EDIFICAÇÃO

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EDIFICAÇÃO

Edifica-se no mundo atual num ritmo e em um volume como nunca se edificou em toda a história da humanidade. Com o enorme crescimento da população, o aumento da riqueza das nações e o incremento do comércio, o planeta recebe permanentemente, sem cessar, uma incalculável quantidade de novas edificações. São edifícios de escritórios, hotéis, centros comerciais, sedes corporativas, indústrias, estádios esportivos, competindo pelo título de maior, de mais alto, de mais luxuoso, muitos deles patrocinados pelos modernos faraós – que curiosamente são provenientes da mesma região da terra em que viveram os soberanos do antigo Egito – construindo com seus petrodólares aparentemente inesgotáveis suas próprias pirâmides.

 

São os “nabucodonosores” do século XXI, capitaneando um mundo que edifica muito para a glória dos homens e muito pouco para a glória de Deus, sem ter consciência de que aquilo que é edificado pelo talento do homem um dia vira pó, porém o que é construído pelos dons que Ele distribuiu é eterno, porque é obra Sua, é para sempre.

 

Enquanto as edificações humanas são visíveis aos olhos dos homens e provêm do talento de quem as concebeu, as obras divinas – invisíveis aos olhos humanos e imperecíveis – são construídas por Deus a partir dos dons espirituais concedidos por Ele àqueles a quem chama para colaborar no empreendimento eterno dos céus.

 

Sir Christopher Wren, o famoso arquiteto inglês que projetou a Catedral de São Paulo (St Paul’s Cathedral) em Londres no século XVII, inspecionava certo dia a obra e decidiu perguntar a cada operário que encontrasse se sabia o que estava fazendo. Um deles disse que estava assentando tijolos, outro, que estava nivelando o terreno, outro ainda, que estava fazendo trabalho de carpintaria para a construção.

 

Nenhuma das respostas foi a que o arquiteto desejava ouvir, mas quando já estava para deixar a obra, passou por um homem que misturava argamassa, e fez-lhe a mesma pergunta. Erguendo os olhos do trabalho que executava, o humilde operário respondeu com orgulho: “Estou edificando uma grande catedral, senhor!”

 

Quantos de nós crentes temos uma visão míope e subestimada de nossos próprios ministérios na igreja e dos dons que Deus nos deu para a sua edificação! Não conseguimos enxergar nada para além das tarefas rotineiras, não alcançamos a dimensão completa da extraordinária obra de Deus. No entanto – todos os que exercemos algum ministério na igreja – estamos envolvidos na construção de um magnífico templo invisível, que é o corpo de Cristo, por sua vez inserido na obra divina. Nossa tarefa até pode não parecer importante, mas estamos moldando nossas vidas e influindo sobre as de outros para que ocupem um lugar no templo espiritual do Criador. Falando francamente, como responderíamos à pergunta: “Somos como os pedreiros comuns na construção da Catedral de São Paulo ou como o operário misturador de argamassa, que tinha a visão abrangente da obra completa?”

 

Os dons são ferramentas que o Espírito Santo coloca nas mãos dos crentes para edificação do corpo de Cristo, e Ele não concede somente os dons, mas provê também o propósito e a estratégia para que a Igreja cresça e seja edificada em amor. Por isso o apóstolo Paulo, escrevendo aos Efésios 2.19-22 (NTLH), afirmou: … Agora vocês são cidadãos que pertencem ao povo de Deus e são membros da família dele. Vocês são como um edifício e estão construídos sobre o alicerce que os apóstolos e os profetas colocaram. E a pedra fundamental desse edifício é o próprio Cristo Jesus. Ele mantém o edifício todo bem firme e faz com que cresça como um templo dedicado ao Senhor. Assim vocês também, unidos com Cristo, estão sendo construídos, junto com os outros, para se tornarem uma casa onde Deus vive por meio do seu Espírito.”

 

Ou seja, uma vida cristã saudável, produtiva, vivida segundo a vontade de Deus e poderosamente estruturada por Jesus, depende da operação dos dons do Espírito concedidos a cada um, de tal forma que todos os membros colaborem para a edificação do corpo de Cristo, responsabilidade inalienável de cada um de nós cristãos, como 1 Pedro 2.4-5 tão bem define: “Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo”.

 

Por isso a existência e o uso dos dons espirituais só tem sentido quando voltados à edificação do corpo, quando são compreendidos e empregados como se fossem andaimes da construção da Igreja que, quando um dia estiver totalmente pronta irá prescindir deles, permanecendo somente a fé, a esperança e o amor, tal como Paulo profetiza em 1 Coríntios 13.8-13: “O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará; porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos. Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino. Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor”.

 

E o Espírito opera em cada um de nós no Corpo de Cristo para que vivamos de forma abençoadora, edificando os que nos cercam. Ele é a seiva da videira, Ele promove a articulação dos membros em torno da sã doutrina, para que então “… seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor”, como Paulo preceitua em Efésios 4.15-16.

 

A par da magnífica e humanamente inalcançável edificação divina, em Sua infinita misericórdia, graça e amor, Ele nos faculta o privilégio extraordinário de sermos cooperadores na Sua obra. Esta responsabilidade nos induz a seguir o exemplo de Paulo em 1 Coríntios 3.10: “Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento como prudente construtor; e outro edifica sobre ele. Porém cada um veja como edifica.” Edificar com os materiais nobres que resistem ao fogo do Seu julgamento, que são os dons que detemos, significa fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para o avanço do Seu Reino, ensina o apóstolo nos versículos 11-14: “Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo. Contudo, se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará. Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão…”.

 

O projeto de Deus para a Sua obra incomparável, eterna, imutável, é bastante claro, maravilhoso, único e por Sua graça maravilhosa, envolve a nossa participação ativa e construtiva. Não desperdicemos esta oportunidade inestimável de bem empregarmos os dons que Ele nos outorgou: ela representa a possibilidade de vivermos a Vida Eterna, a verdadeira vida, ao Seu lado, e de recebermos os galardões prometidos!

 

Senhor Deus, Amado Pai, concede-nos a graça incomparável de usar-nos com Tua sabedoria ímpar para a edificação do Teu Reino, o que exige que colaboremos obrigatoriamente com os dons que nos concedeste para a edificação da Tua igreja e para a edificação do nosso próximo. É no nome precioso de Teu Filho Amado que oramos e manifestamos toda a nossa imorredoura gratidão. Amém.

 

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