Concordes no Senhor

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Concordes no Senhor

O Senhor nosso Deus é o maravilhoso e soberano construtor de tudo o que há.

E como perfeito construtor, tudo o que criou tem função e lugar precisos no todo da existência. Basta apenas observarmos a maravilha da Sua criação que é o corpo humano, por exemplo: cada órgão interligado com os outros numa harmonia perfeita, exercendo funções complementares e indispensáveis para o conjunto; cada sistema orgânico igualmente em perfeita sintonia com o todo, provendo, um a necessidade de oxigenação, outro a vital circulação sangüínea, outro ainda o essencial processamento dos alimentos, e assim por diante.

E na natureza – bênção que ele concebeu para nosso proveito – observemos apenas como crescem os vegetais, em harmonia total com a terra, de onde extraem o próprio alimento, por um lado, com os ciclos naturais da chuva e do sol, por outro, produzindo ao fim e ao cabo, o grão, a fruta, o legume, a verdura, o tubérculo e outros vegetais essenciais à nossa vida e à dos animais.

E que dizer da espantosa semelhança entre a configuração físico-espacial de um imenso sistema solar e de um microscópico átomo? E tudo isto, tão incrível e absurdamente perfeito, maravilhoso, integrado, é apenas uma ínfima parte do que Ele criou! Como Davi, deveríamos, a cada dia, nos rejubilar proclamando hinos de louvor ao Senhor por todas as suas maravilhas: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos” (Salmo 19.1).

Mas na grandiosidade da obra divina, a jóia de Sua criação somos nós, os seres humanos, que existimos para glorificá-lO, e para gozá-lO para sempre.

Nesta posição especial, à qual foi elevado unicamente pela graça de Deus, o homem não foi destinado a viver só, isolado de seus semelhantes; ao contrário, Deus o fez para ser gregário, para que associado a outros também construísse aquilo que é de sua competência e responsabilidade.

E a alguns Ele elegeu para serem Seus filhos, para constituir a Sua família, a família da fé. A estes Deus determinou que sejam unidos. Quando Jesus se preparou para sua própria morte, uma das primeiras coisas em sua mente foi a unidade dos seus discípulos: “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste” (João 17.20-21). Assim como os peixes se movem e sobrevivem somente na água, e nós seres humanos só existimos e nos movemos em meio ao oxigênio, assim também a unidade é o elemento no meio do qual as coisas celestiais existem e se manifestam. Deus está no céu onde sua glória é plenamente manifestada e foi contra essa harmonia gloriosa que Lúcifer atentou. Ele dividiu e conspurcou o céu, afrontou a Deus, por isso foi expulso. Mas Cristo morreu para purificar tanto as coisas do céu quanto as da terra, conforme lemos em Hebreus 9.23.

Nada proveniente de Deus pode se estabelecer onde a unidade e a concórdia no Senhor estejam ausentes, e por este pressuposto, todo aquele que quer glorificar a Deus, deve contribuir para a unidade entre irmãos: “Assim, pois, seguimos as cousas da paz e também as da edificação de uns para com os outros” (Romanos 14.19). Em Efésios 4.3, Paulo instrue: “esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz; ” e em Filipenses 2.2-4: “completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma cousa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros”. O apóstolo também deu a fórmula prática para esta concórdia essencial, quando escreveu à igreja dividida em Corinto, em sua primeira carta, capítulo 1, verso 10: “Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis a todos a mesma cousa e que não haja entre vós divisões, antes, sejais inteiramente unidos na mesma disposição mental e no mesmo parecer.” Isso significa – como cristãos que somos – concordar, falar a mesma coisa, não termos divisão no coração, sermos inteiramente unidos, termos a mesma disposição mental, termos a mesma visão acerca das coisas de Deus. Concordar é sermos como foram os primeiros cristãos, que perseveravam unânimes todos os dias e tinham um só coração e uma só alma.

O padrão que nos é exigido é o do Espírito Santo, que é termos unidade segundo Deus, como Jesus Cristo, em João 15.12 determina: “O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Porque o amor, irmãos, é a pré-condição essencial, indispensável, basilar, para que estejamos unidos e concordando no Senhor.

E para isto precisamos orar mais, muito mais, pois sabemos que a oração é a força que nos mantém em comunhão com Deus. Mas somente conseguimos orar de verdade quando o nosso corpo está abatido, contrito, e o nosso velho homem morto na cruz, pois só desta forma nosso espírito estará preparado para ser recipiente transbordante do amor de Deus (2 Coríntios 12.9,10). Logo, o segredo do amor revela-se na prática da oração perseverante: “Orai sem cessar” (1 Tessalonicenses 5.17).

