Obedeceômetro

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Obedeceômetro

Dias atrás deparei com um vídeo na internet que fazia a seguinte pergunta: “Você é realmente cristão?”, e continuava perguntando: “Você ora todos os dias, lê a Bíblia, jejua, entrega o dízimo, ama seu próximo como a si mesmo, fala de Jesus para os perdidos, entregaria todos os seus bens, seu conforto, sua vida para ganhar uma alma para Jesus, abriria as portas de sua casa a um estranho só para cuidar dele e lhe falar de Jesus? E prosseguia: “Pessoas e mais pessoas estão indo para o inferno todos os dias… mas você continua tranqüilo, afinal de contas está salvo! Onde você está agora? Talvez esteja em seu lar lendo sua Bíblia de R$ 150,00. Você realmente ama o perdido? Quanto do que ganha investe em missões? Que você tem feito para seu bairro melhorar? Você anda em santidade, ou não perde um capítulo da novela? Sabe o que as pessoas de contexto ‘pós-moderno’ pensam sobre a igreja? Eis uma amostra das respostas: ‘Clube social cheio de regras’, Julia, web designer; ‘Um local, simplesmente’, César, empresário; ‘Não sei, nunca frequentei uma’, Jorge, modelo homossexual; ‘Máquina de fazer dinheiro’, Flávio, jornalista; ‘Problema…’, Mônica e Regina, tatuadoras e lésbicas; ‘Sistema carcerário’, Fernando, ex-presidiário; ‘Último lugar a se frequentar’, Marcos, ilusionista e viciado em pornografia; ‘Onde se perde a vida’, Luciano, garoto de programa; ‘Comércio espiritual’, Vivian e Paula, ‘casadas’; ‘Buuuuuu!’, Erika, bancária alcoólatra; ‘Fanatismo’, Júnior, professor homossexual; ‘Nada contra nem a favor’, Julio e Samantha, casal praticante de swing.

São constatações chocantes, deploráveis, que nos remetem às profecias sobre os últimos dias, e confesso que reforçaram em mim um certo desconforto que venho sentindo já há algum tempo, e que quero compartilhar com os irmãos. Como estamos rodeados de mundanismo, não podemos fugir desta triste, insana, escabrosa realidade que nos cerca, e que a cada momento se mostra mais e mais deteriorada sob a batuta do maligno.

Mas Deus não nos escolheu um dia para cooperarmos com Ele por causa da bela cor dos nossos olhos, ou quem sabe por conta do prestígio de alguém junto a Ele, como supõem alguns iludidos. Ele nos elegeu por critérios que são apenas Seus, porém confiando-nos responsabilidades de serviço, de ação, de compromisso prático com a Sua obra na terra, em contraposição ao predomínio do mal. Mas o que fazer? nos perguntamos, sentindo-nos confusos, indefesos e impotentes face a tão gigantesca tarefa que sabemos que precisamos enfrentar, porque é uma ordenança do Senhor. Felizmente a Sua Palavra registrada nas Escrituras é pródiga em orientações e ensinamentos sobre o que fazer.

Tiago, o meio irmão de Jesus é enfático em 1.22, admoestando: “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos”, e Paulo tenta nos induzir em 1 Timóteo 2.1Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens”. Vamos ser francos e honestos: será que estaríamos enganando a nós mesmos, como Tiago adverte? Será que temos intercedido em favor de todos os homens, como Paulo instruiu? Pensem comigo: se existisse um “obedeceômetro”, um instrumento divino imaginário que medisse nosso grau de obediência a Ele, numa escala de 1 a 10, que grau alcançaríamos?

E o mesmo Paulo é bastante duro em 2 Coríntios 13.5, quando ordena: “Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados.” A expressão vós mesmos é enfática, mostrando que devemos avaliar-nos permanentemente quanto à nossa fidelidade a Cristo; Se não é que já estais reprovados é um alerta para que nós, como salvos, como membros da família da fé, ajamos de tal forma que a aprovação do Pai com relação a nós nas provas da vida terreal, seja certa.

A igreja primitiva nos dá até hoje muitos exemplos de conduta cristã, como Lucas registrou em Atos 4.32: “Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum.” Isto é impensável nos nossos dias, não? Mas, e se o antropocentrismo pós-moderno se transformasse em cristocentrismo? Utopia? Nosso Deus não é um Deus de utopias, mas sim de realidades, e Sua Palavra aí está para provar!

Isaias e Jesus são os principais arautos da necessidade de proclamarmos o Reino de Deus, e a Palavra nos mostra claramente que trata-se de um propósito essencial do Senhor, para o qual Ele nos chama e conta conosco, como está registrado em vários momentos na Bíblia. Vejamos alguns deles.

Em Isaías 61.1:O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados.

Em Mateus 28.18-20, o Senhor nos confere A Grande Comissão: Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.”

