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FRAGILIDADE

A história nos mostra que de tempos em tempos a humanidade tem sido exposta a situações desafiadoras, e repentinamente se vê colocada face a face com tragédias, cataclismos, guerras, desastres das mais diversas origens e dimensões, que Deus permite que enfrentemos para que aprendamos algo que deseja que mantenhamos sempre presente em nossas mentes e corações: o quanto dependemos dEle.

E, se examinarmos detidamente a nossa própria vida, por certo concluiremos que sem Ele nada poderíamos ter feito em diversos momentos e circunstâncias que fugiam completamente do nosso controle, e então somos forçados a concordar com as diversas passagens bíblicas que tão claramente expõem a nossa total dependência de Deus, como Provérbios 3.5-6, que nos exorta: Confia no SENHOR de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas.

A grave crise que se instalou no mundo há alguns meses paradoxalmente, entre diversas outras contribuições, veio para nos lembrar de quão frágeis nós somos, sujeitos que estamos a ser afetados a qualquer momento por acidentes, doenças, agressões, fraudes, injustiças, fenômenos meteorológicos, instabilidades sociais e econômicas, e até sermos contagiados e cairmos seriamente prostrados por seres microscópicos invisíveis aos olhos, como atualmente nos vemos gravemente ameaçados pelo coronavírus Covid-19.

Somos passageiros desta nave espacial gigante chamada Terra, que navega pelo espaço sideral, atualmente transportando mais de 7 bilhões de seres humanos, além de uma incontável quantidade de animais e plantas, e foi criada e é dirigida por Deus em Cristo, que Paulo na sua carta aos Colossenses 1.15-16 ensina ser “… a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele.

Mas Deus nos criou para o louvor da Sua glória (Efésios 1.1-12), porque nos ama e tem bênçãos incontáveis para nós, e por isso, se cremos nEle nada temos a temer, pois Ele nos assegura em Jeremias 29.11-14: Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais. Então, me invocareis, passareis a orar a mim, e eu vos ouvirei. Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração. Serei achado de vós, diz o SENHOR, e farei mudar a vossa sorte…”.

Davi é o nosso exemplo de homem dedicado ao louvor a Deus e tinha no coração o desejo sincero de segui-Lo e de fazer a Sua vontade, acima de qualquer outra coisa no mundo. Apesar de sua humanidade, de seus pecados e erros de diversos tipos, o que faz dele uma referência para nós é a consagração total de sua vida ao Senhor, a sua capacidade de prostrar-se no pó do arrependimento e da humilhação, e a sua disposição de pedir o perdão de Deus quando errava, demonstrando que ser dedicado não significa ser perfeito.

Um das manifestações mais marcantes de louvor a Deus que Davi nos legou está no Salmo 8, em que celebra a glória divina, enaltecendo a majestade do nome do Senhor e descrevendo a exaltação, por parte dEle, da humilde e frágil humanidade:

Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome! Pois expuseste nos céus a tua majestade. Da boca de pequeninos e crianças de peito suscitaste força, por causa dos teus adversários, para fazeres emudecer o inimigo e o vingador. Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem, que dele te lembres? E o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste. Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste: ovelhas e bois, todos, e também os animais do campo; as aves do céu, e os peixes do mar, e tudo o que percorre as sendas dos mares. Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome!

Davi neste hino de louvor expressa toda a sua admiração pela majestade de Deus e por Sua infinita bondade para conosco; canta a Sua sabedoria ao usar os fracos para derrotar os ímpios poderosos e soberbos; reflete sobre a pequenez do homem diante do universo material infindo; medita sobre o fato de que, não obstante a fragilidade humana manifestada por esta assimetria descomunal, lembra-se do homem e concede-lhe imenso favor especial, a ponto de confiar a criaturas tão vis, desprezíveis e indignas o domínio da Sua maravilhosa criação; e, por fim, conclui enaltecendo e dando graças pelo grandioso poder de Deus e por Sua prodigiosa glória que inundam toda a terra.

Ao refletirmos sobre esta maravilhosa condição com que Deus nos galardoou por Sua graça sem limites, que nossos corações se inflamem de amor por Ele, e assim sejamos concitados à prática da piedade que O agrada, entendida como Calvino a define ao registrar em suas Institutas que: “A verdadeira piedade consiste em um sentimento sincero de quem ama a Deus como Pai, ao mesmo tempo em que O teme e O reverencia como Senhor, aceita a Sua justiça e teme ofendê-Lo mais do que teme a morte”.

Podemos então afirmar que o exercício da piedade é fonte de fortaleza para o cristão, na medida em que o beneficia pela aproximação com a essência de todo o poder do universo, o Deus Todo-Poderoso que o criou, assim propiciando um maior grau de comunhão com Ele, e é neste sentido que Paulo estimula seu discípulo Timóteo, na primeira carta escrita a ele, capítulo 4, versos 7 e 8: “… Exercita-te, pessoalmente, na piedade. Pois (…) a piedade para tudo é proveitosa, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser”.

Quando contemplamos a grandiosa criação de Deus nos sentimos pequenos e débeis, e se por um lado essa é uma forma saudável de nos atermos à realidade, o Senhor por certo não deseja que vivamos concentrados em nossa pequenez, mas sim que tenhamos por Sua Onipotência e Infinitude humilde reverência, gratidão permanente e admiração profunda, mas não sintamos desprezo e não desvalorizemos a nós mesmos, “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2.10).

