Louco Amor

Louco Amor

“Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura, e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.” 1 Coríntios 2.14.

Nesta seção você vai poder conhecer as histórias da vida de missionários cristãos de ontem e de hoje, e de verdadeiros heróis da fé que mudaram o mundo. Você vai poder compartilhar expressões genuinamente cristãs, destacadas de diários, biografias, testemunhos, e até pensamentos marcantes de pessoas dominadas por esta paixão por Deus, contemplando desde “santos”, assim considerados pela Igreja, pastores, missionários, lideranças da Igreja, personalidades da cultura, e até pessoas comuns.

Um Louco Amor por Cristo que o mundo não consegue entender, é o que move estas pessoas especiais que deixam tudo para trás para atender ao Ide do Salvador.

Share

Justino Mártir

Flávio Justino nasceu de pais pagãos no primeiro decênio do século II de nossa era em Flávia Neápolis, a antiga Siquém, atual Nablus, na Palestina.

Quando jovem filósofo, Justino estudou os ensinamentos dos estoicos, de Aristóteles e de Pitágoras, e mais tarde foi adepto do platonismo, que prometia uma visão de Deus aos que sondassem a verdade com profundidade suficiente, e esta era a sua busca.
Certo dia encontrou-se com um cristão já idoso, e ficou perplexo diante de sua dignidade e humildade. O homem citou várias profecias judaicas, mostrando que o caminho cristão era realmente verdadeiro, e que Jesus era a verdadeira expressão de Deus.
Esse encontro provocou grande transformação na vida de Justino, que debruçado sobre os escritos proféticos e lendo os evangelhos e as cartas de Paulo, tornou-se um cristão dedicado. Foi assim que nos últimos trinta anos de sua vida, viajou, evangelizou e escreveu, tendo desempenhado um papel muito importante no desenvolvimento da teologia da igreja, na compreensão que a igreja tinha de si mesma e na imagem que apresentava ao mundo.

A igreja cristã – praticamente desde o seu início – atuou em dois mundos: o judeu e o gentio, e o livro de Atos registra o lento e doloroso desabrochar do cristianismo no mundo gentio: enquanto Pedro e Estêvão pregaram aos ouvintes judeus, Paulo falou aos filósofos atenienses e aos governadores romanos, e sua vida revela muitos paralelos com a vida de Justino. O apóstolo era um judeu nascido em área gentia (Tarso); Justino era um gentio nascido em área judaica (a antiga Siquém); ambos tinham boa formação intelectual e religiosa, e usavam o dom da argumentação que possuíam para convencer judeus e gentios da verdade de Cristo, e tanto um quanto o outro foram martirizados em Roma em razão de sua fé.
Nos século I, durante os reinados dos imperadores Nero e Domiciano, a igreja se esforçava por sobreviver para continuar sua tradição e para mostrar ao mundo o amor de Jesus Cristo. Os não-cristãos, por outro lado, viam o cristianismo como uma seita primitiva, uma ramificação do judaismo caracterizada por ensinamentos e práticas estranhas.
Em meados do século II –  imperadores menos radicais como Trajano, Antonino Pio e Marco Aurélio – possibilitaram à igreja uma nova ação: explicar o motivo de sua existência para o mundo de maneira convincente. Foi então que Justino se tornou um dos primeiros apologistas cristãos, ou seja, um dos que explicavam a fé como sistema racional. Com escritores que surgiriam mais tarde – como Orígenes e Tertuliano – ele interpretou o cristianismo em termos que seriam familiares aos gregos e aos romanos instruídos de seus dias.
A maior obra de Justino, a Apologia – que em grego significa a lógica na qual as crenças de uma pessoa são baseadas – deve ter sido escrita entre os anos 15-155, e foi endereçada ao imperador Antonino Pio. Justino explicava e defendia sua fé, discutia com as autoridades romanas a perseguição aos cristãos, e argumentava que as autoridades deveriam unir forças com os cristãos na denúncia da falsidade das crenças pagãs.
Para Justino, toda verdade era a verdade de Deus. Acreditava que os grandes filósofos gregos haviam sido inspirados por Deus até certo ponto, mas permaneciam cegos com relação à plenitude da verdade de Cristo. Com este enfoque, Justino trabalhou livremente com o pensamento grego, explicando Cristo como o cumprimento daquela verdade, utilizando o princípio apresentado pelo apóstolo João, no qual Cristo é o logos, a Palavra. Deus Pai era santo e separado da humanidade maligna – e Justino concordava com Platão nesse aspecto – porém dizia que por intermédio de Cristo, seu logos, Deus pôde enfim alcançar os seres humanos.

