Pastor Luiz Bittencourt

,

Pastor Luiz Bittencourt

Corria o ano de 1982, quando Itaipu, a maior barragem hidrelétrica do mundo estava no auge de sua construção, e fazer parte da equipe governamental que fiscalizava o sistema de transmissão de energia para todo o Brasil oferecia uma carreira fascinante, e um casal com dois filhos de 6 e 8 anos de idade – que amava ao Senhor Jesus e ajudavam missionários com suas ofertas – fazia parte desta equipe que tinha sua base na cidade de Foz do Iguaçu, Paraná.

O futuro parecia brilhante para esta família que sonhava com muitas conquistas em todas as áreas da vida.

Quando tudo parecia estar no caminho certo, Deus interfere e diz que queria a família em tempo integral no ministério, como missionários entre as tribos indígenas primitivas do norte do País. Isso teve o efeito de um tornado em toda nossa estrutura emocional. Como cabeça do lar perdi meu chão. Decidi fazer uma viagem com minha esposa, juntamente com os missionários que atuavam naquela região, para confirmar se tratava-se de um chamado de Deus ou se era simplesmente um engano de nossa mente humana. Para nossa surpresa, o chamado ficou mais claro que o sol ao meio-dia. Percebi o quanto eu tinha medo do IDE, por isso não obedecia. Voltando da viagem, agora em casa, eclodiu uma guerra do Reino do Céu contra o reino do inferno dentro de minha mente. Foram dias dramáticos. Questionei a Deus, perguntei se Ele não sabia que tinha uma família para sustentar? Mansamente, Ele me fez lembrar de um acidente que havia sofrido anos atrás quando quatro veículos se chocaram, e eu trabalhava na transmissão de energia da Barragem Tucuruí , em Belém do Pará. Pessoas morreram, eu fui transferido inconsciente para o Hospital de Belém e então Senhor acrescentou: “se eu não salvasse você, quem cuidaria de sua família?” Com uma arrogância da qual hoje me envergonho, disse a Deus: “um a zero para o Senhor. Eu irei, mas não pedirei ajuda para ninguém, nem a igreja alguma, e se o Senhor não garantir Seu lado, volto no dia seguinte!”

Tomei a decisão, então, de morar com minha família em uma tribo que não falava uma palavra de português, e nós não sabíamos uma palavra da língua deles. Apenas alguns missionários da missão Wicliff já tinham feito contato com aquele povo, além de ter realizado alguma pesquisa lingüística. Glória a Deus que minha esposa sempre foi mais sensível à voz do Espírito Santo, e me apoiou com entusiasmo nesta decisão que parecia loucura. Depois de obedecer ao IDE, milagres começaram a acontecer, orações por curas foram respondidas instantaneamente, e comecei a ouvir Deus falando comigo. Parece que eu pensava que Ele era mudo, e foi então que descobri que eu é que era surdo. Dois anos se passaram, tudo prosperou tanto que não senti o tempo passar. Novos sonhos enchiam meu ser agora. Nossos filhos, que eram simplesmente crianças, como o Senhor Jesus disse que todos deveríamos ser, creio que por isto foram mais usados do que eu.

A primeira estratégia que Deus nos deu, foi perceber que a maior motivação daquele povo era aprender a falar português, então começamos a ensinar versículos Bíblicos e hinos, e nossos filhos eram excelentes nestas tarefas, principalmente porque na faixa etária deles podiam conviver a maior tempo brincando juntos. Mas no encerramento do segundo ano, quando orava a respeito, uma lembrança veio muito forte e me abalou. Tomei consciência de que havia acertado com Deus ficar um ano apenas, mas agora já estávamos no fim do segundo ano, então eu disse: “Senhor vou encerrar este ano e entregar o trabalho para uma organização missionária, porque eu preciso cuidar da minha vida.” A resposta foi firme e determinante: “A empresa na qual você trabalhava contava tempo de serviço, mas Eu Sou Eterno e meu chamado é eterno!!!” Senti-me pequeno como criança, mas reclamei: “não, não e não! E meus sonhos???” Percebi que eu estava lá, mas meu coração não estava. Em meu espírito percebi que Ele estava bravo e irredutível, então Lhe disse: “Faço uma proposta: continuo, mas quero estudar Teologia.” Então uma grande paz invadiu minha alma. Fiquei mais um ano na aldeia e depois fomos para o SBPV em Atibaia-SP, outra história de milagre, porque não tínhamos a menor condição financeira. Foi um choque cultural para nós, mas foi de Deus.

Hoje, já faz 23 anos que estamos em tempo integral no ministério. No início, ainda lá na aldeia primitiva, eu batia carinhosamente nas costas da minha esposa e dizia: “Sabe, só agora é que eu estou me tornando um verdadeiro crente. Antes eu cria no dinheiro, no sistema do mundo e pensava que cria em Deus. Hoje, porém, me pergunto por que não comecei antes.” Sim, se existe algum arrependimento, é apenas de não ter começados antes. Posteriormente trabalhamos com várias nações indígenas, e hoje exercemos nossas atividades a nível nacional através do Conplei – Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas e do Projeto JAT – Juntos Alcançando Tribos, onde atuo como presidente. Nossos filhos fizeram seus cursos universitários e servem ao Senhor Jesus, e mais ainda, o Pai Celestial os guardou de muitos problemas que enfrentam filhos de irmãos na fé que nunca foram para missões por causa dos seus próprios filhos.

O Senhor Jesus também me curou daquele orgulho que me fez dizer que não pediria ajuda para ninguém. Aprendi que somos interdependentes, somos um só corpo, e você, através de suas orações e de seu apoio, faz parte de nossa maravilhosa história com o amado Senhor Jesus.

Pastor Luiz Bittencourt, Meire, Jael e Ewald

Fones: (067) 3454-2893/9934-8472

Share
Nenhum comentário

Publicar um comentário