setembro 2022

PERDÃO

“Pois se perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial também lhes perdoará. Mas se não perdoarem uns aos outros, o Pai celestial não lhes perdoará as ofensas”.  Mateus 6.14-15 (NVI)

 

 

 

 

Deus nos ordena perdoar a todos, e essa deve ser uma decisão consciente, fruto da nossa vontade de imitar a Cristo, que nos perdoou quando éramos Seus inimigos e continua nos perdoando, apesar de nossas ofensas a Ele terem sido muito mais graves do que as cometidas por outras pessoas contra nós. Mas consideremos hoje que ainda há outras fortes razões para concedermos perdão: só ele pode interromper o ciclo da culpa, da dor, da falta de graça; só ele pode contribuir para a transformação do culpado; só ele coloca o perdoador no mesmo nível do perdoado, mostrando que ambos não são tão diferentes um do outro…

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SERVIÇO AO PRÓXIMO

“Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: ‘Simão, filho de João, você me ama realmente mais do que estes?’ Disse ele: ‘Sim, Senhor, tu sabes que te amo’. Disse Jesus: ‘Cuide dos meus cordeiros’”. João 21.15 (NVI)

 

 

 

 

Após ter provido alimento aos discípulos, Jesus faz a Pedro a pergunta que repetiria ainda duas outras vezes, dando-lhe assim oportunidade de bem refletir sobre a resposta. O Senhor deseja saber se Pedro O ama, quanto O ama e de que forma O ama, mas ele, ao recordar suas negações anteriores, tem uma reação comedida. Então o Mestre ensina-lhe como demonstrar o amor que dizia ter: Jesus ainda hoje – apesar de sermos tão incapazes de devotar a Ele quanto Pedro na ocasião, a excelência do amor que Lhe é devido– também concede-nos não só a graça do Seu amor incondicional, como nos convida a cooperar no serviço ao próximo!

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AUMENTA-NOS A FÉ, SENHOR!

O grande evangelista Charles H. Spurgeon, o Príncipe dos Pregadores, certa vez escreveu um texto primoroso sobre a fé que tem o título “Pela Fé e não pelos Sentimentos”, em que fala: “Eu não morrerei. Eu posso crer, e realmente creio, no Senhor, meu Deus; e esta fé me preservará vivo. Serei contado entre aqueles que, em suas vidas, são justos. Mas, ainda que eu fosse perfeito, eu não procuraria viver por minha justiça; apegar-me-ia à obra do Senhor Jesus e ainda viveria somente pela fé nEle e por nada mais. Se eu fosse capaz de oferecer meu corpo para ser queimado, por causa de meu Senhor, não confiaria em minha coragem e firmeza; continuaria a viver pela fé. Se eu fosse um mártir na estaca, invocaria o nome de meu Senhor. Suplicaria perdão por amor ao seu nome e não pronunciaria qualquer outro clamor. Viver pela fé é uma atitude mais segura e mais feliz para realizarmos do que viver pelos sentimentos ou pelas obras. O ramo, por estar vivendo na videira, desfruta de uma vida melhor do que se estivesse vivendo por si mesmo, se fosse possível para ele viver completamente separado do caule. Viver apegado a Jesus, extraindo dEle tudo que necessitamos, é uma realização sagrada e agradável. Se mesmo os mais justos têm de viver de conformidade com este padrão, quanto mais devo eu, um pobre pecador! Senhor, eu creio; tenho de crer em Ti completamente. O que mais eu posso fazer? Crer em Ti é a minha vida. Sinto que tem de ser assim. Por meio desta atitude, permanecerei em Ti até ao fim.”