Como Paulo, Justino não abandonou os judeus à medida que se aproximava dos gregos, e em outra grande obra, Diálogo com Trifão, ele escreve a um judeu seu conhecido, apresentando Cristo como o cumprimento da tradição hebraica.

A doutrina fundamental de Justino pode ser resumida nos seguintes princípios básicos:

  1. O cristianismo é a “única filosofia segura e útil” (Diálogo 8), resultado último e definitivo ao qual a razão deve chegar em sua investigação. E a razão nada mais é do que o Verbo de Deus, isto é, Cristo, do qual participa todo o gênero humano (Apologia I, 46).
  2. 2. Os que viveram conforme a razão são cristãos, embora tenham sido considerados ateus… “De modo que aqueles que nasceram e viveram irracionalmente foram malvados e inimigos de Cristo e assassinos dos que vivem segundo a razão; mas aqueles que viveram e vivem segundo a razão, são cristãos impávidos e tranqüilos.”
  3. Porém, esses cristãos anteriores não conheceram toda a verdade. Havia neles sementes de verdade que não puderam entender perfeitamente (Apologia I, 44).
  4. “Tudo o que de verdade se tenha dito pertence a nós, cristãos; já que, além de Deus, nós adoramos e amamos o logos do Deus ingênito e inefável, o que se fez homem por nós, para nos curar de nossas doenças, participando delas” (Apologia II, 13).

Além de escrever, Justino também viajou bastante, sempre argumentando a favor da fé, tendo se encontrado com Trifão em Éfeso, e com Marcião, o líder gnóstico, em Roma. Em outra ocasião, durante uma viagem a Roma, Justino se indispôs com um homem chamado Crescendo, o Cínico. Quando Justino retornou a Roma, por volta do ano 165, Crescendo o denunciou às autoridades, e Justino foi preso, torturado e decapitado, juntamente com outros seis crentes, entre os anos 163-167.
Justino escreveu certa vez a seus detratores que “vocês podem nos matar, mas não podem nos causar dano verdadeiro”, e apegou-se a essa convicção até a morte, quando recebeu o nome que passaria a usar por toda a história: Justino Mártir.

Share
0
0

Irmão André e a Missão Portas Abertas

A Missão Portas Abertas, mundialmente conhecida como Open Doors International, é uma organização cristã interdenominacional dedicada a apoiar cristãos perseguidos em países onde o cristianismo é legalmente desencorajado ou reprimido. Foi criada em 1955 pelo holandês Andrew van der Bijl, mais conhecido como Irmão André, que decidiu contrabandear bíblias para suprir os cristãos vivendo em países da então chamada “Cortina de Ferro”.

Após o sucesso inicial em entregar bíblias na Polônia, Irmão André prosseguiu fazendo o mesmo em diversos países alinhados com o regime soviético. Em 1957 ele passou a usar um fusca, que viria a percorrer mais de 300 mil km e se tornaria um símbolo da missão.

Os anos iniciais da missão foram registrados no livro O Contrabandista de Deus, publicado em 1967, onde André narra suas experiências em penetrar as fronteiras do Leste Europeu e o contato com os cristãos que viviam sua fé sob restrição.

As operações da Portas Abertas se estenderam para outros lugares, à medida que novas necessidades dos cristãos eram identificadas em diferentes localidades do mundo. Assim, Portas Abertas iniciou suas atividades na China em 1965 e no Oriente Médio em 1978, onde atualmente concentra a maior parte dos seus esforços.

