Reflexões Sobre a Existência Humana: Morte

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Reflexões Sobre a Existência Humana: Morte

A morte é um mistério, uma incógnita, uma ameaça para o ser humano, e dependendo de sua maturidade espiritual, ela se apresenta de formas diferentes. Por exemplo, um enfoque especial foi dado por duas crianças que estavam brincando no pátio da igreja no intervalo da escola dominical, após terem aprendido sobre Adão e Eva, e uma delas perguntou: “Como foi mesmo que eles morreram?”, ao que a outra respondeu: “Ora, comeram maçã estragada!”. Já um intelectual ateu como Woody Allen, afirmou de forma galhofeira: “Não é que eu tenha medo de morrer. Só não quero estar lá quando isso acontecer”. Mas um homem de Deus como Charles Haddon Spurgeon, exortou certa vez com propriedade: “Que vivamos aqui como peregrinos e não façamos do mundo um lar, mas uma hospedaria, na qual nos alimentamos e moramos, esperando estar de partida amanhã”. Billy Graham, o grande evangelista, afirmou um dia uma grande verdade: “É estranho que os homens se preparem para tudo, exceto para a morte. Nós nos preparamos para a instrução. Preparamo-nos para o trabalho. Preparamo-nos para nossa carreira. Preparamo-nos para o casamento. Preparamo-nos para a velhice. Preparamo-nos para tudo, exceto para o momento em que vamos morrer. E, no entanto, a Bíblia diz que estamos todos destinados a morrer um dia.” E em outra ocasião, pronunciou estas palavras de alento, fazendo uma paráfrase de 2 Coríntios 5.1-8: “Para o cristão, a morte é a mudança de um casebre para uma boa moradia. Aqui na terra somos peregrinos ou ciganos, vivendo num lar pobre e frágil, estamos sujeitos a doenças, dor e perigo. Na morte, porém, trocamos este casebre que se esmigalha e se desintegra por uma casa feita não por mãos humanas, mas eternas nos céus. O errante viajor adquire seu direito na morte e recebe o título de uma mansão que jamais se deteriorará ou ruirá. Você acha que se Deus tomou todas as providências para a vida, não pensou também na morte? A Bíblia diz que somos estrangeiros numa terra estranha. Este mundo não é nosso lar; nossa pátria é no céu. Quando um cristão morre, ele entra na presença de Cristo. Ele vai para o céu passar a eternidade com Deus.”

Paulo, na Carta aos Romanos 1.18-19; 3.9,19; 5.17, 21, ensina que toda a humanidade, após a Queda, está sob o poder e a culpa do pecado, sob o domínio da morte e sujeito à ira de Deus da qual nem um culpado pode livrar-se. A morte é o resultado final da vida em um mundo desviado do curso original que o Criador havia no princípio estabelecido. O plano perfeito e soberano de Deus prevê que os benefícios da obra redentora de Cristo sejam aplicados gradualmente sobre a humanidade, e o último inimigo a ser derrotado, quando da Sua volta gloriosa – como Paulo em 1 Coríntios 15.24-26 instrui – é a morte: E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder. Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés. O último inimigo a ser destruído é a morte.” E de Apocalipse 21.3-4 procede o cabal conforto do Céu prometido aos crentes, que “…Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.

Mas a Queda ocorrida no Jardim do Éden não nos tornou herdeiros apenas da morte, mas também de males que nos afligem e muitas vezes a ela conduzem, como as enfermidades do corpo e da alma, as catástrofes naturais, o envelhecimento e os acidentes de inúmeros tipos.

De acordo com 1 Tessalonicenses 5.23, Deus nos criou compostos de espírito – a parte inteligente de nosso ser que tem consciência dEle , alma – sede das emoções, dos apetites e dos desejos, e corpo – a porção física: espírito e alma são imperecíveis, porém o corpo não o é. As Escrituras nos falam de pelo menos três tipos de morte: física, espiritual e eterna. A morte física, quando a alma e o espírito deixam o corpo, como lemos em Gênesis 35.18; Salmo 89.48; Eclesiastes 12.7; Lucas 23.46; Atos 7.59; 2 Coríntios 5.8; Tiago 2.26. Ao contrário do que os incréus pensam – que a morte física significa o fim da existência, alguns até considerando o suicídio como alternativa para escapar dos efeitos de seus pecados – ela não é sinônimo de extinção do ser humano, pois em Hebreus 9.27 está escrito que “… aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo”. A morte espiritual, estado em que todos nós – separados de Deus por conta do pecado – nos encontrávamos antes de sermos salvos, como a Palavra registra em Lucas 15. 24, 32; Efésios 2.1. E a eterna, chamada de a segunda morte pelo evangelista João em Apocalipse 20.6, 14.

A Bíblia também nos ensina que nos são possíveis duas maneira de morrer: no Senhor, ou seja, salvos, bem-aventurados como herdeiros de todas as promessas da vida eterna com Cristo, como apreendemos em João 8.51 e em Apocalipse 14.13, ou em nossos pecados, isto é, apartados do Senhor, portanto nas mãos de satanás, condenados à morte eterna, à separação de Deus para todo o sempre, como registrado em várias passagens, exemplificadas por Daniel 12.2; Mateus 25.41-46 e Apocalipse 20.11-15.

