Mentira

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Mentira

Recentemente em um artigo publicado sobre a mentira, o autor afirma que todos nós mentimos em algum momento, é só uma questão termos um motivo. “Esticar”, “moldar” a verdade, segundo ele, é um componente natural do instinto humano, porque é a maneira mais fácil de enfrentar determinadas situações. Chega a considerar que estas assim chamadas white lies, ou mentiras brancas – classificação que em si mesma já é uma mentira, pois tenta rotulá-las como transgressões inocentes têm levado o mundo a ser provavelmente um lugar melhor do que seria sem elas! Usar as palavras certas, seja no trato pessoal, seja nas relações profissionais, passou a ser uma estratégia para conseguir o que é pretendido. Falar a verdade é para os inábeis, para os ingênuos, para aqueles que não se importam em fazer inimigos, para os que não querem “subir na vida”. Mentir, nos dias de hoje, passou a ser tão natural e importante que – segundo alguns estudiosos – a cada dia pronunciamos em torno de 200 mentiras! Não é à toa que em 1 João 5.19 o evangelista gravemente aponta que: “…o mundo inteiro jaz no Maligno.”

Observemos que toda a mentira – não importa a tonalidade, a forma ou o tamanho que se queira dar a ela – é interesseira, egoísta e concupiscente: por trás dela sempre existe a vontade de levar vantagem a qualquer custo. Mente-se para ocultar algo que se quer esconder, mente-se para conseguir algo que de forma transparente e honesta não é possível obter, mente-se para parecer melhor do que realmente se é, mente-se para ser “politicamente correto”, mente-se para proteger alguém, mente-se para atacar a outrem. A propaganda mente, os políticos mentem, há até “pastores”, “apóstolos” e “bispos” que mentem e enganam os incautos. Mentir é uma espécie de marca de nossa era de moral decadente, e significa rejeitar a verdade de Deus, provocando a Sua ira, como Paulo mostra em Romanos 1.25: “pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira…”. O mesmo apóstolo em 1 Timóteo 4.1-2 condena veementemente os mentirosos, descrevendo os sinais que apontam para o fato de que poderemos estar vivendo os tempos finais: Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência”.

Apesar disto, o incrível é que muitas vezes ainda nos permitimos mentir, e aquietamos nossa consciência dizendo que todo o mundo faz – até mesmo na igreja – que não é tão ruim assim, que só o fazemos de forma “caridosa”, “santa”, embora no fundo saibamos que não deveríamos estar praticando aquele ato: quando aceitamos que nosso contador “omita” certos ganhos, ou quando informamos ao telefone que determinada pessoa não está porque na realidade não deseja atender, até quando dizemos “tudo bem” em resposta a um “como vai?” de alguém, em momentos em que nada vai bem para nós. Na verdade, anestesiamos nossa consciência para deixar de ouvir o que Cristo disse em Mateus 5.37: “Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno.”

Jesus sempre foi implacável contra a mentira, e radicalmente a favor da verdade: sempre que desejava enfatizar que aquilo que iria dizer era uma expressão de máximo significado, frisava no início da frase: “em verdade, em verdade vos digo…”. Os versículos que assim se iniciam estão no Evangelho de João, e são dirigidos: a Natanael, sobre Seu batismo próximo (1.51); a Nicodemos, sobre a necessidade do novo nascimento (3.3, 5, 11); aos judeus que procuravam matá-lO, por declarar-se Filho de Deus, e por que eles tinham uma visão meramente material de Seu ministério, e com Ele debatiam, duvidando de Suas palavras (5.19, 24, 25; 6.26, 32, 47, 53; 8.34, 51, 58); aos fariseus sobre ser Ele o Bom Pastor (10.1, 7); aos apóstolos, sobre a Sua morte próxima e sobre a Sua volta (12.24; 13.16, 20, 21, 38; 14.12; 16.20, 23), e a Pedro (21.18). É evidente que a verdade está sempre subjacente em tudo o que Jesus ensinou, marcando e caracterizando Sua mensagem, porque Ele é a verdade!

Em João 8.44 nosso Senhor profere grave acusação contra os judeus, dizendo: “Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.” Com isto Jesus caracteriza o diabo como aquele que acusa e calunia, ou seja, ele é a própria imagem da mentira, o criador da mentira, o instigador da Queda do homem, que o fez perder o direito de estar na presença de Deus, a capacidade de entender a verdade e a vida espiritual. Por causa do pecado, o homem tornou-se inimigo de Deus, cego para a verdade, morto nas suas ofensas e pecados. Porém Jesus Cristo, pela graça de Deus, abriu o caminho para o céu, habilitou o homem – pelo poder do Espírito Santo – a entender a verdade, e deu-lhe nova vida pela regeneração.

E é com esta tônica que Jesus em João 14.6 faz a maravilhosa declaração aos Seus discípulos, “… Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim,” traçando o claro contraste entre o que Ele é – a essência e a expressão magna da verdade – e o que a mentira representa: a contraposição à verdade, a ação do diabo que objetiva induzir o homem ao erro, à inimizade com Deus. E o Cristo em João 8.32 faz a notável promessa aos judeus que haviam crido nEle, de que “ … conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”

Não podemos transigir com a mentira, amenizando seu poder maléfico, sob pena de nos colocarmos contra Deus e contra nós próprios. Por isso tenhamos sempre em mente a promessa de Apocalipse 21.27 de que na Nova Jerusalém … nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira, mas somente os inscritos no Livro da Vida do Cordeiro”, confirmada em 22.15 com a declaração de que “Fora ficam os cães, os feiticeiros, os impuros, os assassinos, os idólatras e todo aquele que ama e pratica a mentira.”

Glorioso Deus Pai, Filho e Espírito Santo, queremos ser dignos de um dia habitar conTigo na Cidade Santa, na Nova Jerusalém, por isso Te rogamos que controles dia e noite os nossos lábios impuros para que não pronunciem mentiras, seja de que ordem forem. Em nome de Cristo Jesus oramos e rendemos graças. Amém.

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