O Propósito Eterno de Deus Tag

O PROPÓSITO ETERNO DE DEUS

Nossas vidas por vezes podem ser comparadas aos voos dos pássaros migradores. Singrando os ares, ora planam tranquilos, sem esforço, soprados pela brisa suave, com as asas abertas para sustentar-se nas correntes de ar quente; em outros momentos, contudo, o vento sopra com força em sentido contrário ao do destino desejado, a borrasca é violenta, desafiante, exige muitas batidas de asas, as energias rapidamente se esgotam, parece que não há como resistir às forças contrárias.

 

Será que eles sabem para onde estão indo? Quando os ventos sopram favoravelmente, pode-se concluir que tudo está bem com eles? E quando enfrentam a tempestade, a situação está pouco segura? Estariam eles em sua condição ideal de vida quando o céu é de brigadeiro, e o sol aquece gentilmente suas penas?

 

Ou esses momentos de calmaria são puramente enganosos, não contribuem, nem para seu condicionamento físico, experiência e conhecimentos, servindo apenas de repouso para que se reabasteçam da energia necessária para enfrentar os trechos mais árduos da viagem? Somos obrigados a reconhecer que, ao enfrentar as tempestades do caminho, a luta necessária produz a capacidade de superação de obstáculos, músculos mais fortes, valorização dos momentos de paz e tranquilidade, tanto para os pássaros quanto para nós.

 

Mas, ao contrário dos pássaros migradores, nós singramos os ares da vida muitas vezes sem saber para onde vamos. Outra diferença crucial entre as aves migratórias e nós cristãos é que – enquanto elas migram todos os anos fugindo do inverno rumo ao calor do verão – nossa vida constitui-se em permanente migração, que se inicia quando nascemos em Cristo, e que atingirá sua meta quando passarmos a viver ao Seu lado na Nova Jerusalém.

 

Deus também dotou cada uma das aves migratórias com dispositivos direcionais extraordinariamente eficientes que permitem que em cada momento – seja ele tranquilo ou tempestuoso – e aonde quer que esteja, saiba perfeitamente para onde está indo. Muitos de nós, em contrapartida, vivemos sem saber que fomos criados com uma finalidade excelsa, sem discernir que há um propósito eterno de Deus por trás da nossa existência.

 

Por vezes tendemos a enfocar a Bíblia com uma visão meramente antropocêntrica, crendo, equivocadamente, que como seres humanos criados por Deus, somos o fato central mais significativo do universo, e que a nossa meta última como cristãos é a salvação. A obra redentora de Cristo Jesus é tão extraordinária, tão maravilhosa, tão formidável, que sua tremenda dimensão pode nos parecer que representa integralmente o propósito de Deus.

 

Precisamos atentar na profundidade das palavras de Paulo em Romanos 8.28-29, quando diz que Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” O apóstolo, portanto, entendia que a redenção não era o propósito último e eterno de Deus, mas sim a criação de Sua família eterna, e que a obra que realizava não podia ter como alvo somente a redenção do homem, mas devia ir além, apresentando este homem ao Pai, totalmente restaurado à imagem de Cristo, como mostra em Colossenses 1.28: “… a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo”.

 

Portanto, o propósito eterno de Deus é constituir uma família composta de muitos filhos semelhantes a Jesus. Uma família, porque o propósito de Deus requer unidade; muitos filhos, porque Deus quer compartir Suas graças em quantidade; semelhantes a Jesus, porque Ele é o nosso modelo, alvo e referência perfeita de vida, e porque tudo em Deus tem qualidade.

 

Desta forma, é Seu propósito eterno em nós, profundamente internalizado e arraigado, que deverá balizar as vidas de cada um de nós cristãos, nossos ministérios, nossas atitudes e nossos pensamentos, pois não há outra maneira de cooperar com a obra do Senhor que não seja conhecendo e assumindo a Sua vontade soberana como o nosso desígnio também. Por essa razão, o propósito eterno de Deus torna-se para nós um chamado, uma vocação, como Paulo convida em 2 Timóteo 1.8-9,  “… participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho, segundo o poder de Deus,  que nos salvou e nos chamou com santa vocação…”.

 

Deus, Amado Pai Eterno que por Teu beneplácito e graça nos chamaste para Ti, para sermos humildes cooperadores na Tua Obra magnífica, faz-nos dignos de tal privilégio, de tal vocação bendita que em Cristo Jesus nos outorgaste para a Tua honra e Tua glória eternas. Somos Teus, Senhor, usa-nos segundo a Tua vontade perfeita, para que cada passo que dermos em nossa jornada terreal esteja conforme com o Teu propósito. É no nome santo e precioso de Jesus, Teu Filho Amado, que assim oramos. Amém.

Share
0
0