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FILHOS DA LUZ

Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração, os quais, tendo-se tornado insensíveis, se entregaram à dissolução para, com avidez, cometerem toda sorte de impureza. Mas não foi assim que aprendestes a Cristo, se é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus, no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.

Nesta passagem memorável da carta aos Efésios 4.17-24, Paulo faz um apelo eloquente aos membros da Igreja de Éfeso para que assumam uma conduta balizada por um novo padrão moral, condizente com a sua condição de cristãos. Pela autoridade que lhe tinha sido conferida pelo Senhor e por inspiração divina, exorta-os a que se dispam de todos os valores da sua vida anterior quando viviam apartados da fé, como quem se desveste de um traje imundo e passem agora a cobrir-se com as puras, excelsas e imaculadas virtudes de Jesus Cristo.

Porque o apóstolo enxergava o mundo afastado de Cristo como uma terra mergulhada em degradação, ignorância e maldade, com as pessoas afetadas por graves enfermidades de caráter dessa forma explicitadas:

“… na vaidade dos seus próprios pensamentos…”, vivendo vidas vazias, sem qualquer propósito ou objetivo elevado, jamais produzindo o bem, e apesar da atividade incessante, sem obter progresso real ao negligenciarem os verdadeiros e eternos valores da vida, porque eram egocentrados e vaidosos, com comportamentos voltados para si próprios, e assim insensíveis às necessidades alheias;

“… obscurecidos de entendimento…”, cegos, muitas vezes guias de cegos, vivendo em um mundo sombrio, incapazes de discernir as verdades espirituais, rejeitando o conhecimento do verdadeiro Deus e com isto expondo-se voluntariamente ao juízo eterno vindouro inexorável e terrível para aqueles que se colocam como Seus opositores;

“… alheios à vida de Deus…”, como todos o ímpios, afastados a uma imensa distância da verdade e da vida, imersos em profunda e persistente ignorância das coisas de Deus, profundamente duros de coração, repudiaram a luz do Senhor concebida por Ele desde a criação, optando por se voltarem à idolatria e às coisas das trevas;

“… tendo-se tornado insensíveis, se entregaram à dissolução…”, eram despudorados, desavergonhados, sórdidos, total e conscientemente entregues à depravação, a formas desprezíveis de comportamento, e seu pecado mais comum era a imoralidade sexual. Descendo a níveis inimagináveis de degradação moral, nunca estavam satisfeitos, pois seu pecado reiterado produzia um apetite insaciável que nunca podia ser aplacado;

Mas não foi assim que aprendestes a Cristo, acusa Paulo, chamando-lhes, no entanto, a atenção para o fato de que agora que conheciam a Cristo e passaram a amá-Lo, podiam aquilatar como Seus valores eram infinitamente mais elevados, pois nEle não havia pecado, Ele jamais transgredira, porque era a personificação cabal, última, irretocável e humanamente inalcançável de pureza!

“… se é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus…”, enfatiza o apóstolo afirmando que aqueles que O conheceram e que aceitaram Jesus como Senhor e Salvador, podem constatar que Ele simboliza a essência máxima da santidade e da pureza, e que quando temos um relacionamento pessoal com Jesus, toda verdade assume um caráter igualmente santo e puro.  E Jesus não apenas ensina a verdade; Ele é a verdade em forma humana, como declarou em João 14.6: “… Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.

“… quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano…”, mostra Paulo que tudo o que cada um era antes de converter-se, agindo como escravo de sua natureza corrupta e corruptora, pronta a sucumbir a desejos ilusórios e condenáveis, se de início pareciam agradáveis, por fim revelaram-se horríveis e decepcionantes. Por isso, o crente precisa sempre ter em mente que seu velho homem foi crucificado e enterrado com Cristo, e que, portanto, trata-se de uma natureza morta e sepultada para sempre;

“… e vos renoveis no espírito do vosso entendimento…”, indica que a nossa conversão necessariamente deve trazer consigo a modificação completa, total, na maneira de pensarmos, transformando-nos de seres impuros a santos, a pessoas separadas por Deus para o serviço cristão, e então passamos a raciocinar segundo os princípios divinos e não mais de acordo como os vis desejos mundanos;

“… e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade, explicita no que nos transformamos pelo agir poderoso, irresistível de Jesus, então somos nova criação, as coisas velhas estão ultrapassadas e tudo se fez novo, como Paulo ensina em 2 Coríntios 5.17: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas”.

