A ORAÇÃO NÃO ATENDIDA

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A ORAÇÃO NÃO ATENDIDA

Jesus, pouco antes de sua prisão, dirigiu-se ao Jardim de Getsêmani com Seus discípulos, e aconselhou-os a orar para que não fossem tentados. Em Lucas capítulo 22, versos 41 e 42, o evangelista relata que: “Ele, por sua vez, se afastou, cerca de um tiro de pedra, e, de joelhos, orava, dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua.”

 

Esta oração solitária de Jesus no Jardim do Getsêmani compõe uma das cenas mais extraordinárias, belas e marcantes de toda a história bíblica. Ela revela não só a profunda humanidade de Jesus, marcada naquele momento por toda a angústia que sentia, mas, acima de tudo, pela confiança irrestrita no Pai, ensinando-nos a importância crucial de orarmos a Ele com todo o nosso ser, especialmente nos momentos de grande dor, com plena confiança, mesmo que não compreendamos o porquê daquilo que nos acontece.

 

Ao contrário de nós, que muitas vezes pretensiosa e egoisticamente oramos pretendendo que Deus faça exatamente aquilo que desejamos, Jesus, o Filho de Deus, humildemente reconhecia a soberania do Pai, e sabia que Seus planos são sempre superiores, até mesmo aos dEle, Jesus. Pouco depois, sentindo que sua temporária carnalidade o fazia fraco, Ele disse aos discípulos o que está registrado em Mateus 26.41: Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.”

 

E daí podemos extrair um grande aprendizado: Deus responde a todas as orações, embora nem sempre da maneira que desejamos. Ao contrário, precisamos ter consciência de que muitas vezes é preciso primeiro orar para conhecer a vontade do Pai, para que então possamos orar em concordância com o Seu perfeito propósito para nós naquele momento e circunstância.

 

Muitas vezes nossa oração não parece ter sido respondida, temos até a impressão de que Deus não nos ouve. Mas Ele sempre nos ouve, pois Jesus em Lucas 11.11-13 assevera questionando: Qual dentre vós é o pai que, se o filho lhe pedir [pão, lhe dará uma pedra? Ou se pedir] um peixe, lhe dará em lugar de peixe uma cobra? Ou, se lhe pedir um ovo lhe dará um escorpião? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?”

 

Como pai amoroso, fiel e responsável que é, Ele, no entanto, nem sempre concorda com todas as nossas petições, sabendo de antemão as conseqüências que adviriam caso algumas delas fossem atendidas. Por certo já ouvimos alguém dizer, após muito tempo de petições sobre determinado motivo: “graças a Deus o Senhor não ouviu a minha prece. Se Ele tivesse me concedido o que pedi, hoje estaria muito arrependido (a)”. Ou nós mesmos, após períodos de angústia, sofrimento e dor em que oramos pedindo a Deus segundo o nosso próprio entendimento de qual seria a solução para um certo problema, e aparentemente não obtendo resposta, anos depois podemos também dizer: “louvado seja o Senhor pois não ouviu a minha prece?”

 

Sim, é preciso tudo entregar em Suas mãos amorosas, poderosas, oniscientes e nEle descansar. Isto é ter a fé que é a base da oração, e o objetivo da fé deve ser sempre Deus, nunca nossa petição. A fé já foi descrita como “confiar no coração de Deus e no Seu poder”, mas o autor do livro de Hebreus assim descreve a fé de forma cristalina: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem”.

 

E na passagem que está em João 20.24-31 o próprio Senhor Jesus demonstra de forma definitiva, cabal, a imperiosa necessidade de termos fé, ao retornar e aparecer, primeiro aos discípulos na ausência de Tomé, e uma semana depois na presença dele, que então creu, agora vendo o Senhor ressuscitado: “Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe, então, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele respondeu: Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não puser a mão no seu lado, de modo algum acreditarei. Passados oito dias, estavam outra vez ali reunidos os seus discípulos, e Tomé, com eles. Estando as portas trancadas, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco! E logo disse a Tomé: Põe aqui o dedo e vê as minhas mãos; chega também a mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente. Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu! Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram. Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome”.