Em Lucas 10.1-2, Ele envia A Comissão dos Setenta: Depois disto, o Senhor designou outros setenta; e os enviou de dois em dois, para que o precedessem em cada cidade e lugar aonde ele estava para ir. E lhes fez a seguinte advertência: A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.

Em João 20.21, o Senhor Ressurreto faz uma aparição falando sobre a missão da Igreja:Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio.

Em Atos 9.15, Jesus fala a Ananias sobre Saulo:Mas o Senhor lhe disse: Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel.

Em Romanos 10.13-15, Paulo cita Joel 2.32 e Isaias 52.7: Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas !

Penso que todos os cristãos concordam que Deus espera que sejamos missionários em tempo integral, onde quer que estejamos: no trabalho, na escola, no lar, no condomínio, no bairro, na cidade, no país, no mundo. Assim sendo, podemos com segurança afirmar que estamos obedecendo ao Ide de Jesus como Ele espera que façamos? Será que um dia poderemos dizer como Moisés em Êxodo 32.32, referindo-se ao povo de Israel,“Agora, pois, perdoa-lhe o pecado; ou, se não, risca-me, peço-te, do livro que escreveste”, ou como Paulo em 1 Coríntios 9.16, “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho!”, ou ainda como John Knox, que fez a famosa oração “Pai dá-me a Escócia senão eu morro”. Será que teríamos a coragem, a fé e a perseverança do pastor George Whitefield, que no século XVIII atravessou o Oceano Atlântico 13 vezes numa pequena embarcação da Inglaterra para a Nova Inglaterra, nos Estados Unidos, com o propósito de anunciar o Evangelho? Ou quem sabe faríamos como o jovem David Brainerd – também no século XVIII – que tendo dedicado sua curta vida a evangelizar os indígenas norte-americanos, aos 29 anos de idade, pouco antes de morrer sobre o gelo, com os pulmões infectados, excretando sangue, orava, “Declaro, agora que estou morrendo, que não teria gasto minha vida de outro modo, ainda que em troca do mundo inteiro”?

Certa vez Charles Haddon Spurgeon disse: “Se os pecadores serão condenados, que eles o sejam pelo menos passando por cima de nossos corpos. Se os pecadores hão de perecer, que eles o façam pelo menos tendo os nossos braços a agarrar-lhes os joelhos, implorando que fiquem. Se o inferno tem de ser cheio, que o seja pelo menos contra o vigor de nossos esforços, e não permitamos que ninguém vá para o inferno sem que o tenhamos advertido e por ele tenhamos orado.”

Temos feito algo que mesmo de longe se assemelhe a isto? Será que somos verdadeiramente cristãos? Será que agimos no nosso dia a dia construindo pontes entre a Palavra e o Ide, atravessando o fosso que separa o saber do realizar? Ou será que estamos enganando a nós próprios, fazendo ouvidos moucos àquilo que Paulo advertiu em 1 Coríntios 3.18 (Bíblia NTLH): Que ninguém engane a si mesmo”?

Pai, dá-nos a Tua força para que consigamos aplicar tudo o que a Tua Palavra nos ensina. Não permita, Senhor, que nos acomodemos na nossa zona de conforto, como se Tu não tivesses nos outorgado a missão de ir ao mundo anunciar o Evangelho da Salvação para tantos perdidos. Assim oramos agradecidos no nome de Jesus. Amém.

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4 Comentários
  • Cid Aimbiré

    22 de julho de 2013 at 8:31

    Winston e Nanny, bastante apropriada a mensagem de hoje. Uma chamada à nossa obediência e relembrando a missão da igreja: pregar o evangelho. Que Deus continue a abençoar vocês neste ministério.
    Cid

    • Nanny & Winston

      22 de julho de 2013 at 14:25

      Obrigado, prezado irmão, por sua contribuição e pelas palavras de apoio e incentivo.

  • ieda amaral egg silveira

    22 de julho de 2013 at 11:26

    Amigos:
    Quanta verdade na sua reflexão! Quantos textos na bíblia nos exortam sobre a obediência! Quantos mandamentos de Jesus sobre nossa responsabilidade cristã! Quantos exemplos de cristãos obedientes!
    Por que não somos mais dedicados, mais comprometidos, 100% a serviço do nosso Mestre? Ficamos sempre a espera dos outros, queremos nos apoiar em alguém, precisamos que os pastores ou líderes tomem a iniciativa! Sentimo-nos fracos diante deste mundo tenebroso , embora tendo conosco o Senhor Todo-Poderoso! A experiência nos mostra que quando somos valentes e quando ousamos, não importam as circunstâncias, alcançamos a vitória em Cristo, como o jovem David Brainerd e outros.

    • Nanny & Winston

      22 de julho de 2013 at 14:21

      Querida Ieda,
      Seus questionamentos não são apenas oportunos, mas trazem também respostas sensíveis e brilhantes sobre esta questão crucial! Obrigado por contribuição tão importante!

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