EU SOU
Era o terceiro ano de ministério de Jesus, e na Judéia Ele estava sendo procurado pelos líderes judeus que queriam matá-Lo, então Seus irmãos O aconselharam a permanecer na Galileia, mas Ele decidiu ir à Festa dos Tabernáculos em Jerusalém. Lá chegando, como relata João 7.14, “Corria já em meio a festa, e Jesus subiu ao templo e ensinava”, numa demonstração clara de que Seu propósito era proclamar a Palavra onde quer que estivesse, e a reação dos judeus foi de espanto, como registra o verso 15: “Então, os judeus se maravilhavam e diziam: Como sabe este letras, sem ter estudado?”
A seguir, nos versos 16-18, com suprema autoridade, “Respondeu-lhes Jesus: O meu ensino não é meu, e sim daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo. Quem fala por si mesmo está procurando a sua própria glória; mas o que procura a glória de quem o enviou, esse é verdadeiro, e nele não há injustiça”.
E apesar da incredulidade do povo e dos ataques incessantes que sofria por parte das autoridades judaicas, Jesus prosseguia com Seu divino ministério, e os versos 28-29 relatam que, para espanto e incredulidade geral dos presentes, “… enquanto ensinava no templo, clamou, dizendo: Vós não somente me conheceis, mas também sabeis donde eu sou; e não vim porque eu, de mim mesmo, o quisesse, mas aquele que me enviou é verdadeiro, aquele a quem vós não conheceis. Eu o conheço, porque venho da parte dele e fui por ele enviado”.
As reações do povo contra Ele se acentuavam, os fariseus e os sacerdotes tentavam prendê-Lo e não conseguiam, mas muitos creram nEle, então no verso 33, “Disse-lhes Jesus: Ainda por um pouco de tempo estou convosco e depois irei para junto daquele que me enviou”.
Os judeus, diariamente, nos primeiros sete dias da Festa dos Tabernáculos, tinham o costume de carregar água do poço de Siloé e despejá-la numa bacia de prata colocada ao lado do altar do sacrifício, mas no último dia isto não era feito, o que tornou ainda mais dramática a oferta de água da vida eterna, feita por Jesus, como é relatado nos versos 37-39: “No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado”.
Então o povo, muito impressionado pelas palavras de Jesus, questionava quem seria verdadeiramente Ele, as opiniões variavam entre a dúvida se seria o profeta esperado, ou o Cristo, e os versos 43-44 concluem que “… houve uma dissensão entre o povo por causa dele; alguns dentre eles queriam prendê-lo, mas ninguém lhe pôs as mãos”. E a passagem que está em 8.1-2, informa então que “Jesus, entretanto, foi para o monte das Oliveiras. De madrugada, voltou novamente para o templo, e todo o povo ia ter com ele; e, assentado, os ensinava”.
O longo debate entre Jesus e os escribas e fariseus delongou-se em provocações dos judeus a Jesus na tentativa de desqualificá-Lo, quando trouxeram uma mulher apanhada em adultério, depois quando afirmou ser a luz do mundo, a seguir ao afirmar ser o Filho de Deus, de dizer que para onde Ele ia os judeus não poderiam ir, e na passagem de João 8.23-32 afirmando de forma contundente que “… Vós sois cá de baixo, eu sou lá de cima; vós sois deste mundo, eu deste mundo não sou”.
Jesus nesta passagem coloca os judeus em sua própria escala, mostrando-lhes que eram terrenos, limitados por sua perspectiva mundana, enquanto Ele tinha origem divina, era o Filho de Deus enviado para salvar a humanidade. Eles eram desprovidos de compreensão espiritual, em contraste com Ele, cujas palavras, atitudes e visão eram celestiais, eternas, imutáveis, transcendentes.
“Por isso, eu vos disse que morrereis nos vossos pecados; porque, se não crerdes que EU SOU, morrereis nos vossos pecados”.
Assim alertou-os, por isso, que deviam crer nEle, alertando-os de que do contrário inevitavelmente morreriam em seus pecados, não haveria alternativa, pois Ele é o EU SOU, o Divino Senhor que perdoa os pecados daqueles que se arrependem, entregam suas vida a Ele e reconhecem que só nEle há salvação.
