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JUSTIFICAÇÃO

A Justificação é o ato de Deus através do qual Ele perdoa os pecadores e os aceita como justos por causa de Cristo. Por isso é um conceito teológico fundamental do cristianismo que trata da condição do ser humano com relação à justiça de Deus, e Paulo considerava que era o âmago do Evangelho, afirmando em 2 Coríntios 5.21 que “Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus”.

 

E a única forma de alcançarmos a justificação é através da fé pessoal em Jesus Cristo como nosso Salvador crucificado e nosso Senhor ressurreto, como o apóstolo afirma em Romanos 1.17: “… a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé”.

 

O capítulo XI da Confissão de Fé de Westminster expõe de forma magnífica e com clareza cristalina a questão, ensinando:

I. Os que Deus chama eficazmente, também livremente justifica. Esta justificação não consiste em Deus infundir neles a justiça, mas em perdoar os seus pecados e em considerar e aceitar as suas pessoas como justas. Deus não os justifica em razão de qualquer coisa neles operada ou por eles feita, mas somente em consideração da obra de Cristo; não lhes imputando como justiça a própria fé, o ato de crer ou qualquer outro ato de obediência evangélica, mas imputando-lhes a obediência e a satisfação de Cristo, quando eles o recebem e se firmam nele pela fé, que não têm de si mesmos, mas que é dom de Deus. (Rm.8:30; Rm.3:24,27-28; II Co.5:19,21; Tt.3:5-7; Ef.1:7; Jr.23:6; Jo.1:12; Jo.6:44-45; At.10:43-44; Fp.1:20; Ef.2:8).

II. A fé, assim recebendo e assim se firmando em Cristo e na justiça dele, é o único instrumento de justificação; ela, contudo não está sozinha na pessoa justificada, mas sempre anda acompanhada de todas as outras graças salvadoras; não é uma fé morta, mas obra por amor. (Jo.1:12; Rm.3:28; Rm.5:1; Tg.2:17,22,26; Gl.5:6).

III. Cristo, pela sua obediência e morte, pagou plenamente a dívida de todos os que são justificados, e, em lugar deles, fez a seu Pai uma satisfação própria, real e plena. Contudo, como Cristo foi pelo Pai dado em favor deles e como a obediência e satisfação dele foram aceitas em lugar deles, ambas livremente e não por qualquer coisa neles existente, a justificação deles é só da livre graça, a fim de que tanto a justiça restrita como a abundante graça de Deus sejam glorificadas na justificação dos pecadores. (Rm.5:8-10,19; I Tm.2:5-6; Hb.10:10, 14; Rm.8:32; II Co.5:21; Mt.3:17; Ef.5:2; Rm.3:26; Ef.2:7).

IV. Deus, desde toda a eternidade, decretou justificar todos os eleitos, e Cristo, no cumprimento do tempo, morreu pelos pecados deles e ressuscitou para a justificação deles; contudo eles não são justificados enquanto o Espírito Santo, no tempo próprio, não lhes aplica de fato os méritos de Cristo. (Gl.3:8; I Pe.1:2,19-20; Gl.4:4; I Tm.2:6; Rm.4:25; I Pe.1:21; Cl.1:21-22; Tt.3:4-7).

V. Deus continua a perdoar os pecados dos que são justificados. Embora eles nunca possam decair do estado de justificação, poderão, contudo, incorrer no paternal desagrado de Deus. e ficar privados da luz do seu rosto, até que se humilhem, confessem os seus pecados, peçam perdão e renovem a sua fé e o seu arrependimento. (Mt.6:12; I Jo.1:7,9; I Jo.2:1-2; Lc.22:32; Jo.10:28; Sl.89:31-33; Sl.32:5).

VI. A justificação dos crentes sob o Velho Testamento era, em todos estes respeitos, a mesma justificação dos crentes sob o Novo Testamento. (Gl.3:9,13-14; Rm.4:22,24).

 

Justificação não é uma mudança de natureza, mas uma declaração que não altera o interior de quem a recebe e, portanto, não se confunde com a santificação que decorre inevitavelmente na vida dos que são justificados e que jamais será completa nesta vida, ao contrário da justificação que é completa e não é passível de aperfeiçoamento.

 

Ela também não pode ser confundida com o perdão, apesar de envolvê-lo: enquanto o perdão tem um caráter negativo porque implica no cancelamento da nossa dívida com Deus, a justificação é eminentemente positiva, pois credita a nós a justiça de Cristo ao nos considerar eternamente justos como consequência de Seu sacrifício substitutivo na cruz.

