aprendizado sobre Deus e com Deus, o culto doméstico também pode se tornar uma experiência missionária significativa. Há farto material missionário disponível para o uso da família em seus momentos devocionais: periódicos denominacionais relatam as  atividades e pedidos de oração dos missionários, revistas publicam material inspirativo e informativo dos campos e a internet veicula diariamente pedidos de oração em favor do trabalho missionário pelo mundo. Mas um dos aspectos mais extraordinários da vida devocional vivida em família, são as oportunidades de perceber a manifestação divina nas respostas às orações.

Se realmente cremos no que Tiago 5.16  afirma de que “Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo, muito mais a oração de uma família comprometida com Deus e com a Sua obra terá efeito em favor da difusão do evangelho pelo mundo.

Da mesma maneira como o primeiro campo missionário dos pais cristãos deve ser o seu próprio lar, o primeiro santuário de uma família cristã deve ser a sua casa, um lugar santo onde Deus habita, lugar de encontro com Ele, morada de sacerdotes do Senhor e onde se pratica diariamente a intercessão pelo mundo perdido e pelos agentes que Deus designou para a sua transformação.

Senhor, Deus e Pai, que possamos amá-lO como Tu esperas que façamos, e que nosso lar – em que o Cristo será tudo em todos – configure-se como um oásis de paz e de amor em meio ao árido deserto que é este mundo. Em nome de Jesus. Amém.

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