Se…

,

Se…

O quarto livro da Bíblia – Números – relata o período de tempo decorrido entre a saída de Israel do Egito e a chegada a Canaã, incluindo a sinuosa jornada de 39 anos, do Sinai – onde chegaram exatamente um ano após a partida do Egito – até Cades-Barnéia, passando por vários lugares no deserto. Números comprova que sem andar pela fé, sem confiar e esperar pelo cumprimento das promessas de Deus, não é possível ao Seu povo avançar de forma objetiva, direta e “econômica”, tal como aconteceu no deserto, onde um percurso que poderia ter sido realizado em algumas semanas, na verdade precisou de 39 anos para cumprir-se.

Chegando à fronteira de Canaã, o Senhor ordenou aos israelitas que fossem observar secretamente a terra, enviando-os do deserto de Parã para fazer o reconhecimento (Números 13.1-2). Ainda seguindo as determinações de Deus, foi escolhido um grupo de doze – um representante de cada tribo de Israel – para que fizessem o levantamento geográfico e social completo de toda a área. Depois de 40 dias, voltando a Cades, confirmaram tudo o que Deus lhes havia dito sobre as maravilhas da Terra Prometida. Relataram porém – de acordo com o versículo 28 – uma questão que os preocupava sobremaneira: “O povo, porém, que habita nessa terra é poderoso, e as cidades, mui grandes e fortificadas; também vimos ali os filhos de Anaque.” Os filhos de Anaque  eram uma raça de gigantes que deixaram os espias apavorados! O povo ficou muito desanimado, e apesar de Calebe e Josué continuarem a exortá-los – confiando no que Deus havia prometido – eles se recusaram a dar ouvidos. Na verdade, o povo israelita não queria Canaã, nem tampouco Moisés. O que desejavam era voltar à escravidão no Egito, porque tomar posse da Terra Prometida significava ter de enfrentar os gigantes. No fundo não acreditavam no que Deus prometera. Ao invés de fixarem-se no foco vertical, espiritual, preferiam ater-se ao horizontal, ao que era visível, ao carnal, ao humano. No entanto, antes que critiquemos aquele povo incréu, olhemos para nós próprios.

Quero convidá-los a fazer comigo um sincero e íntimo exercício de imaginação: se estivéssemos entre aqueles doze, teríamos ficado com Calebe e Josué, ou com os outros dez e o populacho? Se houvéramos visto aqueles temíveis gigantes armados até os dentes e suas poderosas cidades intransponíveis, nossa fé seria tão forte a ponto de esquecermos estes detalhes visíveis, e creríamos efetivamente no invisível, nas promessas do Senhor, e iríamos destemidamente atacar aquele povo ímpio, como era a determinação divina?

Imaginem agora que viajamos no tempo em torno de 1.400 anos, e que estamos vivendo na época do ministério terreal de Jesus. Se alguém que não fosse de nossas relações próximas – apesar de conhecido como um rabi respeitável – olhasse para nós um belo dia em que estivéssemos trabalhando, e nos dissesse: “Vinde após mim…”, nós imediatamente obedeceríamos, como fizeram Pedro e André em Mateus 4.19? E se estivéssemos com nossa família, juntos labutando na empresa que nos pertencia, e alguém nos chamasse, “… no mesmo instante…”, sem pestanejar, deixaríamos tudo para segui-lO, a exemplo de Tiago e João em Mateus 4.21? Quem sabe agiríamos como Levi, em Marcos 2.14, e largaríamos de pronto nosso importante cargo público e seguiríamos o Mestre?

Quantas vezes decidimos dar ouvidos ao nosso próprio ego, ou a alguém, ou à sabedoria do mundo, ao invés de escutarmos a Deus? Se fizermos uma retrospectiva de nossas vidas, por certo constataremos que deixar de enfrentar nossos gigantes, desobedecendo a Deus, nos custou caro. E então nos vemos em nossos desertos, mergulhados no sofrimento físico, emocional e espiritual, além da perda de saúde, de família, de dinheiro, e de desperdício de tempo às vezes até maior do que os 40 anos que custaram ao povo de Israel.

Nossos gigantes também podem ser chamados de medo, de timidez, de falta de fé, de comodismo, de necessidade de transformação pessoal, pois afinal ser ovelha do rebanho, fazer o que todo o mundo faz e continuar fazendo o que sempre fizemos é muito mais seguro, não? Esquecemos apenas que nosso rebanho só tem esperança de salvação se estiver sendo guiado pelo Excelso Pastor, Cristo Jesus, nosso Único Guia confiável, aquele que verdadeiramente nos ama e sacrificou-se por nós ao custo de Sua própria vida.

Pai Onipotente, perdoa nossos pecados, nossas desobediências, nossas afrontas a Ti, e fortalece-nos na fé para que nosso foco em Ti seja inabalável, para que tenhamos sempre na alma o registro indelével de Tuas promessas, e ajamos confiados nelas. Por Cristo Jesus é que oramos agradecidos. Amém.

Share
4 Comentários
  • Liliana Ribas

    6 de fevereiro de 2012 at 18:03

    Esta mensagem maravilhosa nos faz relembrar da importancia de colocar Deus em primeiro lugar nas nossas decisões.As vezes queremos resolver os problemas por nós mesmos,mas precisamos colocar o Senhor na nossa frente!
    Fiquem na paz!!!!

    • Nanny & Winston

      7 de fevereiro de 2012 at 13:52

      É verdade, querida Liliana. Frequentemente as coisas do mundo nos absorvem de tal maneira que esquecemos que o essencial é invisível aos olhos, como dizia Saint-Exupèry, e nós como cristãos podemos acrescentar que vem do alto, do Pai das Luzes!

  • Paulo

    9 de fevereiro de 2012 at 8:00

    Eng.s Winston e Nanny, valeu!!

    Temos que sair da moita e enfrentar os gigantes.

    É bom lembrar que a TRINDADE deixou um Caminho “O Caminho de DEUS”, mas iniquidade leva sair do caminho ou retornar ao alvo errado, e isto vai sendo transferido de geração à geração. (Provérbios 22:28).

    • Nanny & Winston

      10 de fevereiro de 2012 at 16:03

      É verdade, caro Paulo. Como o outro Paulo nos disse em Romanos 8.31: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”

Publicar um comentário