Há uma lamentável tendência natural humana de viver de forma autossuficiente, seguindo por caminhos próprios marcadamente carnais, distantes do que é verdadeiramente espiritual e, portanto, afastados de Deus. Impera no homem incrédulo um certo orgulho intelectual e um pensamento meramente racional que impedem a aceitação e a compreensão das verdades do Evangelho de Cristo, que costumam considerar uma loucura, um desvario, uma fraqueza, algo próprio de pessoas fanáticas que vivem fora da realidade.

Não conseguem perceber que o mundo a que estão habituados confortavelmente a viver “… jaz no maligno…”, como aponta 1 João 5.19 e que, portanto, encontram-se apartados de Cristo, por isso perdidos nesta vida e, principalmente, inabilitados para a vida eterna. E mesmo quando têm a oportunidade de acesso à verdade do Evangelho, agem como aquele homem retratado por Jesus na parábola do semeador em Mateus 13.22, “… que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera.

Deve existir, portanto, uma diferença abissal entre o cristão e o incrédulo, demonstrada claramente pela maneira como cada um vive. Por este motivo Paulo em Efésios 5.8 exorta àqueles que se converteram e que agora são seguidores de Cristo, para que abandonem de vez a vida passada de pecado: Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz…”.

A vida cristã é uma ação continuada, longa, incessante, perseverante de busca por assemelhação a Cristo, numa sequência contínua e interminável de atitudes, pensamentos e decisões que respondem à conhecida questão: o que faria Cristo em meu lugar?  Porque, embora ao entregarmos nossa vida a Ele tenhamos recebido uma nova natureza, não adquirimos automaticamente todos os pensamentos e atitudes condizentes com a nossa nova condição, e isto deve ser buscado dia após dia com grande pertinácia e devotamento.

Por este motivo é necessário nos mantermos em estudo permanente do Evangelho, procurando conhecer cada vez mais a vontade de Deus, orando sem cessar, – como Paulo recomenda em 1 Tessalonicenses 5.17, – obedecendo em tudo ao Senhor, e adorando-O e louvando-O a cada dia, a cada momento, em toda e qualquer circunstância e lugar, pois só assim estaremos crescendo na fé, em santificação prática e assim andando como verdadeiros filhos da luz!

Pai Bendito, Tu és a nossa luz e a nossa salvação, por isso nada tememos, contudo rogamos-Te que Teu Santo Espírito continue nos guiando pelas veredas tortuosas da vida na terra, fortalecendo-nos a fé e jamais permitindo que nos desviemos dos Teus santos caminhos. Tu nos consideras em Tua Palavra (1 Ts 5.5), que somos “… filhos da luz…”, e esta é uma bênção inominável à qual desejamos fazer jus, mas para isto dependemos desesperadamente de Ti, do Teu amor, do Teu poder, da Tua graça e da Tua misericórdia. Assiste-nos, pois, Senhor, em nossa miserabilidade tão grande e aceita esta oração que fazemos em nome de Jesus, com nossos corações inundados de gratidão. Amém.

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SERVO

O ex-presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, certa vez realizou uma visita surpresa para servir o jantar de Ação de Graças aos soldados americanos combatentes no exterior, mostrando que um bom líder deve, antes de mais nada, ser um bom servo para produzir o fruto do espírito e desta forma exaltar a Palavra de Deus.

