fevereiro 2012

A Inauguração do Coliseu

Nos primórdios da nossa era, o imperador Vespasiano confiou a um arquiteto grego a tarefa de construir-lhe um anfiteatro que ultrapassasse em grandeza todos os que existiam naquela época. Esse arquiteto de gênio concebeu o Coliseu de Roma, cujas proporções gigantescas são ainda hoje motivo de admiração.
Conta-se que no dia da sua inauguração, cinquenta mil espectadores estavam aglomerados nas arquibancadas. Envolto na sua toga de cor púrpura, o imperador presidia a cerimônia da tribuna de honra com o arquiteto sentado ao lado dele. A um certo momento levantou-se dizendo: “Caros súditos, o Coliseu está terminado. Estamos aqui para festejar este acontecimento e prestar homenagem ao arquiteto que construiu este esplêndido edifício. Em sua honra, começamos por dedicar alguns cristãos aos leões”.
A porta da arena se abriu para deixar passar um grupo de cristãos que tinha preferido antes morrer que renegar o seu Salvador. Aplausos frenéticos saudaram as palavras do imperador, mas logo que cessaram, o arquiteto levantou-se e, enfrentando o tirano, gritou: “Eu também sou cristão!”
Silenciados pela surpresa, os espectadores se olharam atônitos. Mas logo depois num ímpeto de ódio irrefreável, o povo reclamou a morte daquele que tinha acabado de aclamar, que foi agarrado e lançado na arena. Fiel até à morte, por certo receberá do Senhor, no Dia do Juízo, a coroa da vida, que Jesus prometeu em Apocalipse 2.10: “…Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.”

Fonte: Il Buon Seme, Edizioni Il Messaggero Cristiano

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Galardões (1)

Ester era uma bela jovem desconhecida, pobre órfã vivendo uma vida obscura e anônima, até que Deus a chamou para servi-Lo. E contrariando toda e qualquer lógica ou expectativa, veio a tornar-se a esposa preferida do poderoso rei da Pérsia e instrumento decisivo do Senhor para salvar seu povo, o povo hebreu, ameaçado de covarde massacre. Tudo isto ocorreu há quase 2.500 anos atrás, mas até hoje nos oferece preciosas lições. Apesar desta ascensão social meteórica e READ MORE

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Minha Vida Secreta

Por Roberto Oliveira

Nos últimos tempos ficou muito fácil (e talvez prazeroso) ter uma vida secreta. Os computadores propiciam quase total privacidade. As metrópoles propiciam anonimato. As instituições protegem o sigilo individual, desde bancos a motéis, como direitos constucionais. As liberdades individuais são (e devem ser) defendidas com unhas e dentes pela sociedade democrática e pluralista do ocidente. Desde a promulgação da constituição americana (1787), vivemos a era da felicidade individual, do individualismo narcisista. Narciso não sabia, mas adorava a sua própria face, uma experiência individual privada. Como sabem da mitologia greco-romana, esta experiência foi tão forte e determinante para ele que definhou e morreu contemplando a sua própria face refletida nas águas de um poço.

Com isto, podemos ser e fazer coisas sem o conhecimento público, sem prestar contas a ninguém: só eu sei e controlo. Isto permite cultivar vários tipos de desejos interiores que podem se perpetrar em ações ou ficar somente no campo das fantasias. Estes prazeres individuais podem tomar dimensões enormes, e vir a mover nossa vida tanto para o bem como para o mal. Podemos cultivar prazeres secretos de tal forma que vivemos ansiosos por desfrutá-los como um vício.

À medida que você lê esta megatendência da individualidade secreta, já pode perceber que estamos diante de uma realidade tentadora de vivermos um personagem externo e outro interno. Como diz psicólogo cristão suíço Paul Tournier, um “personagem e uma persona”. Como é de se imaginar, isto pode criar uma dicotomia perigosa, onde o personagem externo é amoldado a expectativas do meio, enquanto a persona interna se desvia a todo o tipo de fantasias, ambições, lascívias e luxúrias, criando um conflito pessoal enorme.

Perfeito entendedor da natureza humana, Jesus se referiu à vida secreta de maneira positiva: falando de oração, ele recomenda que nos recolhamos na individualidade privada do nosso quarto, fechemos a porta, oremos “a seu Pai, que está em secreto”. A surpresa desta narrativa é que “o seu Pai, que vê em secreto, o recompensará” (Mateus 6:6), isto é – Ele tem acesso completo ao nosso secreto – tudo o que na intimidade pensamos, imaginamos, fantasiamos e sentimos. Que delícia!

Também entendedor da fraqueza humana, Jesus também se refere ao lado negativo desta possível dicotomia, quando vergasta os fariseus chamando-os de “sepulcros caiados” – por fora muito ajeitados, pintados, bonitos, mas por dentro cheios de matéria em decomposição e ossos (Mateus 23:27). Aí está um perigo que se tornou maior nos últimos tempos – uma completa desarmonia entre o secreto e o social, o privado e o externo, a persona e o personagem. Isto representa a miséria humana carregada de falência, mentira e dissimulação. É a tentação do século.

Reconhecendo esta incrivelmente atrativa tendência à hipocrisia, o filósofo e teólogo Agostinho (354 a 430 DC) no norte da África pregava do púlpito os seus pecados, e os confessava públicamente. Sua maior obra, “Confissões” era justamente a busca da harmonização da vida secreta com a pública, e se tornou um clássico tanto da teologia cristã como da literatura mundial. Se algum pastor fizesse isto hoje, talvez o conselho se reunisse e o despedisse. Mas ele o fez ousadamente, e a muitos inspirou a revelar o interior lascivo de tal forma a tratá-lo como objeto da graça incondicional de Deus.

O que Deus deseja é integridade no íntimo. Depois que Davi deu asas a seus desejos íntimos – adulterando com Bate-Seba e matando seu esposo – confrontado pelo profeta Natã, chegou a esta verdade revolucionária, expressa em belo Salmo de confissão: “Eis que desejas que a verdade esteja no íntimo; faze-me, pois, conhecer a sabedoria no secreto da minha alma” (Salmo 51:6). Esta é uma verdade revolucionária porque é o mais íntimo, mais pessoal e mais secreto que revela a força da vida de uma pessoa. Íntimo integro, muita força. Íntimo dissonante, fraqueza.

É por isto que Davi nesta experiência grita com toda veemência e fervor: “Purifica-me com hissôpo (planta medicinal da família das Labíadas, que era usada para purificar os leprosos), e ficarei puro. Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova dentro de mim um espírito estável (Salmo 51:7,10).

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