Neste mesmo ano de 1978 Portas Abertas abriu seu escritório local no Brasil, onde conta com um número crescente de colaboradores. A Portas Abertas Brasil conta com a ajuda de diversos voluntários que dedicam um período de tempo ou um talento pessoal para a causa da Igreja Perseguida. São pessoas de diversos Estados do país, ou mesmo brasileiros que moram em outros países, que colaboram com traduções, redação de textos, digitação de nomes, atendimento e outros.

Outro país que atrai grande parte dos esforços da missão é a Coréia do Norte, que encabeça a lista publicada regularmente pela entidade,  que aponta os países com maiores restrições ao cristianismo .

Em 1981, a Missão Portas Abertas Internacional organizou uma operação secreta denominada “Projeto Pérola”, que possibilitou a entrega na China de um milhão de bíblias em uma única noite.

O fundador da Portas Abertas, Irmão André, completou este ano 84 anos de idade e 59 anos de ministério com a Igreja Perseguida, e no  site da missão foi divulgado que “…depois de ter visitado quase o mundo todo servindo a irmãos livres e perseguidos, sua saúde começa a dar sinais de que é necessário descansar. Desde 2008, ele fez um anúncio oficial de que não mais visitaria países livres e que tinha o desejo de dedicar seus últimos anos ministrando à Igreja Perseguida. Desde então, o Irmão André participou de poucos eventos na Europa e investiu suas energias no contato com líderes do Talibã e Al Qaeda, no Paquistão e Afeganistão. O que ele não esperava era que em maio de 2010, após retornar de uma de suas viagens mais marcantes no Paquistão, teria de enfrentar uma difícil experiência. Ele estava limpando seu jardim quando teve uma crise aguda de estafa e caiu no chão quase morto. Seu corpo estava tão cansado e sem energia que estava desfalecendo. Por um milagre, sua esposa que havia saído para um compromisso, mas retornou para pegar algo que havia esquecido na casa,encontrou-o no jardim. Imediatamente chamaram uma ambulância e ele foi levado para o hospital. Sua situação era frágil e ele foi induzido ao coma. Durante alguns dias, muitos pensaram que ele não sobreviveria, mas ainda não era seu tempo. O Irmão André relata que enquanto estava inconsciente teve uma visão com Jesus e Ele lhe disse sete coisas. Ao acordar, lembrava apenas de cinco delas. Uma das mais impressionantes era: ‘Os muçulmanos têm tido sonhos e visões comigo, porque a Igreja no Ocidente não tem feito aquilo que foi comissionada a fazer’. Alguns pensaram que aquele seria o fim, mas o Contrabandista de Deus não foi impedido por aquele incidente e, mesmo com a saúde frágil, já visitou outra vez o Paquistão ainda em 2010.”

No dia 28 de fevereiro de 2011, André recebeu o prêmio de Herói da Fé da Universidade de Liderança, na Flórida, Estados Unidos. Na placa, o texto dizia: Prêmio Herói da fé, 2011, Irmão André, em nome de uma grata geração de pastores de jovens por seu coração humilde, visão ousada e serviço sacrificial.

A Palavra de Deus é essencial para o crescimento espiritual. Sem a devida orientação, recém-convertidos que enfrentam fortes pressões culturais podem não escapar de falsos ensinamentos. A Bíblia é tão escassa em determinadas localidades que algumas igrejas compartilham apenas um exemplar e, às vezes, apenas fragmentos dele. Os cristãos perseguidos necessitam de Bíblias e literatura cristã para seu desenvolvimento pessoal e comunitário. Em 2010, a Portas Abertas entregou mais de 3,4 milhões de Bíblias, Bíblias infantis, impressos e outros materiais que a Igreja Perseguida solicitou em quase 50 países.

O convite, estendido a todos nós, é: “Ore pelo Irmão André, para que sua saúde seja restabelecida. Ore por sua família e para que ele continue a cumprir a vontade de Deus nos anos que virão.”

