O Coração do Homem

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O Coração do Homem

O coração humano, literalmente, é o órgão responsável pelo percurso do sangue bombeado através de todo o organismo, nos sentidos de ida e de volta, transportando assim o oxigênio e os nutrientes necessários às células que sustentam as atividades orgânicas, e assim é o centro da vida física. Nas Escrituras Sagradas o coração é geralmente citado de modo figurativo – poucas vezes de forma literal – para representar o íntimo, a parte central, o homem interior em seus desejos, afeições, objetivos, pensamentos, emoções, paixões, sabedoria, crenças, raciocínio, conhecimento, habilidade, memória e consciência, segundo o Journal of the Society of Biblical Literature and Exegesis: em Gênesis 6.5 ele é a sede do intelecto, dos sentimentos em 1 Samuel 1.8 e da vontade no Salmo 119.2.

Em mais de 850 citações na Bíblia Deus mostra a importância crucial deste órgão físico-moral, e diz em 1 Samuel 16.7 (NVI) que “… O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração”, isto é, ao contrário do ser humano, que deixa-se levar, na maioria das vezes, pela aparência exterior das pessoas, Ele perscruta o cerne, o âmago, o íntimo mais profundo do homem, e descortina o seu verdadeiro eu, por mais que consiga enganar, mistificar, burlar seus iguais. Nada pode ser escondido de Seu olhar onissapiente.

Corria o ano 63 A.C., quando os romanos tomaram Jerusalém e o comandante das tropas invasoras, general Pompeu, manifestou a vontade de conhecer o Grande Templo sobre o qual tanto tinha ouvido falar. Entrou no Santuário e, para consternação dos judeus que o acompanhavam, inopinadamente afastou uma cortina e penetrou no ambiente escuro do Santo dos Santos, o que só era permitido ao sumo sacerdote fazer, e apenas uma vez por ano. O que Pompeu procurava? A imagem do Deus dos judeus, a quem atribuía a força extraordinária daquele povo ao longo da história, porém nada viu, o que o deixou intrigado, e só mais tarde veio a compreender maravilhado que o povo judeu não cultuava imagem alguma, o que todos os povos que conhecia faziam, pois seu Deus deveria ocupar o santuário mais digno e nobre possível: o coração de cada fiel, o centro de seu ser. Por isso Provérbios 4.23 (NVI) admoesta: Acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua vida”, o que  o escritor, dramaturgo e filósofo Leon Tolstoi ecoou séculos depois, escrevendo que “é no coração do homem que reside o princípio e o fim de todas as coisas”.

Mas o coração humano não é confiável, e Jeremias 17.9 na versão ARA nos diz que “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?“. Já na versão da Bíblia Viva, a tradução é: O coração é a coisa mais mentirosa e traiçoeira que existe do mundo; o coração do homem é terrivelmente cheio de maldade. Não há ninguém capaz de saber até que ponto é mau e pecador o coração humano!, enquanto a Nova Tradução na Linguagem de Hoje interroga: “Quem pode entender o coração humano? Não há nada que engane tanto como ele; está doente demais para ser curado.” E Jesus ensinou em Mateus 15.18-19 (ARA), ao se contrapor ao ensino dos fariseus e escribas, indicando que do coração procede a força motivadora por trás da nossa conduta, quer boa, quer má:“… o que sai da boca vem do coração, e é isso que contamina o homem. Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias.”

Todos nós já sofremos desilusões com pessoas em quem confiávamos e que nos decepcionaram, sem que conscientemente tivéssemos dado motivos para suas atitudes “desafinadas”; mas, por outro lado, todos nós da mesma forma já desapontamos outros com nossas atitudes. A pessoa quer se julga traída sente-se ferida, magoada, desprezada, e acusa a outra, ou opta por simplesmente romper as relações; a que supostamente não correspondeu às expectativas da outra, sempre apresenta justificativas para ter agido ou deixado de agir de determinada maneira. Quem está certo? De quem é a culpa? Nem sempre é fácil discernir, e muitas vezes ambas são as causadoras do conflito. Mas uma coisa é certa: algo produzido no coração de alguém gerou a falta de entendimento. E esse algo nunca é o amor philos (amizade), nem storge (amor familiar), e muito menos ágape (amor incondicional), que são três dos quatro tipos de amor encontrados na Bíblia (o quarto é eros, o amor sexual). O gatilho que certamente disparou o projétil da desavença foram atitudes pecaminosas, egoístas, personalistas, de desamor ao próximo, de desconsideração, de rejeição, gestadas no coração e frequentemente emitidas pela boca, que profere aquilo de que está repleto o coração – o receptáculo de todo o pecado que vive em nós – como uma espécie de alto-falante onde a língua é a peça principal do sistema de comunicação. É o coração enganoso, soberbo, egocentrado, que maquina as traições, as retaliações, as maldades, as vinganças, que devolve o tapa ao invés de oferecer a outra face; que tem ideais elevados, porém vontade fraca; que pretende viver de forma altruísta, mas está profundamente preso ao egoísmo.