 

Spurgeon foi um exemplo de alguém que, embora tenha nascido em uma família cristã, somente aos 15 anos de idade, e não por causa de sua família, converteu-se. Durante alguns anos de sua juventude teve muitas dúvidas a respeito de si próprio como cristão, até que certo dia, por causa de uma forte nevasca e em busca de paz para sua alma perturbada, entrou em uma capela em que um ministro itinerante pouco preparado pregava, repetindo nervosa e  repetidamente o texto de Isaías 45.22a, Olhai para mim e sede salvos, vós, todos os limites da terra, tendo feito, após certo tempo, um apelo a todos os que ali estavam para que olhassem para o Cristo. E Spurgeon o fez com contrição e fé, crendo nEle como seu Salvador e Redentor, e foi salvo, comprovando o que Paulo, em Romanos 10.17 afirma:  “a fé vem pela pregação…”. Um ano depois já era convidado a pregar na Igreja de Waterbeach e no ano seguinte tornou-se pastor efetivo, e apesar de nunca ter cursado um seminário, assim iniciou seu extraordinário ministério pastoral que passou a incluir obras assistenciais e a preparação de jovens para missões.

 

O único argumento incontestável em favor do Cristianismo é uma experiência cristã, quando alguém pode afirmar a pessoas não convertidas: “Sei como é Jesus e o que Ele fez por mim, por isso tudo o que posso lhes pedir é que O experimentem por vocês próprios e descubram o que acontece”. Ninguém consegue convencer alguém a tornar-se cristão a não ser fazendo um convite para que dê os passos necessários que lhe permitirão vivenciar a mesma situação pela qual passamos. Embora em alguns casos seja possível demonstrar o Cristianismo intelectualmente, a evangelização efetiva principia quando podemos afirmar: “Sei o que Cristo fez por mim”, convidando: “Tentem e constatem pessoalmente o que Ele pode fazer por vocês!”

 

Jesus havia sido bem recebido em Samaria e em Sua pregação bem-sucedida, muitos creram nEle e pediram que continuasse com eles. Mas Ele precisava pregar a outras cidades, então, como relata o Evangelho de João 4.43, “Passados dois dias, partiu dali para a Galileia”.

 

Na verdade Ele foi para a região da Galileia visitando as aldeias, mas recusou-Se a ir para a cidade mais importante, Nazaré, onde tinha vivido, e o motivo apresentado pelo próprio Senhor, que conhecia o temperamento e os corações de seus habitantes encontra-se no versículo 44: “Porque o mesmo Jesus testemunhou que um profeta não tem honras na sua própria terra”, e isto é sumamente desrespeitoso para com o próprio Deus que O enviara para beneficiar as pessoas que, no entanto, O tratavam com desprezo e desdém.

 

Quando José começou a profetizar foi invejado e odiado por seus irmãos; Davi foi desprezado por seu irmão mais velho, Eliabe; Jeremias foi ameaçado de morte pelos homens de Anatote; Paulo era frequentemente ameaçado, perseguido e agredido por seus patrícios judeus; e os próprios irmãos de Jesus não criam nEle. Foi por causa destas atitudes de descaso e desrespeito que o Cristo não foi a Nazaré, por isso é justo que Deus negue Sua Palavra a todos aqueles que desprezam Seus ministros, e assim fiquem merecidamente desprovidos dos maravilhosos benefícios de que poderiam ter sido favorecidos.

 

Chegando então na região da Galileia, Jesus foi bem recebido, os galileus demonstraram a sua hospitalidade dando-Lhe as boas vindas e com alegria ouviram a Sua doutrina, pois tinham motivo para isso, como lemos no versículo 45: Assim, quando chegou à Galileia, os galileus o receberam, porque viram todas as coisas que ele fizera em Jerusalém, por ocasião da festa, à qual eles também tinham comparecido.

 

Tendo subido a Jerusalém para a Festa da Páscoa judaica, lá conheceram a Cristo, viram os prodígios que fazia e ouviram sobre a Sua doutrina, o que os impressionou profundamente, e agora Jesus escolhe voltar a Caná para verificar se haviam restado frutos da Sua primeira passagem e regar o que tinha sido plantado anteriormente. O evangelista João no versículo 46 então menciona aquele milagre com o objetivo de nos ensinar a manter sempre vivas na memória as obras de Cristo, rememorando: Dirigiu-se, de novo, a Caná da Galileia, onde da água fizera vinho”. E abruptamente insere na narrativa uma nova questão: “Ora, havia um oficial do rei, cujo filho estava doente em Cafarnaum”.

