outubro 2021

BOM SENSO OU SABEDORIA?

Conta uma antiga lenda judaica que um rabino, ao ser procurado por um discípulo que lhe disse estar se dedicando ao estudo da sabedoria grega, disse: “Meu filho, nossa missão é meditar de dia e de noite na Palavra de Deus. Se quer estudar qualquer outra coisa, faça-o num tempo que não seja nem de dia nem de noite!” A suposta sabedoria do mundo, no entanto, ao longo das eras tem atraído como um ímã a muitas pessoas, e hoje em dia até a muitos crentes que a consideram a máxima expressão do que chamam de “bom senso”, relegando a um plano secundário a insuperável sabedoria que emana da Palavra de Deus.

 

Segundo a Bíblia, sabedoria é muito mais que mero bom senso, é a forma de encarar a vida sob o enfoque, a orientação e o controle de Deus, e assim discernir as decisões corretas a tomar, sempre segundo a perspectiva divina e na busca de fazer a Sua vontade perfeita. Podemos então afirmar que o bom senso é humano, terreal, enquanto que a legítima sabedoria é divina, porque provém da única, incorruptível e eterna fonte de toda a sapiência que é Deus, e sem margem a qualquer dúvida, é comprovadamente absoluta e totalmente sensata, correta, abrangente e cabal em todos os seus aspectos, no tempo e no espaço.

 

Segundo a narrativa registrada em 1 Crônicas no capítulo 21, intitulada O Recenseamento Pecaminoso de Davi, quando o rei decidiu fazer o censo do povo contrariando o conselho de Joabe, seu comandante do exército – estava demonstrando que naquela circunstância confiava apenas no número de soldados de que dispunha, – o que, embora numa visão superficial não aparentasse ser uma atitude intrinsecamente errada, até podendo parecer sensata sob a limitada e falha ótica humana – na verdade tinha por trás a ação traiçoeira de satanás, que instigou-o a assumir uma atitude divorciada e contrária à vontade de Deus, como relata o verso 1: “Então, Satanás se levantou contra Israel e incitou a Davi a levantar o censo de Israel”. Vemos então a reação de Deus no verso 7: “Tudo isto desagradou a Deus, pelo que feriu a Israel”. Foi então que Davi se deu conta do terrível erro que havia cometido, confessando arrependido no verso 8: “Então, disse Davi a Deus: Muito pequei em fazer tal coisa; porém, agora, peço-te que perdoes a iniquidade de teu servo, porque procedi mui loucamente.”

 

À primeira vista Davi estava usando de bom senso, pois que general não precisa antecipadamente saber com que efetivo pode contar para ir à guerra? No entanto, não estava sendo sábio, pois o autêntico sábio confia no poder de Deus e sabe que a verdadeira sabedoria não é humana, mas provém do alto, como Salomão ensina em Provérbios 2.6-7: “Porque o Senhor dá a sabedoria, e da sua boca vem a inteligência e o entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos; é escudo para os que caminham na sinceridade”, e em Eclesiastes 2.26, “Porque Deus dá sabedoria, conhecimento e prazer ao homem que lhe agrada”. Portanto, é inequívoco considerar que só poderemos desfrutar da verdadeira sabedoria se estivermos com Deus, agradando-O pela nossa obediência a tudo o que Ele aprova!

 

Quando Jonas resolveu fugir de Deus para não ir a Nínive pregar aos ninivitas para que se arrependessem de seus pecados, – e desta forma desobedecendo frontalmente ao Senhor – pelo enfoque humano estava usando de “bom senso”, afinal o povo da cidade já havia matado vários outros profetas enviados por Deus, e ele por certo não desejava ser mais uma vítima. Mas estava deixando de lado a sabedoria da obediência ao Deus que proclama em Isaías 55.8-9, “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos.”

 

Mas Gideão, exemplo de servo humilde e temente a Deus, com apenas 300 israelitas ao seu lado seguramente não usou de “bom senso” ao decidir enfrentar os 135.000 inimigos midianitas, obedecendo à orientação de Deus e confiando nEle, como está registrado em Juízes 7.7: “Então, disse o Senhor a Gideão: Com estes trezentos homens que lamberam a água eu vos livrarei, e entregarei os midianitas nas tuas mãos; pelo que a outra gente toda que se retire, cada um para o seu lugar.”

 

Hoje em dia algumas pessoas chegam ao cúmulo de afirmar que antes de tomar qualquer decisão precipitada que implique seguir decididamente a Cristo – seja obedecendo ao Ide, seja empreendendo ousadamente algo na obra de Deus que os tire da sua “zona de conforto” – é preciso ter “bom senso”. É claro que é indispensável saber distinguir entre o certo e o errado, entre o verdadeiro e o falso, entre um impulso humano e um chamado divino, mas temos que dar um passo adiante nesta questão, sempre orando e ouvindo o que Deus tem a nos dizer a respeito.

 

É claro também que, se a nossa vida está realmente entregue nas mãos de Deus, o Espírito Santo estará falando aos nossos corações e mostrando-nos a Sua soberana vontade quando é preciso tomar o que talvez para o mundo fosse uma “louca” decisão. Por isso é preciso orar e ouvir a voz do Espírito respondendo ao nosso coração, urge estar atento ao Seu falar, não permitindo que as coisas da carne se interponham nesta comunicação sublime, preciosa e inigualável!