 

O renomado escritor e professor de teologia e apologética no Westminster Seminary California, Michael Horton, afirma que “No minuto em que uma pessoa olha para “Cristo somente” para sua salvação, dependendo da Sua vida santa e sacrifício substitutivo na cruz, naquele exato momento ela ou ele é justificado (posto em posição de justiça, declarado justo, santo, perfeito). A própria santidade de Cristo é imputada (creditada) na conta do crente, como se ele ou ela tivessem vivido uma vida perfeita de obediência – mesmo enquanto aquela pessoa continua a cair repetidamente no pecado durante sua vida. O Cristão não é alguém que está olhando no espelho espiritual, medindo a proximidade de Deus pela experiência e progresso na santidade, mas é antes alguém que está “olhando para Cristo, o Autor e Consumador da nossa fé” (Hebreus 12.2). Resumindo, é o estilo de vida de Cristo, não o nosso, que atinge os requisitos de Deus, e é por Ele que a justiça pode ser transferida para a nossa conta, pela fé …”.

 

John Stott em seu livro A Mensagem de Romanos, afirma que “… a justificação (um novo status) e a regeneração (um novo coração), embora não sejam idênticas, são simultâneas. Todo crente justificado foi também regenerado pelo Espírito Santo e, dessa forma, destinado à santificação constante. Ou, se quisermos citar Calvino, “ninguém pode ostentar a justiça de Cristo sem a regeneração…”.

 

“A justiça pela qual somos justificados, não é algo feito por nós nem nada que tenhamos forjado em nós mesmos, mas algo feito por nós e a nós imputado. É a obra de Cristo, o que Ele fez e sofreu para satisfazer as demandas da lei (…), não é nada que tenhamos criado ou forjado em nós ou algo inerente em nós. Por isso dizemos que Cristo é a nossa justiça; que somos justificados por Seu sangue, Sua morte, Sua obediência; somos justos nEle e somos justificados por Ele, ou em Seu nome. A justiça de Deus, revelada no Evangelho e pela qual somos constituídos justos é, portanto, a justiça perfeita de Cristo, a qual cumpre completamente todos os requisitos da lei a que os homens estão obrigados e que todos os homens tem quebrado”. (Fonte: Jornal Os Puritanos – extraído do site www.monergismo.com).

 

O Catecismo de Heidelberg, redigido em 1563, em sua pergunta de número 60 questiona: “Como você é justo perante Deus?” E responde: “Somente por verdadeira fé em Jesus Cristo (1). Mesmo que minha consciência me acuse de ter pecado gravemente contra todos os mandamentos de Deus, e de não ter guardado nenhum deles, e de ser ainda inclinado a todo mal (2), todavia Deus me dá, sem nenhum mérito meu, por pura graça (3), a perfeita satisfação, a justiça e a santidade de Cristo (4). Deus me trata (5) como se eu nunca tivesse cometido pecado algum ou jamais tivesse sido pecador; e, como se pessoalmente eu tivesse cumprido toda a obediência que Cristo cumpriu por mim (6). Este benefício é meu somente se eu o aceitar por fé, de todo o coração (7)”.

(1) Rm 3:21-26; Rm 5:1,2; Gl 2:16; Ef 2:8,9; Fp 3:9. (2) Rm 3:9; Rm 7:23. (3) Dt 9:6; Ez 36:22; Rm 3:24; Rm 7:23-25; Ef 2:8; Tt 3:5. (4) 1Jo 2:1,2. (5) Rm 4:4-8; 2Co 5:19. (6) 2Co 5:21. (7) Jo 3:18; Rm 3:22.

 

Romanos 5.1-5 é uma das passagens de maior lirismo da obra de Paulo que nela canta e louva a profunda alegria e a paz inigualável que inunda por completo aquele que confia em Deus, em pleno regozijo enaltecendo: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus. E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado”.