 

O homem que apelava a Jesus pela salvação de seu filho enfermo, e cujo nome não é citado, era um nobre da corte de Herodes que morava em Cafarnaum, distante cerca de 24 quilômetros de Caná onde Cristo se encontrava, mas Tendo ouvido dizer que Jesus viera da Judéia para a Galileia, foi ter com ele e lhe rogou que descesse para curar seu filho, que estava à morte”, informa o versículo 47.

 

Isto demonstra como o sofrimento do filho e a esperança de sua cura por Jesus o levou a fazer esta viagem que, se pelos padrões de hoje é curta, naquele tempo representava uma distância ponderável. E podemos constatar não apenas isto, como também o grande amor que tinha pelo filho, somado ao grande respeito por Jesus, a ponto de ter ido pessoalmente buscá-Lo, quando poderia ter enviado um servo. Além de tudo, fez questão de rogar pessoalmente ao Senhor para curar seu filho, o que, por sua condição de autoridade, poderia ter feito ordenando que Ele viesse à Sua presença.

 

Sobretudo, sua atitude revela a fé que o movia, a firme crença de que Jesus poderia efetivamente curar o filho, apesar da gravidade da doença e considerando que provavelmente seu filho já recebia cuidados médicos. Então, surpreendentemente, Jesus brandamente o repreendeu, apontando seus pecados, fraquezas e descrenças para prepará-lo para o perdão, à semelhança de como faria também com Tomé, e no versículo 48 Então, Jesus lhe disse: Se, porventura, não virdes sinais e prodígios, de modo nenhum crereis”.

 

Apesar disso, claramente sua fé não era completa, pois, como acontece com os incrédulos, para quem o poder espiritual da Palavra não convence nem comove, mas somente o poder visível, concreto, dos milagres, que são para eles uma necessidade tão grande quanto são para os fiéis as profecias, o que fica patente no versículo 49 quando, com irritante persistência e provável impaciência “Rogou-lhe o oficial: Senhor, desce, antes que meu filho morra”.

 

Contudo, a atitude do homem, – apesar de ser poderoso, rico e acostumado com os privilégios da nobreza, – mostrou-se ser em parte louvável por ter aceito a repreensão de Jesus pacientemente, tratando-O com respeito e acatamento, demonstrando assim bom temperamento e caráter. Porém, ele parece não ter levado em contra a repreensão do Mestre, pois nada diz em relação a ela, o que de certa forma é compreensível, tomado que estava pela preocupação, fazendo com que instasse para que Jesus fosse até o filho o mais rapidamente possível. Ele não sabia que a distância e o tempo não são obstáculos para o agir poderoso, miraculoso de Jesus, não só para curar as doenças do corpo e da alma, mas muito mais que isso, também para ressuscitar! É por isso que o respeitado comentarista bíblico Matthew Henry certa vez escreveu: “Aquele que crê não se apressa, mas se dirige a Cristo, dizendo: ‘Senhor, aconteça aquilo que Te agradar mais, quando Te agradar mais, e como Te agradar mais’”.

 

Por fim, por certo para seu espanto, mas também para a sua tranquilização, ouve do Mestre no versículo 50: “Vai, disse-lhe Jesus; teu filho vive. O homem creu na palavra de Jesus e partiu”. Que tremenda demonstração de Seu poder Cristo aqui nos dá! Ele mostra que não só podia curar com tanta facilidade e rapidez, mas que, além disso o fazia sem precisar se deslocar até onde o enfermo estava, mostrando-nos que, se agora Ele está no céu, com a mesma prontidão pode curar a partir de lá. Quando Jesus age, a cura se dá mais rapidamente, as dúvidas são dissipadas, a nossa fé é confirmada, tudo acontece da maneira mais perfeita e completa possível, porque esse é o método de Cristo. E nas ocasiões em que Ele nega as nossas petições, nos concede sempre algo muito mais benéfico, como quando rogamos pela solução de um problema e Ele nos concede paciência. Ao proceder daquela forma Jesus também demonstrou misericórdia, pois Ele sabe como um pai humano se compadece de seus filhos, e ao ver que o homem sofria por seu querido filho e muito temia que morresse, então assegurou-lhe a recuperação do menino.

