Mordomia dos Bens, dos Dízimos e das Ofertas

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Mordomia dos Bens, dos Dízimos e das Ofertas

Hoje na internet nos deparamos com um anúncio bem mundano: Mordomia Real: a loja Harvey Nichols é um espetacular templo dedicado ao consumo e ao luxo. Há até pouco tempo, apenas os membros da família real britânica tinham a chance de marcar hora e entrar na loja enquanto as portas permanecem fechadas para o público em geral. Agora, os hóspedes do hotel Mandarin Oriental Hyde Park podem também usufruir dessa mordomia. Os grifos são nossos, e destacam duas palavras cujos significados têm sido muito deturpados nos últimos tempos. Templo (do latim templum, “local sagrado”) é uma estrutura arquitetônica dedicada ao serviço religioso. Mordomia, no jargão do mundo, é privilégio usufruído por uns poucos endinheirados e/ou poderosos e/ou “espertos”.

Está longe, no entanto, do real significado da mordomia cristã, da mesma forma como o verdadeiro sentido de templo está longe daquilo que apregoam os marqueteiros e consumistas de plantão.

A palavra mordomia vem do termo mordomo, que significa o maior da casa (major domus em latim), e é tão antigo quanto o costume de ter criados na casa; o mordomo ou despenseiro era alguém a quem o dono da casa confiava tudo o que possuía para ser por ele administrado. Nada era dele, porque tudo era do seu senhor, inclusive ele mesmo. O conceito bíblico de mordomia é, primeiramente, o reconhecimento da soberania de Deus, depois a aceitação do nosso cargo de depositários da vida e das possessões que Ele nos delegou, e por fim, a administração delas de acordo com a vontade expressa na Sua Palavra.

Deus nos dá a seguinte base bíblica para a questão: em primeiro lugar, Ele é dono de tudo e de todos. Do universo, como podemos constatar na Bíblia em Gênesis 1.1; Salmos 24.1; 50.10-12, mas também do homem, sobre quem Ele detém os direitos de criação, de preservação e de redenção. E como Pedro expressa em 1 Pedro 2.9, “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. O Senhor não precisa que Lhe façamos ofertas, porém, mercê de Sua infinita misericórdia, Ele permite e se agrada de que o homem exerça a mordomia cristã. Eis duas das maneiras:

Mordomia dos Bens

A Bíblia, em Provérbios 3.9, determina: “Honra ao Senhor com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda;” Mas as pessoas, quando falam acerca dos seus bens materiais, quase sempre tratam deste assunto como algo secular, sem valor espiritual, embora as Escrituras digam que: Deus é o dono dos nossos bens (Salmo 24.1); nossa capacidade de adquirir bens vem de Deus (Deuteronômio 8.15-18); os bens tem duração limitada (Salmo 39.6). Contrariamente aos ditames do consumismo que se vê no mundo, devemos usar os bens materiais sempre quando: são para a glória de Deus (1 Coríntios 10.31); os valores espirituais tem a primazia (1 Reis 3.11-13); a ajuda ao próximo é prioritária (Mateus 25.31-40); cultivamos um estilo de vida simples (1  Timóteo 6.7-10). O teólogo Richard J. Foster certa vez sugeriu que deveríamos carimbar todos os nossos bens com o seguinte rótulo: “Dado por Deus, prioridade de Deus, para ser usado para os propósitos de Deus.” Por certo se nossos pertences tiverem tal etiqueta – embora de forma invisível aos olhos – estaremos sendo bons mordomos de nossos bens.

Mordomia do Dízimo e das Ofertas

Jesus, em Lucas 11.42 adverte: “Mas ai de vós, fariseus! Porque dais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as hortaliças e desprezais a justiça e o amor de Deus; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas.” Devolver a Deus a décima parte do que se ganha é dizimar, uma atitude de entrega pessoal e gratidão. Mas não basta fazermos a entrega do dízimo, temos que entregar a nossa vida, o nosso coração no altar de Deus. A prática do dízimo é anterior à lei mosaica (Gênesis 14.18-20), mas foi posteriormente incorporada na lei (Levítico 27.30) e ensinada pelos profetas (Malaquias 3.8-12). Jesus falou do dever de dizimar (Mateus 23.23), e o autor de Hebreus em 7.1-10, refere-se a Melquisedeque, a quem Abraão deu o dízimo. E são duas as finalidades do dízimo: a manutenção da Igreja (Malaquias 3.10) e o sustento dos obreiros (2 Coríntios 9.10-14). Deus nos concede tudo o que temos, tudo o que auferimos, e o mínimo que podemos fazer em reconhecimento a toda a graça que recebemos do Senhor, é devolver parte do que Ele nos dá, como bons mordomos do dízimo e das ofertas.

Na próxima semana continuaremos a examinar outras formas de exercício da mordomia cristã.

Pai santo, que nós possamos ser sempre bons mordomos de tudo o que nos concedes em Tua infinita graça e misericórdia. É no nome de Jesus que pedimos e agradecemos. Amém.

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