Somos pecadores renitentes, obstinados, pertinazes, e o pecado está arraigado no nosso coração como uma infecção que controla nosso ego, e que acaba por se transformar em nosso próprio eu, e então continuamos pecando dia após dia, e cada pecado é uma declaração de rebeldia contra Deus e de desamor contra nosso próximo. Dizemos acreditar em Jesus que nos diz em Mateus 22.37-39 (NVI), “Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: Ame o seu próximo como a si mesmo”, e fazemos exatamente o contrário. Enquanto continuarmos nos colocando na vida em primeiro lugar, antes de Deus e de nosso próximo como o centro de tudo, preferindo antes falar que ouvir, sendo tolerantes conosco e críticos com os outros, não há esperança de bons relacionamentos para nós, seja na família, na igreja, no trabalho, ou onde quer que convivamos com pessoas.

Da mesma forma que dos cuidados com o nosso coração orgânico depende a nossa vida presente no corpo físico, do nosso coração imaterial, figurativo, está sujeita a nossa vida futura no corpo glorificado, a vida eterna, por isso todos nós necessitamos de uma transformação radical em nossa natureza que é impossível ser alcançada com nossas próprias forças: a paz, a reconciliação, a concórdia, a harmonia e o entendimento só poderão ser encontrados no arrependimento, no perdão em Cristo Jesus e na operação do Espírito Santo em nós.

Precisamos cultivar no coração as motivações corretas que dirigirão nossa conduta, e a luz para nosso caminho, a Bíblia, nos oferece toda a orientação de que necessitamos, como mostram alguns exemplos na versão bíblica NVI: no sentido do que não fazer, Judas 16 adverte para não sermos como “Essas pessoas vivem se queixando e são descontentes com a sua sorte, seguem os seus próprios desejos impuros; são cheias de si e adulam os outros por interesse”; Paulo, em 1 Tessalonicenses 6.9-10 fala sobre o papel que o dinheiro deve ter em nossas vidas, alertando-nos que “os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos (…)  pois o amor ao dinheiro é raiz de todos os males.” Como ações positivas, Jesus em João 15.12 determina: “O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros como eu os amei”; o apóstolo João exorta-nos ao cumprimento do mandamento divino de amar o próximo, em 1 João 5.1: “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus, e todo aquele que ama o Pai ama também ao que dele foi gerado”; Paulo em Gálatas 6.10 instrui:“Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé.”

No Oriente Médio, onde a água é uma preciosidade de valor inestimável, os poços e as fontes sempre mereceram cuidados especiais, por isso costumava-se tapar com uma pedra a boca de uma nascente ou poço para evitar contaminação, e assim o termo “fonte selada” passou a significar algo de extremo valor, que devia ser guardado com zelo único. É com este sentido que Provérbios 4.23 (ARA) ensina que devemos cuidar do nosso coração:“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Jamais permitamos que ele seja contaminado por qualquer tipo de mal, pois isto comprometerá, talvez de forma irreparável, toda a nossa vida. Mas como guardar o nosso coração? Lutero dizia:“Não posso impedir que os pássaros voem sobre minha cabeça, mas posso impedir que  façam ninhos nela…”, com isto querendo significar que se não podemos evitar os pensamentos maus que nos ocorrem – muito deles induzidos pelo próprio diabo – mas somos no entanto capazes de preservar nossos corações de qualquer contágio nefasto, inundando-os com a Palavra de Deus, com orações e com o louvor a Ele!

Glorioso Pai, Filho e Espírito Santo, queremos manter nossos corações a salvo de toda e qualquer contaminação que venha a comprometer nossa comunhão conTigo, nossa santificação e nosso serviço a Ti. Ajuda-nos, fortalece-nos a fé, guarda-nos do mal, Senhor, para que possamos ostentar corações puros, totalmente dedicados a Ti, dia após dia, até nos encontrarmos conTigo na Tua glória! Amém.

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6 Comentários
  • NOEMY

    15 de janeiro de 2014 at 9:27

    QUERIDOS
    ESTA MENSAGEM FALA ALTO AOS NOSSOS CORAÇÕES.
    QUE TENHAMOS FOTÇAS PARA DIA APÓS DIA POSSAMOS MANTER NOSSOS CORAÇÕES LIMPOS DE TODO MAU PENSAMENTO.PRECISAMOS SEMPRE VIGIAR E ORAR PARA NÃO PECARMOS CONTRA AQUILO QUE NOS É SAGRADO.
    O AMOR INCONDICIONAL DO PAI.

  • Luiz Filipe Jordão

    22 de janeiro de 2014 at 8:54

    Muito obrigado pela mensagem, atual e oportuna. Tomei a liberdade de compartilhar no Facebook.

    • Nanny & Winston

      22 de janeiro de 2014 at 14:09

      Querido Jordão, nós é que agradecemos sua participação sempre bem-vinda. Você tem toda a liberdade para usar as mensagens do blog! Agradecemos a Deus por tê-lo conosco, e juntos podermos estar proclamando a Sua Palavra!

  • Rose Mara

    22 de maio de 2015 at 11:29

    quero agradecer primeiramente a Deus, o qual me dirigiu a este blog abençoado.
    quero agradecer a vcs que escreveram essa palavra abençoada, com toda CERTEZA essa palavra entrou no meu coração. creio que tenho aprendido a amar, porque Deus tem me ensinado e através dessas palavras veio ensinar-me mais ainda. obrigada Senhor, obrigada pela vida desses pastores e pela palavra abençoada que hoje me deste!
    graça e paz a todos.

    • Nanny & Winston

      22 de maio de 2015 at 17:11

      Prezada Rose,
      Que o Senhor continue a abençoá-la prodigamente e a cubra com Seu amor inefável!

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