 

Há pessoas que têm o desejo genuíno de servir ao próximo, mas para algumas, no entanto, servir significa investir em si próprias, como aconteceu quando Jesus ensinava Seus discípulos em Mateus 20.20-28. Esta passagem registra uma manifestação de surpreendente mundanidade por parte dos discípulos que pode até nos espantar porque, se após a ressurreição de Jesus tornaram-se pessoas altamente espiritualizadas, naquele momento ainda engatinhavam no aprendizado sobre Jesus e Sua sublime missão:

 

Então, se chegou a ele a mulher de Zebedeu, com seus filhos, e, adorando-o, pediu-lhe um favor. Perguntou-lhe ele: Que queres? Ela respondeu: Manda que, no teu reino, estes meus dois filhos se assentem, um à tua direita, e o outro à tua esquerda. Mas Jesus respondeu: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu estou para beber? Responderam-lhe: Podemos. Então, lhes disse: Bebereis o meu cálice; mas o assentar-se à minha direita e à minha esquerda não me compete concedê-lo; é, porém, para aqueles a quem está preparado por meu Pai. Ora, ouvindo isto os dez, indignaram-se contra os dois irmãos. Então, Jesus, chamando-os, disse: Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”.

 

A ambição mundana dos discípulos aqui fica evidente, mas há uma diferença reveladora entre o que registram os Evangelhos de Mateus e de Marcos; enquanto no primeiro quem se aproxima de Jesus é a mãe, em Marcos 10.35-45 são os próprios João e Tiago que O buscam para fazerem a solicitação. Segundo alguns teólogos a razão desta diferença é que o Evangelho de Marcos havia sido escrito entre os anos 50-60, enquanto que o de Mateus entre 60-70, quando os discípulos já haviam sido envoltos por uma auréola de santidade, e Mateus não desejava mostrar João e Tiago movidos por um anseio veemente de mundanidade, então coloca o pedido na boca da mãe deles.

 

Esta passagem também mostra alguns aspectos importantes sobre os discípulos. Além de tocar na questão do forte desejo de poder que os fazia almejar superioridade, recompensa e distinção egocêntrica, pensavam em termos de sucesso pessoal antes de considerar o sacrifício correspondente, pedindo que Jesus através de um mandato divino lhes concedesse uma condição que só é possível alcançar por meio do serviço humilde e despojado de interesses personalistas.

 

Mas se isso representou uma falha em sua conduta, existem outros aspectos nesta passagem que demonstram cabalmente a fé insuperável que tinham em Jesus: observemos que o pedido foi feito após uma série de declarações do Mestre em especial quanto à predição de Sua morte e ressurreição, o que por certo trazia entre os discípulos um clima misto de consternação e tragédia. Mas, apesar disso, criam firmemente no Reino e jamais cogitaram em uma derrota final de Jesus, e mesmo quando tudo parecia desabar à sua volta, nunca abandonaram a certeza da vitória divina, mantendo um otimismo inabalável que deve ser a todo tempo de todos os cristãos em todas as eras.

 

É notável também observar a Sua lealdade inabalável que fazia com que, apesar de que haviam sido informados de que cada um deveria levar a sua própria cruz, uma vez que havia à frente um cálice amargo a ser sorvido, em momento algum cogitaram recuar, prontos a sofrer com Jesus para com Ele triunfar. O que era este cálice? Para Tiago, o primeiro apóstolo que morreu como mártir, foi o martírio relatado em Atos 2.2; quando a João, a tradição relata que viveu até idade avançada em Éfeso onde morreu com quase cem anos. Seu cálice foi a disciplina e a luta constantes próprias da vida cristã ao longo de muito anos. Isto mostra que o cálice que todos devemos sorver nem sempre significa a luta árdua, amarga do martírio, mas que pode ser representado pela longa rotina de uma vida cristã plena de desafios, lutas e sacrifícios diários, em meio a tristezas, desânimo e desesperanças que se sucedem. Beber o cálice é seguir a Jesus onde quer que Ele nos conduza, fazendo o que Ele determinar, e buscando sempre ser como Ele, não importam as circunstâncias.

 

Mas esta passagem também evidencia a bondade, a misericórdia de Jesus que nunca se zangava ou se impacientava com os Seus discípulos, por mais néscios, teimosos e egoístas que fossem, procurando sempre dirigi-los, ensiná-los e corrigi-los com amor, generosidade e tolerância.

