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Aquela senhora tinha vindo da cidade para visitar sua prima que vivia na zona rural e certo dia viajavam numa charrete no meio de densa floresta quando anoiteceu. Não havia luar, só algumas estrelas, e em pouco tempo ficou impossível enxergar a estrada. A moradora da cidade ficou um pouco assustada pensando que estavam perdidas, mas sua prima do interior não parecia nem um pouco preocupada. Ela parou o cavalo, pisou no chão, caminhou um pouquinho ali por perto e voltou, dizendo que havia encontrado a estrada.

 

De volta à charrete, continuaram a jornada. Enquanto prosseguiam, a moradora da cidade observou, pela fraca luz das estrelas, que sua companheira, em vez de olhar para o chão, agora olhava para cima. “Por que você está olhando para cima? A estrada está aqui embaixo”, questionou a senhora. “Porque só assim posso me orientar”, explicou a prima. “Numa noite como esta é impossível ver o caminho, mas olhando para cima eu posso saber para onde vamos, ao enxergar as estrelas pela clareira das árvores.”

 

Coisa semelhante acontece conosco enquanto seguimos pelos caminhos da vida. Há ocasiões em que as provações e as perplexidades nos cercam, tornando a escuridão tão densa e impenetrável como a de uma floresta em noite sem luar. É nessas ocasiões que muitos se perdem, mas não nos esqueçamos de que lá em cima existe luz. A verdadeira luz, a luz da glória de Deus, que um dia – na Nova Jerusalém – tornará dispensáveis a luz do sol e da lua. Para Deus “… as trevas e a luz são a mesma coisa”, disse Davi no Salmo 139.12. O Senhor vê tudo quando nós não conseguimos enxergar nada. Mesmo quando brilha o sol e tudo parece claro e iluminado, devemos sempre ter os olhos fixos no alto, de onde Deus governa, pois nenhum caminho é seguro se não for Ele o nosso guia.

 

Pequena palavra monossílaba composta por apenas duas letras, aparentemente despretensiosa, frágil e limitada, a conjunção condicional se é dotada de grande autoridade: pode apontar para um sucesso ou um fracasso, para um bem ou um mal, para uma vitória ou uma derrota de grandes proporções.

 

Na Bíblia ela aparece com frequência, sempre associada a uma condição sine qua non, sempre divina e indispensável para fazermos a vontade do Pai, como no Antigo Testamento, quando Deus disse a Salomão em 1 Reis 6.12-13: “Quanto a esta casa que tu edificas, se andares nos meus estatutos, e executares os meus juízos, e guardares todos os meus mandamentos, andando neles, cumprirei para contigo a minha palavra, a qual falei a Davi, teu pai. E habitarei no meio dos filhos de Israel e não desampararei o meu povo”. Seria possível esperar que o Senhor estivesse ao lado dos israelitas caso eles não seguissem as leis de Deus? Não!

 

É assim que em Deuteronômio 11.13-15,22-28, nosso Deus justo, longânimo e compassivo diz que iria abençoar os israelitas com abundância de todas as coisas boas, se O amassem e O servissem com total devoção: Se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje vos ordeno, de amar o SENHOR, vosso Deus, e de o servir de todo o vosso coração e de toda a vossa alma, darei as chuvas da vossa terra a seu tempo, as primeiras e as últimas, para que recolhais o vosso cereal, e o vosso vinho, e o vosso azeite. Darei erva no vosso campo aos vossos gados, e comereis e vos fartareis. Porque, se diligentemente guardardes todos estes mandamentos que vos ordeno para os guardardes, amando o SENHOR, vosso Deus, andando em todos os seus caminhos, e a ele vos achegardes, o SENHOR desapossará todas estas nações, e possuireis nações maiores e mais poderosas do que vós. Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, desde o deserto, desde o Líbano, desde o rio, o rio Eufrates, até ao mar ocidental, será vosso. Ninguém vos poderá resistir; o SENHOR, vosso Deus, porá sobre toda terra que pisardes o vosso terror e o vosso temor, como já vos tem dito. Eis que, hoje, eu ponho diante de vós a bênção e a maldição: a bênção, quando cumprirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que hoje vos ordeno; a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, mas vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes”.

 

No Novo Testamento, apenas como exemplo, observemos o que Jesus afirma no Evangelho de João. Em 14.15, Ele condiciona: Se me amais, guardareis os meus mandamentos”. Pode alguém amar a Jesus e ao mesmo tempo desprezar Seus mandamentos? Obviamente não; em 15.7: Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito“. É possível estar apartado de Jesus, a videira verdadeira, e frutificar? Impossível; e em 15.14: “Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando”. Se porventura não obedecemos ao Nosso Senhor e Salvador, estaremos demonstrando o amor, a confiança e a devoção que Ele deseja que Lhe dediquemos?  Claramente não.

