Dons

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Dons

Nosso Deus, maravilhoso Criador, dotou-nos a todos de pelo menos um dom para O servirmos. E a propósito disto o apóstolo Paulo em 1 Corintios 7.7 escreve, referindo-se especificamente à questão do casamento, porém com aplicabilidade geral: “Quero que todos os homens sejam tais como também eu sou; no entanto, cada um tem de Deus o seu próprio dom; um, na verdade, de um modo; outro, de outro.”

E em Efésios 4.7-8 afirma: “E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de Cristo. Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens.”

E o apóstolo ainda em Efésios 4, mas agora nos versos 13-16 ensina que os remidos devem crescer “…à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo“.  Isso ocorre “…seguindo a verdade em amor…“, para que “…cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo“. Desta forma, o corpo, que é a Igreja de Cristo, deve estar total e organicamente integrado – com seus membros dedicados cada um à função que recebeu de Deus para ser desempenhada por meio dos dons graciosamente recebidos – a fim de contribuir para a edificação do todo.

O ideal de Deus é que o corpo funcione como uma equipe altamente “afinada”, “em amor”, cada um guardando sua posição e atuando para o conjunto, e não visando se destacar individualmente.

O apóstolo Pedro em sua primeira carta, capítulo 4, verso 10, ensina: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.”

Esta vida sobre a face da terra é extremamente curta, por isso não podemos – especialmente no seio da igreja – almejar fazer o que outros fazem, imaginando: “ah, gostaria de cantar como fulano!” Ou, “se tivesse a capacidade de falar em público de beltrano!” Ou ainda, “como desejaria orar em voz alta como sicrano!” Amados, Deus nos concedeu o dom ou os dons que Lhe aprouve, porque Ele tem planos para nós que não podemos, na nossa pequenez, pretender conhecer, como o profeta registra em Isaias 55.8,9.

Paulo, em Efésios 4.11 afirma: “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo .

Mas se nem todos podemos pretender ser apóstolos, profetas, pastores e mestres, todos devemos ser discípulos e evangelistas. Sempre há alguém para ajudarmos, compartilhando com ele o que sabemos sobre a vontade de Deus. Falemos todos a Sua verdade em amor, para que cresçamos n’Ele, que é o cabeça da Igreja (Efésios 5.23) .

A obra da redenção não termina até que todos não mais sejam “meninos, agitados de um lado para outro“, por qualquer “vento de doutrina” ou “artimanha” (Efésios 4.11-16 e 1 Tessalonicenses 5.12-15). 

Nem mesmo Paulo era ainda “perfeito”,  porém, deixando as coisas passadas, empenhava-se em seguir adiante em direção  ao alvo para obter o prêmio (Filipenses 3.12-14). O alvo é atingir a “medida da estatura da plenitude de Cristo“; o prêmio é o que Cristo realizará, transformando “o nosso corpo de humilhação para ser igual ao corpo da sua glória” (Filipenses 3.21).

Cada um dos dons de Cristo destina-se a esse objetivo, por isso devemos fazer uso deles para o nosso próprio crescimento espiritual e para auxiliar outras pessoas.
Uma das grandes diferenças entre a filosofia capitalista prevalecente no mundo e a filosofia cristã, é com relação àquilo que recebemos: no primeiro enfoque, a filosofia é a do tipo “o que é meu, é meu”. O que eu ganho vai para pagar minhas dívidas, vai para comprar coisas para mim ou vai para minha caderneta de poupança. Nada mais justo dentro da ótica capitalista, onde o consumo e o acúmulo de capital (poupança) são as principais regras do jogo.

Enquanto isso, a filosofia cristã trata da questão de forma exatamente oposta: a Palavra de Deus não apenas nos orienta a compartilhar, como também nos mostra as bênçãos do altruísmo.

De acordo com os princípios do capitalismo, quando damos algo a alguém ficamos mais pobres (a menos que se receba algo em troca). No cristianismo não é assim: ao recebermos um dom de Deus, seja ele material ou espiritual, quando o usamos em benefício de outrem, não ficamos mais pobres, pelo contrário, nos enriquecemos. Esta verdade é ilustrada pelo episódio da multiplicação de alimentos, registrado em Mateus 14.19: “Tendo mandado às multidões que se reclinassem sobre a relva, tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, os abençoou; e partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos às multidões.” Jesus deu o alimento aos discípulos, e eles poderiam ter comido, mas isso impediria a multiplicação. O milagre de Jesus ocorreu também através das mãos altruístas de Seus discípulos, que ofertaram ao povo aquilo que haviam acabado de receber.

Irmãos, nós podemos multiplicar ou anular os dons de Deus, dependendo do que fizermos com aquilo que recebemos. Precisamos compartilhar os dons que Deus nos dá!

A falta de fé diante do jovem possesso (Marcos 9.17-29), a ingenuidade e a cegueira diante do anúncio de Jesus quanto a sua morte (Marcos 10.32-34) e a incrível capacidade de se disputar o maior lugar no Reino (Marcos 10.35-45), é própria não somente dos discípulos da época, mas de todos os discípulos de todas as épocas, inclusive de nós mesmos. A receita de Jesus é simples e direta: para ser grande é preciso ser o menor de todos!

Temos que considerar os outros superiores a nós mesmos, sem levar em conta credo, cor ou classe social, jamais sendo arrogantes e pretendendo ser donos da verdade, não fazendo distinção por causa de dons ou talentos, antes encarando nosso dom ou nossos dons com grandes humildade e responsabilidade, pois “àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido” (Mateus 12.48).

E Paulo, em 1 Coríntios 4.7 questiona: “Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido?

Que o Senhor nosso Deus nos capacite para que usemos responsavelmente os dons com os quais Ele nos dotou, conscientizando-nos de que se os temos, é para serem voltados exclusivamente para a Sua honra e para a Sua glória. E que nunca desmereçamos os ministérios alheios, pretendendo ser o nosso o mais importante. Em nome de Cristo Jesus agradecemos e oramos. Amém.

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