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O PLANO É DELE

“…Tens compaixão da planta que te não custou trabalho, a qual não fizeste crescer (…); e não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que há mais de cento e vinte mil pessoas, que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda, e também muitos animais?”  Jonas 4.10-11 (ARA)

 

 

 

Jonas havia relutado muito em obedecer a Deus porque receava que indo a Nínive pregar a conversão dos ninivitas, o que evitaria a destruição da cidade, havia o risco – que ele não pretendia correr – de que se arrependessem e fossem perdoados. Afinal tratava-se de inimigos, que na ótica de Jonas não mereciam perdão, pretendendo assim ensinar a Deus quem deveria ser perdoado e quem não deveria. Que neste dia não sejamos como Jonas, e preguemos o Evangelho da salvação de Jesus Cristo a quem quer que seja, não fazendo acepção de pessoas, pois só o Soberano e Misericordioso Deus sabe quem deve ser salvo.

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PRETO NO BRANCO

“Quem afirma estar na luz mas odeia seu irmão, continua nas trevas.” 1 João 2.9 (NVI)

 

 

Hoje Jesus nos mostra que é simples assim: preto no branco, sem matizes ou meios-tons. Ou amamos nosso irmão ou o odiamos, não há neutralidade. Como afirmou o teólogo inglês Brooke Westcott, “a indiferença é impossível, não há meias tintas no mundo espiritual”. Alguns crentes defendem o amor pelos perdidos de terras distantes, mas detestam o vizinho do lado; outros pregam o amor por outras nações, porém vivem em conflito com os familiares. O Senhor, no entanto, deseja que vejamos o nosso próximo como nosso irmão, com amor, fazendo nossos os seus interesses, servindo-o e alegrando-nos na comunhão com ele.

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Julgar ou Não Julgar? (parte 1)

No livro 50 Histórias para Aquecer o Coração (Chicken Soup for the Unsinkable Soul), destaca-se um pequeno texto muito interessante: “Certa noite uma mulher estava no aeroporto, com um longo tempo de espera pela frente até a saída do seu voo. Comprou um livro, um pacote de biscoitos e sentou-se enquanto aguardava. Embora absorta na leitura, percebeu que um homem ao seu lado tirava um biscoito do pacote colocado entre os dois. Para evitar uma cena, ela fingiu não estar vendo. Ela lia, comia biscoitos e olhava o relógio. De vez em quando, o homem voltava a tirar um biscoito do pacote, o que a foi deixando extremamente irritada. Ela pegava um biscoito, ele pegava outro. Quando só faltava um, ela ficou tensa, sem saber como agir. Com um sorriso simpático, ele pegou o último biscoito e o partiu ao meio. Ofereceu a ela uma metade e comeu a outra. Ela arrancou da mão dele a metade, pensando na grosseria do homem que sequer lhe agradecera. Sentiu-se extremamente ultrajada e respirou com alívio quando chamaram seu voo. Juntou suas coisas e se dirigiu para o portão, sem sequer olhar para trás. Entrou no avião, mergulhou na poltrona e abriu a maleta para pegar o casaco. O susto que levou a deixou sem fôlego: ali estava ele, inteirinho, o seu pacote de biscoitos! ‘Se o meu está aqui, então foi do dele que eu comi, e ele nem se importou em dividir’, pensou a mulher. Ela daria tudo para encontrá-lo de novo, pedir-lhe muitas desculpas e, sobretudo, agradecer-lhe a lição.”

 

Enquanto aquele desconhecido, com desprendimento, sem protestar, fraternalmente repartira com ela os biscoitos que eram dele, ela ficara a julgá-lo, indignada, por achar que estava dividindo seus próprios biscoitos com um aproveitador! Sinceramente: quem de nós nunca fez um julgamento injusto sobre outra pessoa, e depois não se viu arrependido, envergonhado, tentando justificar seu erro para si próprio e/ou para alguém?

 

Será que se aplica a este caso o que Jesus ensina-nos em Mateus 7.1-2 (NVI), alertando para que “Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem, também será usada para medir vocês”? Como conciliar esta exortação do Mestre com o que Ele mesmo instrui em João 7.24 (NVI), dizendo que “Não julguem apenas pela aparência, mas façam julgamentos justos”. E o que dizer da admoestação de Paulo aos crentes de Corinto em 1 Coríntios 6.2 (NVI) quando recorda-lhes: “Vocês não sabem que os santos hão de julgar o mundo? Se vocês hão de julgar o mundo, acaso não são capazes de julgar as causas de menor importância?”