 

E Ele sabe que o que pedimos nem sempre é o melhor. Ou pode ser que o nosso tempo não seja o tempo dEle, ou Ele tem um propósito maior em mente. Se ao orarmos nosso coração estiver despido dos desejos da carne, da animosidade, do egoísmo, da ganância, da idolatria, da ira, e de qualquer outro sentimento contrário aos preceitos divinos, teremos boas chances de sentir, com o nosso coração limpo, a vontade do Pai expressa por meio de sensação de conforto ou de desconforto, que nos apontará o caminho a seguir.

 

Às vezes as orações ficam sem respostas nesta vida, e Deus só as atende após a morte do crente. Noutras vezes não o faz, mas mesmo assim a fé manifestada nessas orações e as sinceras expressões de amor por Deus e pelas pessoas que ele criou, continuarão subindo como incenso agradável ao trono de Deus, como está escrito em Apocalipse 5.8: “… e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos.

 

Portanto, é preciso que nos conscientizemos de que Deus é Deus, e que nós somos apenas suas criaturas, frágeis, falíveis, imperfeitas, pecadoras. Por isso algumas orações não são atendidas porque Deus mantém ocultos Seus sábios planos para o futuro de cada um de nós, e ainda que muitas pessoas orem incessantemente e com fé, os eventos somente ocorrerão no tempo que o Pai determinou, como Jesus em Marcos 1.15 afirma: “… O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho”. Esta certeza nos mostra que devemos perseverar em oração, firmados na fé e confiados nas promessas de Jesus, mesmo quando aparentemente a resposta demora. E a bênção de Deus é às vezes retardada para nos provar a nossa fé, por isso Paulo escreveu em 1 Tessalonicenses  5.17: “Orai sem cessar.”

 

Em 2 Crônicas temos um grande exemplo de oração respondida. Salomão havia, no capítulo 6, pedido ao Senhor que viesse ao templo que ele construíra, trazendo a Sua glória. A resposta a essa oração está no capítulo 7, onde o verso 1 diz: “Tendo Salomão acabado de orar… a glória do Senhor encheu a casa”. O resultado disso foi que todos adoraram a Deus, como mostra o verso 3, porque a manifestação da glória de Deus gera adoração e louvor.

 

O Senhor deseja que toda a nossa vida na terra seja de adoração, onde Sua glória se manifeste, e ela se manifesta apenas onde há oração contrita, em clima de amor, de concórdia e de paz em que tudo esteja de acordo com Sua vontade perfeita e soberana.

 

Seja qual for o desejo do nosso coração, a Palavra de Deus nos diz que devemos clamar a Deus e Ele nos responderá de acordo com o Seu propósito perfeito e soberano para cada um. Por isso, oremos, clamemos e adoremos, pois certamente Ele ouvirá no Seu tempo, da maneira perfeita e sempre para a Sua honra e glória eternas, pois, como Ele disse a Jeremias, capítulo 33, verso 3: Invoca-me, e te responderei; anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não sabes”.

 

Senhor Amado, sabemos que as Tuas respostas são muito mais sábias que tudo o que podemos pedir em nossas orações, por isso queremos entregar toda a nossa vida em Tuas perfeitas e amorosas mãos, confiados que sempre fazes o melhor na vida de cada um dos Teus filhos. E sabemos também que a oração é um privilégio extraordinário que nos concedes para que Te louvemos, bendigamos e agradeçamos por tudo o que fazes por nós e em nós a cada dia, a cada minuto da vida que nos concedesTe. Por isso humildemente Te rogamos, Senhor: ensina-nos a orar, fortalece a nossa fé e mantém-nos perseverantes e fiéis nos propósitos que Tens para cada um de nós. Assim oramos agradecidos no nome santo e precioso de Jesus. Amém.

 

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