 

Somente quando nos conscientizamos profundamente de que nosso Deus é o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo é que passamos a ter acesso à intimidade com Deus através de uma nova relação que Paulo chama de justificação, utilizando o termo grego prosagoge, que significa originalmente o acesso de alguém à sala real do trono, e que ele utiliza para referir-se à aproximação do adorador a Deus. É como se, nas palavras de William Barclay, renomado autor do Comentário Bíblico que leva o seu nome, Paulo dissesse: “Jesus nos introduz à própria presença de Deus. Jesus nos abre as portas à presença do Rei dos reis; e quando essas portas se abrem o que achamos é graça; não condenação, nem juízo, nem vingança, mas a pura, imerecida, não motivada, incrível bondade de Deus.” E continua Barclay: “Mas o termo prosagoge contém outra figura. No grego posterior é o termo usado para referir-se ao lugar onde atracam os barcos. É o termo para enseada ou porto. Se tomarmos neste sentido, significa que por mais que tentemos depender de nossos próprios esforços somos varridos pela tempestade, como marinheiros que enfrentam um mar que ameaça destrui-los totalmente, mas agora ouvimos a palavra de Cristo, alcançamos enfim o porto da graça, e conhecemos a calma de depender não do que podemos fazer por nós mesmos, mas sim do que Deus tem feito por nós. Porque por meio de Jesus entramos na presença do Rei dos reis; entramos no porto da graça de Deus”.

 

Contudo, ser cristão nunca foi fácil, por isso Paulo concentra-se nas provações que são inevitáveis na vida do crente, e que podem envolver privação, injustiça, perseguição, solidão, incompreensão por parte de muitos, além de outras tantas tribulações a respeito das quais devemos dar graças ao Pai porque têm a finalidade de em nós produzir a perseverança, a experiência e a esperança que forjam um espírito vencedor que pode derrotar o mundo, jamais passivamente, mas sim ativamente superando os desafios e os percalços da vida na terra, sempre confiado em Cristo.

 

E Paulo por fim coloca o majestoso fecho que derrota todo e qualquer temor que possa nos assaltar, declarando que a esperança cristã nunca nos decepciona porque está fundada no amor de Deus que foi derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que Ele nos concedeu. Quando a nossa esperança está em Deus nunca pode ser frustrada, quando está posta no amor de Deus nunca deixará de se cumprir, porque Ele nos ama com um amor eterno e imutável que emana de Seu poder eterno.

 

Senhor, amado Pai, sabemos que o fundamento da nossa justificação perante Ti não reside nas nossas obras, nem na nossa fé, nem em qualquer tipo de esforço pessoal que possamos empreender, mas sim na obra expiatória de Cristo em nosso favor na cruz do Calvário. Ele morreu a morte que era nossa, pagando a dívida que era nossa, levando sobre Si os pecados que eram nossos, sendo traspassado e moído pelas nossas iniquidades. Oh, Senhor, louvado sejas por tudo o que És, por tudo o que fazes, e por teres, apesar de sermos como somos, nos concedido a graça da justificação. É em nome de Cristo Jesus que oramos com profunda gratidão. Amém.

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O TAMANHO DA NOSSA FÉ

“Mas ele lhe respondeu: Falas como qualquer doida; temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal? Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios”. Jó 2.10 (ARA)

 

 

 

 

As provações da vida – que não raro nos sobrevêm sem sabermos o porquê – são oportunidades que Deus nos dá para demonstrarmos e ampliarmos o tamanho da nossa fé. Muita gente busca na religião um salvo-conduto contra o sofrimento e a dor, acreditando que por crerem em Deus estarão protegidas de problemas, e quando vêm as tribulações rebelam-se contra o Senhor, como fez a mulher de Jó. Neste dia aprendamos com a exemplar fidelidade de Jó, homem correto e justo que, mesmo tendo sua vida destruída e sem atinar com as razões de seu sofrimento, manteve-se firme na fé em Deus!

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PROFUNDA E AUTÊNTICA INTIMIDADE

“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”. João 1.12-13 (ARA)

 

 

 

Jesus “veio para o que era seu…” (v. 11), muitos O rejeitaram, porém alguns O acolheram, creram nEle, e foram estes a quem o Salvador deu o direito de tornarem-se filhos de Deus. Que neste dia tenhamos bem presente que são estas atitudes opostas que diferenciam o verdadeiro cristão do ímpio: enquanto este descrê e repudia o Filho, aquele amorosamente O recepciona e rejubila-se. Embora todos os homens sejam criaturas de Deus, só aqueles que aceitam o chamado e se convertem em Seus filhos ao crer no nome de Jesus Cristo, podem entrar para a família de Deus numa relação de profunda e autêntica intimidade com o Pai!

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