 

E aquele nobre creu em Cristo e partiu para a sua casa, feliz com o extraordinário procedimento empregado pelo Salvador, e embora este não tivesse atendido ao seu pedido de ir fisicamente restabelecer a saúde do filho, e ele também não tenha visto nenhum sinal ou milagre ser realizado, acreditou que assim se dera: confiou na onisciência de Cristo ao afirmar que o filho estava curado, mas também em Sua onipotência de que a cura fora consumada pela Sua Palavra.  E se porventura houvesse alguma dúvida em seu coração, a abençoada confirmação se deu quando ele, já no caminho de Cafarnaum, encontrou-se com seus criados que vinham trazer-lhe a notícia de que o menino estava curado, porque aqueles que esperam verdadeiramente em Deus, a cada instante serão objeto de boas novas, como lemos no versículo 51: “Já ele descia, quando os seus servos lhe vieram ao encontro, anunciando-lhe que o seu filho vivia”.

 

Ainda que não duvidasse da afirmativa de Jesus sobre a cura do filho, talvez em busca da confirmação de sua fé para que pudesse convencer a qualquer um a quem contasse sobre o milagre, sentiu necessidade de comprovar um importante detalhe e “Então, indagou deles a que hora o seu filho se sentira melhor. Informaram: Ontem, à hora sétima a febre o deixou”, informa o versículo 52. Pronto! Tudo acontecera exatamente como Jesus dissera! Não havia sido uma cura gradual, fora um restabelecimento instantâneo! Então aquele nobre acostumado a desfrutar das benesses humanas que seu cargo lhe conferia, viu a grandeza sublime de uma dádiva espiritual inaudita que o Senhor Jesus lhe proporcionara, e “Com isto, reconheceu o pai ser aquela precisamente a hora em que Jesus lhe dissera: Teu filho vive; e creu ele e toda a sua casa”.

 

Ficara demonstrado cabalmente que a Palavra de Jesus não operara como um simples remédio que exige um certo tempo para fazer efeito. Cristo fala e o que Ele determina que aconteça, acontece, ao contrário das obras humanas em que a distância física e os próprios toscos e limitados procedimentos humanos prolongam o tempo necessário para a realização de algo, quando e se efetivamente se realiza.

 

Ressalta neste final uma maravilhosa conclusão para uma situação que parecia tão infausta, tão triste em que o poder de Jesus fez reverter o mal em bem: ao levar a cura para aquela família, trouxe a ela a salvação! A fé daquele homem que pela graça de Deus havia crido na Palavra de Cristo com relação à crítica situação que vivia, agora cria em Cristo como o Messias prometido e tornou-se um de Seus discípulos, demonstrando como o Senhor dispõe de infindas maneiras de conquistar um coração. Que mudança abençoada aconteceu naquela família, causada por uma grave doença, um mal que ao fim e ao cabo, pela fé que tiveram em Jesus, revelou-se ser um extraordinário bem!

 

Pai Bendito de amor, graça e misericórdia, queremos sempre e a cada grande desafio que se nos apresentar na vida, rogar-Te como Pai zeloso, amoroso e poderoso que és, que tenhas compaixão de nós, que ajude-nos na nossa falta de fé  para que creiamos sempre em Ti não importam as circunstâncias, não importa o poder dos adversários, não importam a nossa pequenez e fraqueza. Sabemos que sempre Tens um plano perfeito para nós porque Tu nos amas e desejas o nosso bem, por isso fazemos nossas as palavras de Teus discípulos em Lucas 175, suplicando: “Aumenta-nos a fé”. E é no nome preciosíssimo e santo de Jesus que assim oramos, desde já agradecidos. Amém.

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