Produtividade

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Produtividade

Na parábola do semeador, relatada em Mateus 13.3,4,19; 5,6,20,21; 7,22; 8,23 (ARA), Jesus nos ensina que, quando ouvem a Palavra, as pessoas têm quatro tipos de reação, três improdutivas e apenas uma produtiva:  “Eis que o semeador saiu a semear. E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e, vindo as aves, a comeram. A todos os que ouvem a palavra do reino e não a compreendem, vem o maligno e arrebata o que lhes foi semeado no coração. Outra parte caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra. Saindo, porém, o sol, a queimou; e, porque não tinha raiz, secou-se. (…) esse é o que ouve a palavra e a recebe logo, com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, sendo, antes, de pouca duração; em lhe chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza. Outra caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram. O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera. Outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto: (…) o que foi semeado em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende; este frutifica e produz a cem, a sessenta e a trinta por um”. Portanto, as respostas improdutivas provêm daqueles que a ouvem e não a compreendem, dos que a ouvem e não a retêm por terem um caráter superficial, e dos que, por valorizar menos as coisas do alto que as do mundo, permitem que a mundanidade a sufoque. Assim sendo, a única atitude produtiva é a daqueles que ouvem a Palavra de Deus e a compreendem, aceitam e aplicam, então frutificando abundantemente.

Atividades e pessoas improdutivas drenam a nossa energia, como um ralo faz escoar a água acumulada em uma piscina. Por isso, nesta passagem pela terra, devemos cuidar para que a nossa energia aplique-se prioritariamente às coisas construtivas do Reino, isto é, a tudo aquilo que comprovadamente tenda a produzir bons resultados para a glória de Deus, sejam elas atividades, sejam pessoas. Jesus nunca prestou-se a propósitos estéreis, aleatórios e sem objetivo, nunca perdeu tempo com ninguém que não O aceitasse e cresse nEle, afinal, o Salvador dispunha de apenas três anos e meio para fazer tudo o que o Pai o havia incumbido de realizar, e a seara era grande. E nós, de quanto tempo dispomos para nos decidirmos a ir após Ele de forma producente, com uma seara à nossa frente incomparavelmente maior que a daquela época? Precisamos, antes de mais nada, tomar a decisão firme e ter o propósito inarredável de seguir a Cristo fiel e exclusivamente sem – nem por um instante – hesitar entre Ele e outras coisas ou pessoas.

Mateus 4.19-20 (ARA) registra que certo dia, caminhando junto ao Mar da Galileia, Jesus encontrou a Pedro e a André que pescavam, e sem meias palavras, de forma direta, objetiva, “… disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então, eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram”. Possivelmente esta não foi a primeira vez que houve um encontro entre Jesus e os dois, pois João 1.35-42 (ARA), relata outra oportunidade que tiveram de ouvir o Mestre, mas agora Ele os desafia, de forma definitiva, a segui-Lo. A reação dos dois só poderia ser sim ou não, pegar ou largar, aceitar ou rejeitar. Jesus não perdia tempo em tentativas de convencimento.

De forma semelhante, nos versos 21 e 22, Mateus relata que “Passando adiante, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco em companhia de seu pai, consertando as redes; e chamou-os. Então, eles, no mesmo instante, deixando o barco e seu pai, o seguiram”. Nenhum titubeio, nenhuma dúvida, nenhuma desculpa ou protelação é própria de um verdadeiro discípulo. Quando Jesus chama, a única resposta aceitável é obedecer, reconhecendo com gratidão o privilégio de ter sido escolhido.

Lucas 5.1-11 (ARA) registra a mesma passagem de forma um pouco diferente, com cores e detalhes muito vívidos e esclarecedores, compondo um quadro que nos coloca diretamente em meio àquela cena gloriosa da chamada dos primeiros discípulos de Jesus: “… estava ele junto ao lago de Genesaré; e viu dois barcos junto à praia do lago; mas os pescadores, havendo desembarcado, lavavam as redes. Entrando em um dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da praia; e, assentando-se, ensinava do barco as multidões. Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar. Respondeu-lhe Simão: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos, mas sob a tua palavra lançarei as redes. Isto fazendo, apanharam grande quantidade de peixes; e rompiam-se-lhes as redes. Então, fizeram sinais aos companheiros do outro barco, para que fossem ajudá-los. E foram e encheram ambos os barcos, a ponto de quase irem a pique. Vendo isto, Simão Pedro prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador. Pois, à vista da pesca que fizeram, a admiração se apoderou dele e de todos os seus companheiros, bem como de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram seus sócios. Disse Jesus a Simão: Não temas; doravante serás pescador de homens. E, arrastando eles os barcos sobre a praia, deixando tudo, o seguiram”. Deixando tudo O seguiram! Que decisão sábia e corajosa de abandonar a velha vida e nascer de novo para uma nova vida com Cristo, com repercussões eternas!