 

O livro de Números comprova que sem andar pela fé, sem confiar e esperar pelo cumprimento das promessas de Deus, não é possível ao Seu povo avançar de forma objetiva, direta e “econômica”, tal como aconteceu no deserto, onde o percurso do Sinai a Canaã, que poderia ter sido realizado em algumas semanas, na verdade precisou de 39 anos para completar-se.

 

Chegando à fronteira de Canaã, o Senhor ordenou aos israelitas, em Números 13.1, que fossem observar secretamente a terra, enviando-os do deserto de Parã para fazer o reconhecimento. Ainda seguindo as determinações de Deus, foi escolhido um grupo de doze – um representante de cada tribo de Israel – para que fizessem o levantamento geográfico e social completo de toda a área. Depois de 40 dias, voltando a Cades, confirmaram tudo o que Deus lhes havia dito sobre as maravilhas da Terra Prometida. No entanto relataram – de acordo com o versículo 28 – uma coisa que os deixou muito preocupados: O povo, porém, que habita nessa terra é poderoso, e as cidades, mui grandes e fortificadas; também vimos ali os filhos de Anaque”. Isto é, os espias, com exceção de Calebe e Josué, fixaram sua atenção somente nas dificuldades com que teriam de se defrontar, fazendo pouco caso daquilo que o Senhor havia ordenado a Moisés no versículo 2: Envia homens que espiem a terra de Canaã, que eu hei de dar aos filhos de Israel…”.

 

Então o povo, contaminado pelo negativismo, ficou muito desanimado, e apesar de Calebe e Josué continuarem a exortá-los, confiando no que Deus havia prometido, eles se recusaram a dar ouvidos a eles. Na verdade, o povo israelita não queria Canaã, nem tampouco Moisés, o que fica claro em Números 14.3. O que desejavam era voltar à escravidão no Egito onde se sentiam seguros, porque tomar posse da Terra Prometida significava ter de enfrentar muitos desafios, entre eles os homens gigantes, os Anaques. No fundo não acreditavam no que Deus prometera. Ao invés de fixarem-se no foco vertical, espiritual, preferiam ater-se ao horizontal, ao que era visível, ao carnal, ao humano. Contudo, antes que critiquemos aquele povo incréu, voltemos nosso olhar para nós próprios.

 

Se estivéssemos entre aqueles doze, teríamos ficado com Calebe e Josué, ou com os outros dez e a maioria do povo? Se tivéssemos visto aqueles temíveis gigantes armados até os dentes e suas poderosas cidades fortificadas, nossa fé seria tão forte a ponto de esquecermos estes detalhes visíveis, e creríamos efetivamente no invisível, nas promessas do Senhor, e iríamos destemidamente atacar aquele povo ímpio, como era a determinação divina?

 

Quantas vezes decidimos dar ouvidos ao nosso próprio ego ou a alguém, ou à sabedoria do mundo, ao invés de escutarmos a Deus? Se fizermos uma retrospectiva de nossas vidas, por certo constataremos que todas as vezes em que deixamos de enfrentar nossos gigantes, desobedecendo a Deus, nos custou caro. E então nos vemos em nossos desertos, mergulhados no sofrimento físico, emocional e espiritual, além da perda de saúde, de família, de dinheiro e gerando um desperdício de tempo às vezes até maior do que os quase 40 anos que custaram ao povo de Israel.

 

Nossos gigantes também podem ser chamados de medo, de timidez, de falta de fé, de comodismo, de necessidade de transformação pessoal, de egoísmo, pois afinal ser ovelha do rebanho, fazer o que todo o mundo faz e continuar fazendo o que sempre fizemos parece muito mais seguro, não é verdade? Esquecemos apenas que nosso rebanho só tem esperança de salvação se estiver sendo guiado pelo Excelso Pastor, Cristo Jesus, nosso Único Guia confiável, aquele que verdadeiramente nos ama e sem temor, mas com muito amor, sacrificou-se por nós ao altíssimo custo de Sua própria vida.

 

Se somos verdadeiros cristãos, se cremos na Palavra de Deus e no agir do Espírito Santo em nós, devemos aguardar confiantes o cumprimento da maravilhosa e reconfortante promessa feita aos crentes de todas as nações, tribos, povos e línguas em Apocalipse 7.17:  pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima.”

 

Pai Onipotente, perdoa nossos pecados, nossas desobediências, nossas afrontas a Ti, e fortalece-nos na fé para que o nosso foco em Ti seja inabalável, e assim tenhamos sempre nos corações o registro indelével de Tuas promessas de satisfação final de toda a fome e de toda a sede de nossas almas, e então ajamos confiados nelas e agradecidos por elas. Ó Pastor Divino, guia-nos às fontes de água viva, seca de nossos olhos toda a lágrima, provê todo o alimento de que necessitamos e o consolo para os nossos corações. É por Cristo Jesus, o pão da vida que assim oramos agradecidos. Amém.

 

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