 

Quando o pequeno Davi – certamente instado pelo Espírito Santo – tomou a corajosa decisão de enfrentar desarmado o temível gigante Golias fortemente armado, o “bom senso” não estaria com o rei Saul, que tentou dissuadi-lo de tal “loucura”, ponderando em 1 Samuel 17.33 que “…Contra o filisteu não poderás ir para pelejar com ele; pois tu és ainda moço, e ele, guerreiro desde a sua mocidade”? Porém, no verso 37 Davi responde a Saul com uma profunda demonstração de fé em Deus: “O SENHOR me livrou das garras do leão e das do urso; ele me livrará das mãos deste filisteu”.

 

Quando a rainha Ester decidiu ir em defesa do seu povo, os judeus, que estavam para ser trucidados, enfrentando o rei Assuero e a morte quase certa, estaria ela usando de “bom senso”? E as histórias de Abraão, de Moisés, de João Batista, dos 11 discípulos de Cristo – apenas para citar alguns dos muitos exemplos bíblicos – poderiam ser consideradas exemplos de “bom senso” ou de sabedoria e confiança em Deus?

 

O conhecido pastor e escritor Francis Chan em seu livro Louco Amor, afirma que “Não é a dúvida científica, o ateísmo, o panteísmo ou o agnosticismo que, em nossos dias e na terra, têm mais chance de extinguir a luz do Evangelho. É essa prosperidade orgulhosa, sensual, do egoísta e arrogante, de gente que vai à igreja, mas tem o coração vazio”. Mais adiante completa: “… a igreja é um lugar difícil para se sentir à vontade quando uma pessoa deseja colocar o cristianismo do Novo Testamento em prática. Os objetivos deste cristianismo costumam ser um bom casamento, filhos muito comportados e uma boa frequência na igreja. Levar as palavras de Cristo a sério é coisa rara. Isso é para os “radicais” que estão “fora de sintonia” e “passam dos limites”. A maioria de nós deseja uma vida segura, equilibrada para que possa ser controlada e que não envolva sofrimento. (…) Pessoas mornas tendem a escolher o que é popular e desprezar o que é certo quando estão em conflito. Elas desejam viver bem tanto dentro quanto fora da igreja; se preocupam mais com o que o povo pensa sobre o que elas fazem (como ir à igreja e entregar o dízimo) do que o que Deus pensa de seu coração e de sua vida.”

 

Ao enfrentar as dificuldades da vida não podemos contar apenas com a nossa muitas vezes tosca sabedoria, e se nos faltar o discernimento espiritual quando a provação nos acometer, é preciso buscar em Deus a verdadeira sabedoria, reconhecendo nossa ignorância e precariedade. E não devemos temer a repreensão divina, pois Senhor se agrada quando humildemente nos voltamos a Ele rogando por Sua infinita sapiência com a qual Se compraz em nos socorrer.

 

É dessa forma que Tiago 1.5-8 (NTLH) exorta-nos a que nos esforcemos para receber, pela fé, a sabedoria que vem do alto, da Fonte Suprema: “Mas, se alguém tem falta de sabedoria, peça a Deus, e ele a dará porque é generoso e dá com bondade a todos. Porém peçam com fé e não duvidem de modo nenhum, pois quem duvida é como as ondas do mar, que o vento leva de um lado para o outro. Quem é assim não pense que vai receber alguma coisa do Senhor, pois não tem firmeza e nunca sabe o que deve fazer”.

 

Pai Celeste, sabedores de que não há sabedoria sem bom senso, que nosso suposto bom senso jamais se sobreponha à sabedoria que vem da Tua Palavra e do agir do Teu Santo Espírito em nossas vidas. Dá-nos o discernimento, a força, a coragem e a ousadia para obedecer-Te não importam as circunstâncias, nunca nos portando como Jonas, que achou que poderia deixar de submeter-se às Tuas ordenanças fugindo e escondendo-se de Ti, ou como Davi no episódio do censo, mas sejamos como Gideão que, apesar da enorme disparidade entre a sua pequena tropa e os exércitos inimigos, confiou no Deus invencível que nos dá a vitória sobre todos os nossos adversários. Em nome de Jesus assim oramos com profunda gratidão. Amém.

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VIVER E MORRER

“… para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro.” Filipenses 1.21 (ARA)

 

 

 

Com certeza não haverá cristão que deixe de concordar com esta frase de Paulo. Mas será que o nosso cotidiano revela aos outros tal asserção? O que realmente é prioridade em nossa vida? Se Cristo é tudo para nós, não estaremos então alicerçados na Sua promessa de que todas as demais coisas nos serão acrescentadas? Neste dia façamos uma avaliação sincera e profunda de nossos valores, rogando a Deus que expurgue de nosso âmago tudo o que não provém dEle, e inunde-nos o coração com Cristo Jesus, para que Ele seja a nossa vida, e a morte o ganho incalculável da comunhão plena e eterna com Ele!

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NOSSA MENTE

“Portanto, abandonem a velha natureza de vocês, que fazia com que vocês vivessem uma vida de pecados e que estava sendo destruída pelos seus desejos enganosos. É preciso que o coração e a mente de vocês sejam completamente renovados.” Efésios 4.22-23 (NTLH)

 

 

 

 

O pecado sempre começa com um pensamento desconforme com a Palavra de Deus, contrário à Sua vontade, por isso se as coisas do alto não preencherem nossa mente, se dermos espaço ao diabo, ele tomará conta dela. Paulo, em 2 Coríntios 10.4-5 (Bíblia Viva), ensina:  “ As armas que usamos (…) são poderosas armas de Deus (…). Com estas armas podemos dominar todo pensamento humano para torná-lo obediente a Cristo”. Que hoje estejamos atentos, procurando bem alimentar nossa mente com a oração e o estudo da Palavra, vigiando cuidadosamente tudo o que pensamos e o que sai de nossa boca!

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