No dia seguinte, de acordo com João 1.43-51 (ARA), houve o encontro com Filipe, e em seguida com Natanael, que, com a mesma determinação dos discípulos que os antecederam, passaram a andar com Jesus Cristo.

Não é possível pensar em produtividade para o Reino se não houver a sólida decisão de fazer o que precisa ser feito. Em Mateus 8.19-22 (ARA), Jesus, ao responder a dois discípulos aparentemente dispostos a segui-Lo, ao primeiro, um escriba, que “… disse-lhe: Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores” (v. 19), responde-lhe alertando que antes de ir com Ele era preciso bem avaliar o custo de fazê-lo, porque não desejava seguidores momentaneamente entusiasmados, mas que à primeira dificuldade O abandonassem (v. 20). O segundo discípulo (v. 21), que também dizia querer ser Seu seguidor, apresentava uma pré-condição para acompanhá-Lo: primeiro queria sepultar seu pai, mas Jesus profere palavras à primeira vista duras, dizendo (v. 22): “… Segue-me, e deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos”. Na verdade o pai do rapaz ainda estava vivo, e o que ele queria era postergar a sua decisão para uma ocasião futura, declarando que, sim, um dia seguiria Jesus, quando seu pai já estivesse morto e ele livre para dispor de si próprio, o que poderia se delongar por vários anos ou, quem sabe, nunca acontecer. O que Jesus então lhe diz é que, embora ele sentisse necessidade de abandonar a sociedade morta em que estava, para voltar-se para a vida verdadeira com o Salvador, se não o fizesse naquele momento, se não decidisse segui-Lo ali, Ele sabia que jamais o faria. Estes dois são protótipos de discípulos infrutíferos, vacilantes, que de fato não eram verdadeiros seguidores de Cristo, mas cristãos apenas nominais, curiosos que na verdade não decidem a quem seguir, se a Deus ou a Baal, como os israelitas do tempo de Elias. Aqueles que coxeiam nos dias de hoje quanto à fé, até mesmo frequentam os cultos aos domingos, eventualmente leem a Bíblia, porém não resolvem de que lado estão: se com Deus ou apartados dEle, isto é, com o diabo. É claro que – caso perguntados – afirmarão até um pouco ofendidos, que “é claro que estão com Deus”, sem discernir que no Reino de Deus não há neutralidade: ou se está com Deus concretamente, obedecendo-Lhe em tudo por meio de Cristo, ou com o inimigo. Como dizia Benjamin Franklin sabiamente: “A pior decisão é a indecisão”.

Há atualmente, no mundo pós-moderno em que vivemos, dois grandes grupos de pessoas, separados por um muro: de um lado os cristãos, aqueles que servem ao único Deus, e de outro os incréus, os que servem ao mundo, que jaz no maligno, e a deuses criados por homens. Em cima do muro estão os indecisos, muitas vezes adeptos do sincretismo religioso, que têm como característica comum e marcante o desconhecimento da Palavra de Deus, embora geralmente afirmem conhecê-la, mas na verdade muito pouco sabem, e o pouco que conhecem é quase sempre distorcido e fora do contexto.

Jesus por diversas vezes mostrou a extrema necessidade de decidir-se por Ele, apontando as razões que nos devem levar a isto. Por exemplo, em Mateus 6.24 (ARA) declarou que “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro…”; em João 17.3 (ARA), orou ao Pai formulando um ensino chave para a nossa compreensão a respeito da salvação: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”, o que torna patente que conhecer o Deus verdadeiro e a Jesus Cristo que o Pai enviou à terra, é a única forma de obter a Vida Eterna!

Para caracterizar a necessidade crucial, irreversível, estrutural, que temos dEle – tanto cristãos, que disto estão cientes, quanto não-cristãos, que desconhecem esta verdade – o Senhor Jesus empregou a figura da videira e de seus ramos, afirmando em João 15.1-6 (ARA): “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda. Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado; permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam.”

