O Lar Cristão

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O Lar Cristão

“Certo dia o Senhor Deus disse a Abrão: Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa do seu pai e vá para uma terra que eu lhe mostrarei.” (Gênesis 12.1 – Bíblia de Estudo NTLH).

Fé é uma expressão essencial do amor a Deus. Ocorre-me então uma pergunta perturbadora: amamos verdadeiramente ao Senhor? Todos os crentes sem dúvida afirmam que amam a Deus, e isto significa obedecermos a Ele em todos os Seus mandamentos e ordenanças. Mas será que estaríamos dispostos – como Abrão – a obedecer a Ele, e deixar nossa parentela e ir em direção a uma terra distante, sem saber exatamente onde e por quê? E será que estaríamos prontos a sacrificar – ainda como Abrão – com nossas próprias mãos, nosso único e tão esperado filho, atendendo a uma ordem Sua? Ou será que, como Davi, nos disporíamos a enfrentar, em luta mortal, um gigante de mais de 3,00 metros de altura para defendê-lO? E como Daniel, será que estaríamos prontos a morrer para não transigir em nossa fé?

Claro, podemos argumentar: mas eu não sou um destes vultos bíblicos tão importantes que Deus escolheu para servir de exemplo para a posteridade, um herói da fé, uma figura rara, sou apenas uma pessoa comum! Mas será que não estamos esquecendo que Deus nos elegeu antes da fundação do mundo para sermos Seus? E que Ele tem um propósito para cada um de nós? E que nos ordenou em Mateus 28.19: “Ide, portanto, e fazei discípulos de todas as nações”? E que o mundo não é composto exclusivamente por moradores de terras distantes, mas está representado também por familiares, por amigos, por vizinhos, por clientes, por conhecidos e desconhecidos? E que a cada dia encontramos novas pessoas que Deus talvez tenha nos enviado para sermos instrumentos Seus para promover salvação? Será que em tudo estamos fazendo a Sua soberana vontade? Não precisaremos, por certo, matar um gigante, ou quem sabe irmos ao Afeganistão pregar, porém se olharmos para o lado sempre veremos pessoas que precisam de nós, de uma palavra, de um agasalho, de uma ajuda financeira. E assim Ele nos dá o tempo todo oportunidades de obedecer à Sua vontade, isto é, de demonstrar nosso amor a Ele, e não há melhor forma de fazê-lo do que através de e com nossa família.

O lar cristão deve ser fundamentalmente um lar missionário, uma agência missionária, um farol de intensa luz em meio à escuridão deste mundo, agindo em duplo sentido: abrindo suas portas para acolher pessoas para compor a família de Deus, e indo portas afora para alcançar aqueles que não O conhecem.

O lar cristão deve ser um canal de bênçãos de duplo sentido, não apenas recebendo-as, mas também fazendo-as fluir para fora do âmbito familiar. E ao franquear suas portas para receber um grupo familiar de estudos bíblicos e de oração, o lar missionário amplia poderosamente sua ação, pelo efeito multiplicador que este ministério representa. Trata-se então de estender a família de sangue para transformá-la também em família da fé, em família de Deus, pois Ele tem um propósito especial para a família cristã no seu plano missionário para o mundo, desde a chamada de Abrão.

O lar missionário foi constituído por Deus para abençoar o mundo, tanto com a vida de seus membros, quanto com a intercessão contínua em favor do trabalho missionário que Deus está desenvolvendo nos diversos campos do mundo, por meio daqueles cristãos que Ele mesmo convocou, e que conduziu para glorificar o Seu nome entre as nações, pelo testemunho e proclamação de Jesus Cristo.

Muito mais do que pessoas que vivem juntas sob o mesmo teto, uma família cristã é um grupo de sacerdotes de Deus, portadores de um propósito especial d’Ele com relação ao mundo, e o culto doméstico se constitui num excelente instrumento para exercer o chamado para ser uma bênção. É um privilégio da família que ama, que teme e que serve ao Senhor em seu lar, como a Bíblia registra na afirmativa categórica de Josué, no capítulo 24, verso 15 de seu livro: Eu e a minha casa serviremos ao Senhor.

Além de reforçar valores bíblicos e cristãos, de promover a unidade e a compreensão familiar, de ser um valioso aprendizado sobre Deus e com Deus, o culto doméstico também pode se tornar uma experiência missionária significativa. Há farto material missionário disponível para o uso da família em seus momentos devocionais: periódicos denominacionais relatam as  atividades e pedidos de oração dos missionários, revistas publicam material inspirativo e informativo dos campos e a internet veicula diariamente pedidos de oração em favor do trabalho missionário pelo mundo. Mas um dos aspectos mais extraordinários da vida devocional vivida em família, são as oportunidades de perceber a manifestação divina nas respostas às orações.

Se realmente cremos no que Tiago 5.16  afirma de que “Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo, muito mais a oração de uma família comprometida com Deus e com a Sua obra terá efeito em favor da difusão do evangelho pelo mundo.

Da mesma maneira como o primeiro campo missionário dos pais cristãos deve ser o seu próprio lar, o primeiro santuário de uma família cristã deve ser a sua casa, um lugar santo onde Deus habita, lugar de encontro com Ele, morada de sacerdotes do Senhor e onde se pratica diariamente a intercessão pelo mundo perdido e pelos agentes que Deus designou para a sua transformação.

Senhor, Deus e Pai, que possamos amá-lO como Tu esperas que façamos, e que nosso lar – em que o Cristo será tudo em todos – configure-se como um oásis de paz e de amor em meio ao árido deserto que é este mundo. Em nome de Jesus. Amém.

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