Um conhecido conto judaico diz que sabendo que ia morrer, um velho pai dividiu a fazenda entre os dois filhos homens e colocou na cerca um pequeno portão para que os irmãos se visitassem. Um irmão era casado e tinha dois filhinhos, mas o outro era solteiro. Cada um vivia na sua casa e eram amigos, unidos e felizes. Trabalhavam de sol a sol em suas plantações de trigo, e naquele ano a colheita tinha sido abundante. O filho casado acordou à meia-noite pensando no seu irmão solteiro: “Coitado dele! Enquanto tenho uma esposa que me ama, cuida da casa, prepara todos os dias gostosa comida, tenho dois filhinhos lindos, meu irmão não tem nada disto! Eu quero alegrá-lo um pouco. Deus tem abençoado tanto a minha colheita que eu vou agora mesmo pegar do meu celeiro um pouco de trigo e levar para o celeiro dele”. Era noite de lua cheia e o luar clareava os campos e os caminhos. Ele foi, agarrou um molho do melhor da colheita e se dirigiu para o pequeno portão a fim de entrar na propriedade de seu irmão, para lhe fazer uma surpresa. No entanto, aconteceu que naquela mesma noite, também à meia-noite, o irmão solteiro perdeu o sono preocupado com o irmão casado: “Coitado dele! Trabalha tanto e ainda tem que sustentar a esposa e os dois filhinhos, enquanto tudo que ganho é só para mim. Tenho pena dele. Quero alegrá-lo. Deus tem abençoado tanto a minha colheita que vou levar do meu celeiro um bocado do meu trigo para o celeiro dele!” Abraçou um bocado do seu melhor trigo se dirigiu para o pequeno portão. Quando o irmão casado abria o portão, também chegava ali o irmão solteiro! Um olhou para o outro, surpreso, porém imediatamente compreendendo tudo. Largaram seus molhos de trigo e emocionados se abraçaram demoradamente, por ver o quanto se amavam e o quanto eram unidos! A unidade com amor é divina!

Conquanto os métodos humanos para manter a unidade possam parecer práticos e eficientes, os verdadeiros seguidores de Jesus procurarão manter a unidade no modo que Ele nos ensina nas Escrituras. Consideremos alguns textos importantes que nos auxiliarão a entender o que Jesus quer que façamos.
Em João 17.17-23 podemos constatar que Jesus revela a base da unidade que agrada a Deus, para que concordemos no Senhor. Nossa unidade tem que ser modelada pelo exemplo divino.

O Pai, o Filho e o Espírito Santo são pessoas distintas, mas concordam em tudo o que dizem e fazem. Os cristãos, portanto, precisam desenvolver a mente de Cristo através do estudo da sua palavra, para que possam aprender a pensar como Deus pensa (1 Coríntios 2.9-16), e ajam sempre concordes no Senhor.

E o que é muito importante, até mesmo para realização da evangelização que Ele nos comissionou, pois a relação amorosa entre cristãos é evidência, para o mundo, de que nosso Senhor veio do Pai (João 17.21-23). Ainda em 1 Coríntios 1.10, o apóstolo apela aos irmãos, mostrando que a palavra revelada é a base de nossa unidade, que deve ter como base Jesus Cristo.

Quando seguimos cuidadosamente Sua autoridade em tudo o que fazemos, evitamos as divisões que vêm das opiniões, das doutrinas, dos interesses humanos (Colossenses 3.17), e a humildade desprendida de Jesus é nosso exemplo perfeito (Filipenses 2.1-8; Romanos 12.9-10, 15-18).

Quando somos fiéis a Cristo, estamos seguros da comunhão com Ele e com seus verdadeiros seguidores (1 João 1.5-7).

Devemos, no mesmo sentido, incentivar a paz permanentemente, porém não ao preço da verdade. Se formos forçados a escolher entre a pureza da doutrina de Cristo e a paz com nossos irmãos, é forçoso colocar Deus em primeiro lugar.

É melhor estar próximo de Deus e longe dos homens, do que estar perto dos homens e longe de Deus. A unidade que Deus deseja é entre Ele e seus servos obedientes (João 14.23) e, em conseqüência, entre os irmãos que servem ao mesmo Senhor (1 Coríntios 1.10).

A unidade artificial é fácil de ser conseguida. Os homens são capazes de esconder diferenças reais e criar alianças ímpias, como o faziam os fariseus e os herodianos quando se uniam contra seu adversário comum, Jesus Cristo. Mas a concordância integral no Senhor requer trabalho duro: exige estudo diligente, humildade genuína, amor desprendido pelos irmãos e, acima de tudo, amor intransigente por Deus e por Sua Palavra.

Pai Santíssimo, ajuda-nos a desenvolver a mente de Cristo para que possamos servir-Te juntos totalmente concordes, gozando de plena comunhão conTigo e entre nós! Em nome de Cristo Jesus. Amém.

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