setembro 2020

AQUIETAI-VOS…

A inquietação crescente, revelada no anseio desmedido por segurança que principalmente as pessoas sem Deus manifestam nos dias atuais – desencadeada principalmente pelo pavor da covid-19 – é tão grande e ao mesmo tempo tão bizarra que as tem levado a buscar proteção física até em lugares subterrâneos. Profissionais da área de negócios chegam a afirmar que um dos empreendimentos mais rentáveis do mundo hoje em dia é a construção de bunkers de luxo que têm sido executados em vários países: estruturas edificadas a dezenas de metros abaixo do nível do solo, totalmente protegidas e independentes do meio exterior, contendo tudo o que as pessoas precisam para levar uma vida com extremo conforto, são oferecidas para venda a alguns “módicos” milhões de dólares.

 

Mas a criatividade dos empreendedores não para por aí e existem vários outros tipos de oferta de ambientes isolados para quem pode pagar: na Tailância, as Jungle Bubbles, estruturas transparentes no meio da floresta que lembram grandes bolhas transparentes e abrigam confortáveis acomodações; na Sicília, Itália, um resort totalmente isolado que oferece um programa de bem-estar para combater os problemas físicos e psicológicos causados pela pandemia; nos Estados Unidos, em meio ao deserto de Utah, uma gigantesca estrutura tensionada em forma de tenda, composta de acomodações luxuosas para quem busca isolamento e conforto nestes tempos de pandemia; na França, foi criada uma cápsula flutuante de 50 m2 que pode navegar no mar, em rios e lagos para aqueles que desejam isolamento, mas mobilidade total no meio aquático. Quem sabe em breve estejamos vendo a oferta de cápsulas espaciais girando na órbita do planeta, para aqueles que não suportam mais o mundo em que vivem…

 

Se o homem consegue encontrar meios de fugir (ainda que apenas alguns e temporariamente) das coisas do mundo que o cerca, devemos lembrar do Salmo 139, de autoria de Davi, que louva a Onisciência, a Onipotência e a Onipresença de Deus que tornam vãs todas as inquietações humanas que motivam fugir do Senhor do Universo, reconhecendo nos versos de 1-6 que nada pode ser ocultado dEle: “SENHOR, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras os meus pensamentos. Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar e conheces todos os meus caminhos. Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, SENHOR, já a conheces toda. Tu me cercas por trás e por diante e sobre mim pões a mão. Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim: é sobremodo elevado, não o posso atingir”; constatando nos versos 7-8 a total impossibilidade de ficar invisível ao seu olhar perscrutador: “Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também” e, por fim, admitindo, nos versos 9-10, que só debaixo de Sua poderosa mão há verdadeira segurança: “… se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá”.

 

Em meio ao frenético turbilhão de atividades em que vivemos nosso cotidiano, muitas vezes esquecemos aquilo que o Senhor nos sussurra, como um Pai zeloso faz para suave e gentilmente acalmar Seus filhos que se agitam de lá para cá, muitas vezes sem discernir para onde vão ou qual o objetivo real do que estão fazendo: “… Aquietai-vos…”, Ele murmura amorosamente; e usando o profeta Isaías 30.15, nos exorta como já havia feito aos israelitas 700 anos antes de Cristo, assegurando que “Em vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação; na tranquilidade e na confiança, a vossa força…”.

 

Mas o que significa realmente aquietar-se? É voltar toda a atenção para Deus, sabendo que só Ele pode conduzir nossa vida em perfeita paz, perfeito equilíbrio e perfeita segurança, levando a perfeitas soluções para nossos problemas; é ouvir Sua doce voz, acima dos ruídos dissonantes e perturbadores à nossa volta e das preocupações que indevidamente permitimos que nos assaltem; é confiar em Sua soberana provisão das nossas necessidades, no tempo e no espaço; é entregar-se totalmente em Suas mãos e descansar como o bebê recém-nascido entregue ao repouso tranquilo e feliz no regaço de sua mãe; é confiar em Suas promessas infalíveis de um futuro radioso ao Seu lado; é reconhecer a Sua maravilhosa graça atuando sem cessar, dia após dia, ao longo de toda a nossa dura peregrinação; é lembrar que, se Ele é por nós, quem será contra nós? É crer, sem duvidar, em Seu amor incondicional por nós – que fugindo a qualquer parâmetro conhecido – é a suprema garantia de que Ele nunca nos deixará, jamais nos abandonará; é compreender que por nós mesmos nada somos e nada podemos, enquanto que Ele tudo É, tudo pode, e está graciosamente se oferecendo para carregar o nosso fardo.

 

O que falta então para nos rendermos a Ele quieta e mansamente? Falta-nos recalcar o próprio ego, falta-nos a humildade de reconhecer, tal como João Batista em João 3.30 (ARA), que “Convém que ele cresça e que eu diminua”, é preciso que Jesus Cristo seja tudo em nós, até o ponto de termos a Sua bendita plenitude em nosso ser, preenchendo cada molécula, cada célula, cada órgão, enquanto nós vamos nos reduzindo, nos apequenando, nos encolhendo, nos minimizando, até a extinção completa de nossa vontade, de nossa presunção, de nossa vã sabedoria, pois só então Cristo será verdadeiramente soberano em nós. Somente quando aprendermos a nos desapegar inteiramente de nós próprios, do que somos, do que temos, da importância que damos a nós mesmos, e tudo entregarmos a Cristo, é que poderemos nos aquietar e usufruir da verdadeira e inefável paz que só Ele proporciona.