“Então, lhe perguntaram: Quem és tu? Respondeu-lhes Jesus: Que é que desde o princípio vos tenho dito?”
A perplexidade dos judeus era enorme, e tentavam descobrir quem era Ele, talvez até com sarcasmo, talvez com se dissessem: “quem você pensa que é?”. Ele era o Messias prometido, e ouviram-no afirmar isso com frequência, mas seus corações endurecidos impediram-nos de curvar-se a esta verdade fundamental. Sim, Ele era exatamente o que pregava.
“Muitas coisas tenho para dizer a vosso respeito e vos julgar; porém aquele que me enviou é verdadeiro, de modo que as coisas que dele tenho ouvido, essas digo ao mundo”.
Jesus afirma que poderia ainda dizer várias coisas a respeito deles e julgá-los por seus pensamentos e corações maus, mas obedientemente falava apenas sobre aquilo que o Pai, que é a expressão máxima da verdade, Lhe havia dito para falar.
“Eles, porém, não atinaram que lhes falava do Pai”.
A obtusidade deles, contudo, era imensa, suas mentes conspurcadas pelo pecado impediam que vissem a Jesus como Aquele que poderia salvá-los, a depender deles próprios, então não compreendiam que o Pai O havia enviado.
“Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do Homem, então, sabereis que EU SOU e que nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou”.
Novamente Jesus falou-lhes sobre o que aconteceria: em primeiro lugar os judeus O crucificariam, e só depois deste crime cruel que ressoaria por toda a eternidade, descobririam que Ele era o Messias que ressuscitaria dentre os mortos. Então entenderiam que Ele não fez nada por Sua própria autoridade, mas sim em estrita e fiel obediência ao Pai.
“E aquele que me enviou está comigo, não me deixou só, porque eu faço sempre o que lhe agrada”.
O relacionamento de Jesus com o Pai repousa em uma intimidade única, incomparável, porque sempre foi uma relação divina de amor que nós humanos jamais seremos capazes de compreender, avaliar ou discernir, a tal ponto que, mesmo em meio aos terríveis sofrimentos de que padeceu, Jesus esteve só, em todas as circunstâncias de Sua jornada na terra, sempre fez a vontade do Pai, em todo o tempo fez aquilo que havia sido comissionado pelo Pai a fazer, tudo o que era do Seu agrado, por isso era um Ser impecável.
“Ditas estas coisas, muitos creram nele”.
As afirmativas de Jesus eram categóricas, irresistíveis, pairavam acima de toda e qualquer atitude humana conhecida, era um amor desconhecido entre Pai e Filho, incomparável em sua sublimidade e harmonia, provocando espanto, assombro e deslumbramento, então ficaram convencidos de que era preciso crer em Jesus e em Suas palavras.
“Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos”;
Jesus pode então distinguir entre discípulos e discípulos verdadeiros: um discípulo é qualquer pessoa que professa ser um aprendiz, porém um discípulo verdadeiro é alguém que entregou-se inteiramente, de corpo e alma, ao seu Senhor Jesus Cristo. E mais, permanecem na Sua Palavra, ou seja, jamais se desviam de Seus sublimes ensinamentos, pois a verdadeira fé tem a característica imutável da permanência em qualquer circunstância. Eles não são salvos porque permanecem em Sua Palavra, mas permanecem na Sua Palavra porque são salvos.
“e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.
Esta é a promessa que Jesus faz a todo verdadeiro discípulo Seu, aquele que encontra-se liberto do pecado, que anda sob a Sua luz incomparável e é guiado pelos caminhos tortuosos da vida pelo Santo Espírito de Deus, debaixo da crença irremovível no EU SOU.
Amado Pai, louvado sejas por teres nos enviado Teu Filho Amado, o EU SOU, para nos libertar das peias do pecado e da morte eterna, para nos transformar em servos úteis e fiéis, para nos conceder a vida eterna na Tua sublime presença. Que Tua graça infinita continue a ser derramada sem medida sobre nós, Teus filhos, para que sejamos poderosos instrumentos Teus nesta jornada terreal árdua, porém abençoada, porque Tu nos concedes a certeza de que velas por nós, dirige-nos e transforma-nos em pessoas mais assemelhadas a Cristo Jesus, em nome de quem oramos agradecidos. Amém.
26 de julho de 2025
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