 

Além disso, torna patente a honestidade do Senhor, que jamais encobriu a realidade de que tinha à frente uma taça amarga para beber, não permitindo que ninguém decidisse segui-Lo iludido com falsas promessas e perspectivas enganosas, ao contrário, revelando sempre o terrível preço que haveria de pagar para servir aos homens, compartilhando isso com Seus discípulos.

 

Apesar de tudo, Jesus confiava nos Seus, nunca duvidando de que João e Tiago continuariam leais, não obstante suas pretensões imaturas, sua falta de visão e conduta equivocada. Ele jamais manifestou qualquer tendência de descartá-los, certo de que continuariam a Seu lado, prontos a compartilhar com Ele todos os sofrimentos que teria de enfrentar.

 

Entretanto, a ambiciosa pretensão de João e Tiago contrariou os demais discípulos, que não aceitavam aquela tentativa de buscar privilégios exclusivos, apesar do parentesco que os ligava ao Mestre. Mas Jesus conhecia seus pensamentos, e por isso lhes dirigiu as palavras que constituem-se no próprio fundamento da fé cristã, mostrando-lhes que, se no mundo quem tem autoridade sobre os outros é servido porque é considerado grande, entre os cristãos o que outorga grandeza é o serviço, por isso aquele deseja estar em primeiro lugar é o servo dos demais. Em outras palavras, o cristianismo trouxe uma revolução de valores: ser grande não é ordenar que outros façam coisas para nós, e sim fazer coisas para os outros, e quanto maior for o serviço, maior será honra. Então Jesus lhes revela que Ele mesmo não veio para ser servido, mas sim para servir e morrer em sacrifício para salvar a muitos.

 

A propósito disso, William Barclay, eminente escritor cristão, respeitado comentarista bíblico, teólogo, pastor da Igreja da Escócia e professor da Universidade de Glasgow, certa vez ponderou: “Aquele que queira encontrar a Deus deve visitar a cela do cárcere antes de ir à igreja; antes de ir ao templo, visite o hospital; antes de ler a Bíblia, ajude ao mendigo.”

 

Enquanto o mundo considera grande alguém que tem domínio sobre muitas pessoas que obedecem às suas ordens, ou desfruta de notáveis prestígio intelectual e eminência acadêmica, ou possui enorme conta bancária e muitos bens materiais, para Jesus estas coisas são totalmente desimportantes, e o que realmente conta é a quantidade de pessoas que esse alguém ajudou, amparou e socorreu em momentos de necessidade.

 

O maravilhoso exemplo de Jesus fala por si próprio, e o que Ele pede de Seus seguidores é que façam o mesmo: Ele não veio para ser servido, mas para servir, não veio para sentar em um trono e sim para ser pregado em uma cruz, por isso Sua sublime passagem na terra pode ser resumida por Sua própria majestosa afirmativa: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.”

 

Pai Bendito, concede-nos a graça de servir, capacita-nos para tanto, Senhor, e mesmo que as nossas qualidades sejam tão limitadas, como de fato são, que todas estejam à disposição de Cristo para usá-las segundo o Seu propósito soberano e perfeito. Faze-nos, Senhor, vasos de bênção que levem a mensagem do amor infindo de Jesus a tantos que dEle carecem, faze-nos, pois, servos bons e fiéis, servos operosos e dignos de serem considerados instrumentos poderosos na construção do Teu Reino Eterno. Assim oramos no nome santo de Jesus Cristo, nosso Salvador e Redentor. Amém.

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REGRA ÁUREA

Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas. Mateus 7.12 (ARA)

 

 

 

 

Vários pensadores antigos já haviam instruído seus seguidores a não fazerem aos outros aquilo que eles não gostariam que fosse feito a si próprios, mas Jesus foi além, e assim foi o único a expressar esta célebre Regra Áurea em seu sentido positivo, ensinando que somos obrigados, sim, a fazer a outrem o que gostaríamos que fosse feito a nós. Por isso neste dia não deixemos apenas de fazer o mal, mas por força do amor nos dediquemos a perdoar como queremos ser perdoados, reconheçamos como queremos ser reconhecidos, ajudemos como queremos ser ajudados, compreendamos como queremos ser compreendidos!

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