Ora, se até mesmo aqueles que, estando ligados a Ele como os ramos na videira, caso se tornem improdutivos, o Pai poda e lança fora, que dirá o que acontecerá com aqueles que estão afastados de Jesus Cristo porque não creem nEle e O rejeitam, ou até creem, mas não como o seu único e suficiente Salvador, sincretizando a verdade do cristianismo com postulados contidos em seitas e heresias! Então fica bem claro que o mundo atual da pós-modernidade é como uma seara completamente corrompida pelo diabo, que astuciosamente semeou erva daninha – o joio – em meio à plantação frutífera de trigo. De início, o joio é muito semelhante ao trigo, só se diferenciando dele quando já está crescido, porém como, com o crescimento, suas raízes ficam entrelaçadas com as do trigo, torna-se muito difícil separá-los. Por isso, em Mateus 13.36-39 (ARA), Jesus falou às multidões por meio desta parábola que se aplica perfeitamente à nossa presente era: “Então, despedindo as multidões, foi Jesus para casa. E, chegando-se a ele os seus discípulos, disseram: Explica-nos a parábola do joio do campo. E ele respondeu: O que semeia a boa semente é o Filho do Homem; o campo é o mundo; a boa semente são os filhos do reino; o joio são os filhos do maligno; o inimigo que o semeou é o diabo; a ceifa é a consumação do século, e os ceifeiros são os anjos”.

Por que razão os homens costumam acreditar e seguir a falsos deuses, tornando-se absolutamente improdutivos para o Reino e inimigos de Deus? Alguém disse que é porque esses deuses foram criados por homens para responder aos desejos humanos, prometendo tudo aquilo que o homem busca: prosperidade material, glória pessoal, e alcançar um paraíso por seu próprio esforço, utilizando técnicas humanas especiais criadas por alguns “iluminados”. Enquanto isso, Jesus oferece apenas uma cruz. Ou seja, o falso deus promete um caminho mais fácil para a satisfação dos próprios desejos do homem; Jesus porém, em Mateus 7.14 (ARA), oferece um caminho difícil para chegar ao Pai, mas que é a única e verdadeira vereda, “… porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela”.

Infelizmente é triste o destino dos que não conseguem acertar a porta estreita e o caminho apertado, mas devemos entender que trata-se de escolhas que as pessoas fazem, e não nos cabe discuti-las ou questioná-las, apenas lamentá-las. Porém, é preciso seguir o conselho de Paulo a seus discípulos em Efésios 5.15-16 (ARA): “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus”, o que nos impõe uma certa urgência em pregar a Palavra, impedindo que percamos tempo com pessoas refratárias à verdade do Evangelho, cauterizadas que são em suas consciências por opiniões sincréticas diversas. Foi desta forma que Jesus orientou Seus discípulos em Mateus 10.14 (ARA): “Se alguém não os receber nem ouvir suas palavras, sacudam a poeira dos pés, quando saírem daquela casa ou cidade”. Jesus não está afirmando aqui que certas pessoas deveriam ser abandonadas, como se estivessem fora do alcance do Evangelho da graça, ou não fossem merecedoras dele; o que Ele ensina é que o tempo de que os discípulos dispunham para evangelizar era curto, por isso naquele momento seria improdutivo tentar argumentar, discutir ou procurar convencer os renitentes.

Esta orientação de Jesus vale ainda para nós hoje, porque não sabemos quando Ele volta, e há muito a fazer, há muitas pessoas a alcançar com a Sua Palavra bendita, assim é necessário que sejamos produtivos em nossos ministérios. Devemos oferecer a oportunidade de conhecer e aceitar o Evangelho a todo aquele que o Senhor colocar em nosso caminho, porém não podemos obrigá-lo a ser receptivo, pois cada um é responsável por suas próprias escolhas, e na vida, em geral, as grandes oportunidades só nos são apresentadas uma única vez.

Mas Jesus alerta no verso 15 que, no dia do juízo, o destino de Sodoma e Gomorra será menos severo que o daqueles que rejeitaram a mensagem de Jesus Cristo, pois aquelas cidades não tiveram oportunidade de considerar a mensagem de Cristo, e ao maior privilégio concedido àqueles que a ouviram, corresponde sempre uma maior responsabilidade.

Senhor Deus, capacita-nos a sermos semeadores tão produtivos da Tua Palavra quanto esperas que sejamos, e dá-nos sabedoria para não desperdiçarmos o precioso tempo de que dispomos nesta curta passagem terreal, tanto conosco mesmos, quanto com pessoas refratárias à Tua verdade. Assim, orienta-nos a cada passo que dermos, para que nossas atitudes sejam sempre proativas, e reflitam uma obediência irrestrita a Tua Vontade. Em nome de Cristo Jesus oramos agradecidos. Amém.

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