A fragilidade que sentimos deve provir do reconhecimento da extraordinária grandeza de Deus que nos torna totalmente dependentes dEle e nos coloca à Sua mercê amorosa, bondosa e santa que traz a segurança inamovível de que Ele cuida de nós e provê tudo o que necessitamos, guardando-nos de todo mal. Portanto, podemos como Davi no Salmo 26.1 rogar ao Pai com a certeza de sermos atendidos: “Faze-me justiça, Senhor, pois tenho andado na minha integridade  e confio no Senhor, sem vacilar.”

Mas, acima de tudo, nossa fragilidade deve nos motivar e mover decididamente para seguir a Jesus, em tudo obedecendo ao Seu ensino, conscientes de que só nEle podemos encontrar o caminho para o Pai, a verdade suprema e a vida eterna; e consideremos também a crucial necessidade que temos dEle, o sólido fundamento para esta vida e para a futura, que Ele assegura em João 11.25-26: “…Eu sou a ressurreição e a vida. Quem que crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim, não morrerá eternamente.”

Paulo, na passagem de 2 Coríntios 12.1-10, nos proporciona bela lição de humildade ao narrar as visões  e revelações recebidas do Senhor, que poderiam, para alguém menos imbuído dos valores cristãos, ser objeto de vanglória e vaidade, mas que para ele foram objeto de reverência e assombro. Entretanto, nós não podemos deixar de nos maravilhar com o seu relato nos versos 1 a 4: “Se é necessário que me glorie, ainda que não convém, passarei às visões e revelações do Senhor. Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos, foi arrebatado até ao terceiro céu, se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe. E sei que o tal homem, se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe, foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, as quais não é lícito ao homem referir”.

O apóstolo poderia gloriar-se de várias experiências extraordinárias que havia experimentado, mas preferia gloriar-se nas suas fragilidades, modestamente não as associando a si próprio, preferindo relatá-las de forma impessoal, porém verdadeira, como se acontecida a outra pessoa, como discorre nos versos 5 e 6: “De tal coisa me gloriarei; não, porém, de mim mesmo, salvo nas minhas fraquezas. Pois, se eu vier a gloriar-me, não serei néscio, porque direi a verdade; mas abstenho-me para que ninguém se preocupe comigo mais do que em mim vê ou de mim ouve”.

Depois da glória, sobrevém a Paulo a dor do aguilhão na carne que não se sabe de que se tratava, pois ao longo dos tempos se aventaram diversas possibilidades sem que se tenha chegado a uma conclusão. Mas Paulo orou a Deus para que retirasse o aguilhão de seu corpo, o Senhor não lhe tirou o mal, mas deu a ele forças para suportar a dor – como tantas vezes faz conosco – e esta é uma grande demonstração da fortaleza divina, pela graça, superando a fragilidade humana, assim relatada nos versos 7 e 8: “E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo”.

Pelos padrões humanos seria extremamente difícil sentir prazer quando nos percebemos fracos, quando somos injuriados, quando padecemos necessidades, ao sofrermos perseguições, ao sentirmos angústias – a não ser que seja por amor de Cristo. Ao perseverar na Sua causa inefável de proclamação do Evangelho, é mister estarmos preparados para suportar afrontas que via de regra não toleraríamos. É quando estamos conscientes de nossa fragilidade que nos tornamos mais dependentes do poder de Deus, e então a Ele nos entregamos em cabal sujeição para que Seu poder inaudito nos preencha e nos tornemos verdadeiramente fortes, como Paulo confidencia no verso 10: “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte”.

Senhor amado e bendito, por nós mesmos somos frágeis como folhas secas jogadas de um lado a outro pelos vendavais da vida, mas em Jesus somos fortes como rochas, somos mais que vencedores, somos invencíveis, e quando olhamos para Ele passamos a confiar e ter a esperança que supera toda a dúvida e temor tão presentes em nossos corações nestes dias maus, pois Ele cuida de nós, renova nossas forças e nos conduz no caminho que devemos seguir. No Seu Santo Nome assim oramos agradecidos. Amém.

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O SENHORIO DE JESUS

“Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?”. Lucas 6.46 (ARA)

Jesus Cristo é o Nosso Senhor, o que significa que Ele é o nosso Mestre, a cuja vontade precisamos nos submeter sem hesitar, porque pertencemos a Ele, o que Lhe confere completa autoridade sobre nós. Nesse dia convém que reflitamos sobre a coerência do senhorio de Jesus em nossa vida: será que O nominamos Senhor e por consequência Lhe obedecemos fielmente, como é de se esperar de quem tem por Ele verdadeiros amor e fé? E será que O chamamos de O Pão da Vida e dEle nos alimentamos todos os dias, de A Verdade e cremos integralmente na Sua Palavra, de O Caminho e andamos sempre por Suas veredas?

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GRATIDÃO E SAÚDE

“… E sejam agradecidos”. Colossenses 3.15 (NVI)

Algum dia conseguiremos ser suficientemente gratos a Deus, reconhecendo não só as bênçãos já recebidas, como também as prometidas? Muitos pensam que um espírito de gratidão deriva das circunstâncias da vida, porém Paulo mostra que trata-se de uma graça da nova vida em Cristo que devemos aperfeiçoar no dia a dia para termos saúde espiritual – o que a Bíblia ensina há longo tempo. E seus efeitos vão além: estudos científicos têm constatado que a gratidão é essencial para a saúde física, mas a ingratidão, a ansiedade, a depressão, ao lado dos hábitos de se queixar, reclamar e condenar, são extremamente deletérios!

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