Mas se a morte do crente tem para Ele um alto valor, como o salmista manifesta no Salmo 116.15, ao afirmar que “Preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos seus santos”, nosso Deus não se compraz com a morte do ímpio, pois Seu desejo é que todos sejam salvos, como o apóstolo afirma em 2 Pedro 3.9: “… não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento.” Neste sentido Deus exorta em Ezequiel 33.11: “… não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos…”.

Reforçando a premissa da morte física como um estado transitório, as Escrituras empregam um eufemismo para referir-se à morte física do crente, que é denominada de adormecer ou dormir, como podemos constatar em João 11.11; Atos 7.60, 13.36; 1 Coríntios 11.30, 15.6, 18, 20, 51; 1 Tessalonicenses 4.14, 5.10.

Mas, afinal porquê o cristão morre? Embora a Palavra nos fale em Romanos 6.23 que “… o salário do pecado é a morte…”, em Romanos 8.1-2 Paulo afirma categoricamente que Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte.” Sabemos então que todas as penalidades que merecíamos por causa de nossos pecados já foram pagas por Cristo, por isso não devemos ver a morte – nem a física nem a espiritual – como uma punição divina. Qual seria então a razão para a existência da morte para os cristãos?

Em primeiro lugar, Deus permite a morte de um crente para a Sua glória, como mártir, como está registrado em João 11.4; 21.18-19 e Filipenses 1.20. Em segundo lugar, quando seu serviço para Deus está concluído, como em Atos 13.36 e 2 Pedro 1.14. Em terceiro lugar, como uma medida disciplinar, Deus pode chamá-lo para Ele, como em João 15.2; Atos 5.1-11 e 1 João 5.16. Mas há situações em que Deus permite – incompreensivelmente para nós – a morte física por vezes violenta de pessoas queridas, de familiares, de bebês inocentes, de idosos indefesos, de justos que O servem. Nestas circunstâncias precisamos compreender que nosso Excelso Criador não nos deve nenhuma explicação de Seus atos, pois Seus planos estão além de nosso limitado entendimento, e Ele está sempre no total, absoluto e perfeito controle de tudo, como deixa claro o salmista no Salmo 115.3: No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada.” Mas nós insistimos, perguntando desnorteados pelo sofrimento, “por quê, Senhor?” E Ele responde em Isaias 55.8-9: Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos.” E então somos obrigados a reconhecer como em Jó 2.10: “… temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal?”.

Queremos ser Seus adoradores em espírito e em verdade? Sejamos então como aqueles crentes a quem se refere Charles Swindoll em seu livro Jó: “Como é magnífico encontrar os que confiam nEle até o fim deste vale de sofrimento, dizendo: ‘Que o Seu nome seja louvado. Não compreendo. Não sei explicar. Mesmo assim, que Seu nome seja louvado!’ Isso é adoração no mais alto nível.”

Conhecedores de tudo isto, cabe-nos dizer como Paulo em Filipenses 1.21-23: Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.” Nossa vida está nas mãos de Deus, louvado seja! Por isso, podemos confiadamente saber que quando Ele nos chamar, será este o momento adequado de Seu soberano plano para nós, e alegremente estaremos iniciando a vida eterna com Cristo! Aleluia!

Pai Eterno, Teu maravilhoso amor nos constrange – por tudo o que tens feito por nós ao longo de nossa existência – e assim confiamos em Ti, na Tua soberania sobre nós e sobre todas as coisas, e no Teu perfeito plano para nós. Apenas ajuda-nos a navegar através das dificuldades que enfrentamos. Abraça-nos apertado. Aumenta-nos a fé. Transforma-nos. Em nome de Jesus. Amém.

(Continua na próxima semana com o tema Reflexões Sobre a Existência Humana: Estado Intermediário)

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6 Comentários
  • Élvia Campos de Alcantara

    24 de março de 2012 at 19:17

    NANNY & WINSTON,
    Muito bem colocado e de muita importância este assunto. Muitas pessoas não gostam de falar e nem de pensar sobre este tema, mas para mim tem muita importância e devemos estar sempre meditando sobre a morte e se estamos preparados para este día.

    • Nanny & Winston

      26 de março de 2012 at 18:13

      Querida Élvia,
      Graças a Deus, Sua Palavra nos ensina uma realidade maravilhosamente auspiciosa sobre aquele dia bendito em que estaremos com Cristo no paraíso!

  • Elizandra

    26 de março de 2012 at 16:34

    Muito linda e reconfortante a reflexão…

    • Nanny & Winston

      26 de março de 2012 at 18:16

      Amiga e irmã Elizandra,
      É muito bom saber que você e o Ives estão conosco nesta empreitada de conhecer e proclamar a Palavra de Deus! Que o Senhor os abençoe sempre e cada vez mais!

  • Liliana Ribas

    27 de março de 2012 at 18:31

    Queridos amigos,
    Que bela reflexão sobre este tema tão dificil para nós que é a morte!
    Que Deus console os que estão passando por perdas de entes queridos.
    Abraço, Liliana

    • Nanny & Winston

      28 de março de 2012 at 9:10

      Querida Liliana,
      Amém. O Espírito Santo de Deus por certo estará consolando todos aqueles que creem em nosso Senhor e Salvador!

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