dezembro 2012

Sofrimento? Para Que Serve? (2)

A partir da Queda, boa parte do sofrimento e do mal no mundo pode ser explicada direta ou indiretamente pela maldade humana, por nossa rebelião contra Deus. Em Gênesis 3, a cooptação do homem pelo maligno tornou-nos cúmplices de todo o mal moral que há na terra. Quando – tentados por satanás – nos levantamos contra Deus, sua presença maligna invadiu todos os aspectos da personalidade humana – física, mental, emocional, espiritual e relacional – e com isto cadaREAD MORE

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Sofrimento? Para Que Serve? (1)

O sofrimento acompanha o ser humano desde o nascimento até à morte. O ato de nascer já envolve, segundo os especialistas, vários tipos de dores: as distensões musculares em praticamente todos os músculos do corpo do bebê são doloridas; a penetração do oxigênio nos pulmões provoca uma dor profunda; os ouvidos se abrem para receber as vibraçõesREAD MORE

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O Que Vai Ser Quando Crescer?

Por Luiz Augusto Lima Junior

Não lembro muito bem que idade eu tinha quando ouvi pela primeira vez a pergunta sobre o que eu queria ser quando crescesse. Lembro-me, no entanto, que eu costumava responder: “químico, astrônomo e cientista maluco”. Alguns retrucavam dizendo que eu só podia ser uma coisa. Já outros – mais sensíveis – me encorajavam a ser químico e astrônomo. Acabei me tornando um “cientista” (ou “professor-pesquisador”, se preferir) e, de fato, gosto do que faço.

Há muitos que já se desencantaram com os seus sonhos de criança. Talvez porque os alcançaram (e os sonhos já não têm o mesmo brilho) ou porque simplesmente a “vida” os conduziu para outros lugares, onde jamais imaginariam estar. Na realidade, quanto mais avançamos em dias, mais difícil se torna encantar-se com algo que absorva nossa atenção, encha os nossos horizontes e ao qual canalizamos o melhor das nossas energias. Salomão, no livro do Eclesiastes, diz que fez tudo o que um homem na sua posição pode fazer para se satisfazer: vinho, grandes obras, casas, campos, empregados, rebanhos, ouro e prata e entretenimento. Ele chega a dizer que “tudo quanto desejaram os [meus] olhos, não lhes neguei” (Ec 2:10a). Supreendentemente, a constatação do Pregador depois de tudo isso é de que “tudo foi inútil e foi correr atrás do vento” (Ec 2:11b).

A conclusão a que se chega é que as nossas ambições pessoais, por mais nobres (ou exóticas!) que sejam, mais cedo ou mais tarde, perderão o seu brilho e o seu encanto, pois não há nada em toda a Criação que possa satisfazer plenamente o coração humano. O Criador é o único infinitamente grande e maravilhoso para nos encantar por toda a eternidade. A vida eterna é conhecê-lo, maravilhar-se e se surpreender com a infinita beleza de seu ser que é amor. Por esta razão, Jesus, no Sermão do Monte, nos chama a um fascinante projeto de vida. Ele nos fala da ambição mais nobre e empolgante que o ser humano pode experimentar:

“Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas.” (Mt 6:33)

Nesta passagem, Jesus coloca em oposição aquilo que os não-cristãos buscam e o que os cristãos deveriam buscar em primeiro lugar. O que buscamos é aquilo que consideramos como o maior bem ao qual devotamos nossas vidas. Nossa busca é a nossa ambição, nossa obsessão, nosso sonho de criança. Jesus reduz, em última instância, as opções a apenas duas. Não-cristãos são obcecados com o bem-estar material (comida, bebida, roupa e habitação), enquanto cristãos deveriam estar preocupados sobretudo com o reino e a justiça de Deus e com a sua difusão pelo mundo. Enquanto os não-cristãos se mostram loucos por se preocuparem primordialmente com coisas passageiras, os filhos de Deus devem sabiamente investir em valores eternos.

Neste trecho de Mateus 6:25-33, Jesus começa com uma negativa. Três vezes ele repete a sua proibição de preocupar-se com coisas materiais. E aqui vale dizer que ele não nos proíbe de pensar nessas coisas, nem de pensar com precaução, mas sim nos exorta rejeitar o pensamento ansioso. Pois ansiedade é incompatível com a fé cristã. Se Deus já toma conta de nossa vida e do nosso corpo, não deveríamos confiar que Ele cuidará de nós com o alimento e vestuário de que necessitamos? Da mesma forma, se Deus alimenta os passarinhos e veste os lírios, não podemos confiar que Ele nos alimentará e nos vestirá? Ele sabe do que precisamos. Ele é o nosso Pai. Podemos ficar em paz.

Ao mesmo tempo, não podemos entender equivocadamente o ensino de Jesus. Em primeiro lugar, confiança em Deus não nos isenta de trabalhar para ganharmos o nosso sustento. Os passarinhos nos ensinam esta lição. Pois como Deus os alimenta? Não se alimentam as aves do céu por si mesmas? Obviamente, Jesus sabia que Deus as alimenta indiretamente provendo no seu ambiente o sustento do qual necessitam. Em segundo lugar, confiança em Deus não nos torna imunes a calamidades. É verdade que nenhum pardal cairá por terra sem a permissão do Pai. Mas pardais caem. Assim como seres humanos. Assim como aviões.

Por isso, ao invés de nos preocuparmos primeiramente com coisas materiais, Jesus nos encoraja a buscar em primeiro lugar o reinado de Deus e a justiça de Deus. Buscar o Reino de Deus é proclamar Jesus como Rei e se submeter à sua autoridade e senhorio. Buscar a justiça de Deus é lembrar-se de que o Senhor ama a justiça e odeia o mal. Assim, em toda a sociedade humana, justiça agrada mais a Deus do que injustiça, liberdade mais que opressão, paz mais que guerra e violência. Nesta dupla ambição, vemos combinadas as nossas responsabilidades evangelísticas (querer que as pessoas se submetam a Jesus) e sociais (querer que aquilo que agrada a Deus caracterize a nossa sociedade), e a glória de Deus se torna nossa suprema ambição na vida.

Ao buscarmos o Reino em primeiro lugar, o Rei nos enriquecerá a jornada trazendo o sentido, o encantamento e o senso de realização pessoal que tanto buscamos.

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