 

Jamais a autossuficiência de alguém – e a história está aí para provar – durou para sempre, ou produziu frutos eternos. Nossa verdadeira suficiência – e é necessário nos conscientizarmos profundamente disso – está em Cristo, quando depositamos confiantes nossa vida a Seus pés, pois Ele asseverou em João 15.5 (ARA) que “… sem mim nada podeis fazer”.

 

De que vale andarmos inquietos, ansiosos, preocupados, inseguros, quando nosso Senhor e Salvador nos exorta em Mateus 6.25,33 (ARA): “… não andeis ansiosos pela vossa vida… (…) buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas (materiais) vos serão acrescentadas.” Que sentido, então, tem a nossa inquietude?

 

Além disso, em João 14.1 (NVI), Ele nos estimula dizendo: “Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim”, e assim o faz porque há circunstâncias na vida em que é preciso crer embora não tenhamos comprovação de nossa crença e precisemos aceitar o que não compreendemos.

 

Se mesmo em momentos muito difíceis, desafiadores e de grande sofrimento cremos que há um propósito para tudo o que está ocorrendo, que Deus o determina e tem absoluto controle sobre ele, e que esse objetivo é o amor dEle por nós Seu filhos, até aquilo que há de mais insuportável se torna tolerável.

 

E Jesus não se limita a ordenar “Creiam em Deus”, mas acrescenta, “creiam também em mim”, porque Ele é o Filho Amado do Deus Eterno, perante cujo amor demonstrado por nós na cruz do Calvário devemos nos prostrar, agradecer e louvar, confiando que é mister aceitar até o que foge à nossa limitada compreensão, mantendo uma fé serena e inabalável quando as aflições da vida nos alcançam.

 

Assim, só nos cabe obedecer, com sensatez e maturidade, à ordenança do Senhor, que nos tranquiliza no Salmo 46.10 (ARA), dizendo: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus…”, e então, com a mesma confiança e a profunda reverência que Davi manifestou no Salmo 23 parafraseado a seguir, possamos afirmar confiantes, à guisa de oração:

 

Bendito e Amado Pai, queremos ser sempre humildes, pacíficas e obedientes ovelhas do Teu rebanho, para nunca deixar de ter a Sua maravilhosa provisão de tudo o que necessitamos: quando temos fome, Tu nos concedes o alimento de que carecemos; quando temos sede, Tu dá-nos a água para nos dessedentar; quando sentimo-nos extenuados, nos outorgas força e refrigério; se estamos aflitos, inundas o nosso coração com a Tua paz inexcedível; caso sintamo-nos perdidos, nos guias na direção certa através do Teu caminho inerrante. Por isso, mesmo que nos vejamos percorrendo um tenebroso vale de sombras, onde a morte nos espreita a cada passo, sabemos que nada devemos temer, porque Tu nos proteges e nos guardas de todo o mal. Nossos inimigos nada podem contra nós, pois Tu estás ao nosso lado e nos prepara um banquete espiritual na presença deles, onde somos os convidados de honra, por Ti ungidos e abençoados. Nosso coração se alegra com a certeza de que o Teu amor incomparável continuará conosco ao longo de toda a nossa existência, e assim viveremos na Tua Santa Presença por toda a eternidade. É no nome santo, precioso e único de Jesus que oramos e agradecemos. Amém.

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O GRANDE VENCEDOR!

“Com efeito, o mistério da iniquidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém…”. 2 Tessalonicenses 2.7 (ARA)

Paulo afirmava que a obra do anticristo já estava ocorrendo, e o avanço do mal em todo o mundo é perceptível nos tempos atuais, embora o horror da iniquidade completa ainda não tenha se manifestado. Talvez hoje estejamos questionando: por que Deus permite esta ascensão do mal? Como já aconteceu em outras épocas, Deus por vezes consente na expansão do agir do maligno para mostrar aos homens e às nações as consequências amargas de sua própria pecaminosidade, em contraste com a verdadeira alternativa de submeter-se ao senhorio de Cristo, que no final será o grande vencedor! Aleluia!

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JUSTOS E INÍQUOS

“Os maus não governarão para sempre a terra do povo de Deus; se os maus governassem, até os bons começariam a fazer o mal”. Salmos 125.3 (NTLH)

Por diversas vezes Israel havia sido invadida e dominada por povos ímpios, e em todas elas o Senhor permitiu que isto acontecesse porque o povo havia se afastado dEle. E quando Deus manteve os agressores apartados, não foi só porque o povo O obedecia, mas também para que os justos não fossem tentados a praticar o mal, seguindo o exemplo dos iníquos. Meditemos neste dia sobre o fato de que Deus não nos salva apenas de nossos inimigos externos, mas também de nós mesmos, pois conhece nossa tendência de pecar por omissão ou comissão, frente a situações em que somos faltos da sabedoria que dEle emana.

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