 

Na verdade, em Mateus 7.1-2 Jesus alerta que devemos examinar nossa motivação para julgar, antes fazê-lo, pois está comprovado que frequentemente criticamos nos outros os hábitos de que não gostamos em nós próprios, ou a falta de certas qualidades em nós, como o escritor Honoré de Balzac certa vez registrou: “Estamos habituados a julgar os outros por nós próprios, e se os absolvemos complacentemente dos nossos defeitos, condenamo-los com severidade por não terem as nossas qualidades.”

 

Quando Jesus diz “não julguem”, está se referindo à atitude presunçosa com que muitas vezes julgamos, visando no fundo prevalecer sobre o outro, e sobre isto no verso 2 admoesta: “pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados”. Observemos que o Mestre não faz uma condenação indiscriminada a qualquer tipo de crítica, mas sim nos orienta para sermos criteriosos, puros, isentos, perguntando-nos sempre se Ele agiria da mesma forma como estamos prestes a proceder.

 

Quando estivermos a ponto de criticar alguém é aconselhável verificarmos se não somos nós os maiores merecedores daquela condenação, e com amor perdoemos o próximo e, se possível, com uma atitude misericordiosa prestemos-lhe auxílio, sempre nos acautelando para não sermos hipócritas como os fariseus que Jesus condenava, vendo apenas o cisco no olho do outro e não a trave no nosso.

 

Na realidade todas as pessoas têm a habilidade de avaliar um certo fato, situação ou circunstância, excetuando as mentalmente incapazes, que geralmente não são dotadas de capacidade de julgar. O problema é que muitas vezes, ao julgar o próximo, o fazemos com uma atitude de arrogância, como se fôssemos superiores, quando na verdade estamos empregando nossa própria imperfeita escala de valores para fazê-lo, e neste ato manifestamos nossas tendências boas ou más, quando deveríamos nos preocupar, antes de mais nada, em avaliar nossas próprias razões e motivações.

 

Quem nunca julgou alguém por sua aparência, atitudes ou qualquer outra razão, mesmo que apenas em pensamento? A conhecida escritora Clarice Lispector apela por mais compreensão e menos julgamento ao aconselhar: “Antes de julgar a minha vida ou o meu caráter, calce os meus sapatos e percorra o caminho que eu percorri, viva as minhas tristezas, as minhas dúvidas e as minhas alegrias. Percorra os anos que eu percorri, tropece onde eu tropecei e levante-se assim como eu fiz.”

 

Por isso, sempre que nos percebermos desgostosos ou irritados com alguém, voltemos o foco de nossas inquietações para nós mesmos, perguntando-nos o que aqueles sentimentos podem revelar a nosso próprio respeito, pois a causa de nossa irritação por certo estará em nós e não no outro. Até porque o erro que identificamos nele é relativo e depende das expectativas que temos a seu respeito, fundadas em nossa escala pessoal de valores, e estamos nos esquecendo do que Deus nos alerta em Provérbios 24.23 (NVI): “… Agir com parcialidade nos julgamentos não é nada bom.”

 

Muitos de nós, além disso, não poderíamos ser considerados julgadores confiáveis, porque é essencial que o bom juiz seja absolutamente imparcial, e nós temos muita dificuldade em sermos suficientemente isentos. E o mais grave é que constantemente prejulgamos os outros, e o dicionário Houaiss define com precisão prejulgar como “julgar ou formar opinião com antecipação, por conjectura; decidir antes de ter em mãos todos os elementos necessários para fazê-lo.”

 

Quando prejulgamos alguém, partindo de suposições geralmente preconcebidas e negativas a respeito de suas ações, como se enxergássemos o mundo e as pessoas através de lentes cinzentas, sombrias e ameaçadoras, temos muitas possibilidades de errar, e então ter de corrigir nossas atitudes precipitadas, o que nem sempre é possível, pois geralmente o estrago já está feito e suas repercussões são irreversíveis.

 

Por isso, para podermos emitir um juízo justo, é indispensável o conhecimento amplo e profundo das motivações e circunstâncias que moveram determinada pessoa a ter a atitude que teve, o que nem sempre é possível. Então é melhor calar-se, como Salomão ensina em Provérbios 11.12 (ARA): “O que despreza o próximo é falto de senso, mas o homem prudente, este se cala.”

 

(continua no próximo fim de semana)

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