Share
0
0

George Whitefield – O Pregador ao Ar Livre

A vida de Whitefield foi um milagre: nascido na Inglaterra em 1714, foi dado à luz em uma taberna. Antes de completar 3 anos, seu pai faleceu, e na pensão mantida por sua mãe, fazia a limpeza dos quartos, lavava roupa e vendia bebida no bar. Embora ainda não fosse salvo, interessava-se grandemente pela Bíblia, que lia até alta noite. Custeou os próprios estudo servindo como garçom em um hotel, e na escola já era conhecido como orador por sua eloqüência natural e espontânea.

Apesar de sua fragilidade física, que desde a mocidade provocava-lhe doenças, dores e sofrimentos, levando-o a muitas vezes desejar partir e estar com Cristo, Whitefield pregou durante 35 anos nos Estados Unidos, Grã-BretanhaIrlanda mais de 18.000 sermões, tornando-se o evangelista mais conhecido do século XVIII, quebrando as tradições estabelecidas a respeito da pregação e abrindo caminho para a evangelização em massa, sendo que na Universidade de Oxford, cooperou com os irmãos John e Charles Wesley, participando com eles no “Clube Santo”.

Enquanto jovem sua sede de Deus o tornou consciente de que o Senhor tinha um plano para sua vida, e para preparar-se jejuava e orava regularmente, separando o dia em 3 partes: 8 h sozinho com Deus e em estudos; 8 h para dormir e fazer as refeições, 8 h para o trabalho entre o povo.

Ardia nele um zelo santo de ver todas as pessoas libertas da escravidão do pecado. Foi chamado de “príncipe dos pregadores ao ar livre”, porque pregava em média dez vezes por semana, e isso fez durante um período de 34 anos, em grande parte sob o teto construído por Deus – os céus abertos. A pregação de Whitefield era feita de forma tão vívida que parecia quase sobrenatural. Sobre outra característica de suas pregações, alguém assim escreveu: “Quase nunca pregava sem chorar, e sei que as suas lágrimas eram sinceras. Ouvi-o dizer: ‘vós me censurais porque choro. Mas, como posso conter-me, quando não chorais por vós mesmos, apesar das vossas almas mortais estarem à beira da destruição? Não sabeis se estais ouvindo o último sermão, ou não, ou se jamais tereis outra oportunidade de chegar a Cristo’”.

O segredo da grande colheita de almas salvas em seu ministério, não era a sua maravilhosa voz nem a sua grande eloqüência; não poder-se-ia dizer também que o povo tivesse o coração aberto para receber o Evangelho, uma vez que havia na época grande decadência espiritual entre os crentes. Também não foi por falta de oposição, pois repetidas vezes pregou nos campos porque as igrejas fecharam-lhe as portas; às vezes nem os hotéis queriam aceitá-lo como hóspede; certa ocasião foi agredido a pauladas, atiraram-lhe torrões de areia, destruíram a mesa que lhe servia de púlpito e arremessaram contra ele o lixo da feira; de outra feita, apedrejaram-no até ficar coberto de sangue, e em outra oportunidade as autoridades ameaçaram prendê-lo se pregasse. O segredo dos frutos de seu ministério era o seu louco amor para com Deus, que o fez consagrar a vida completamente a Cristo, e considerava-se um “peregrino” errante no mundo, procurando almas.

Whitefield morreu nos Estados Unidos em 1770, da forma que desejara: no meio de uma série de pregações. Antes de pregar sua última mensagem, sentindo-se muito mal, Whitefield orou: “Senhor, se ainda não completei minha carreira, deixa-me ir falar por ti mais uma vez no campo, selar tua verdade e voltar para casa e morrer!” Sua oração foi respondida. Seu último discurso foi no meio da tarde, num campo, em cima de um barril. Seu texto foi: “Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé” (2 Coríntios 13.5). No começo falou com muita dificuldade, com voz rouca e dicção pesada. Frase após frase saía sem muito nexo, sem atenção a objetivo ou oratória. Mas, de repente, sua mente se acendeu e sua voz de leão bradou mais uma vez, alcançando as extremidades da sua enorme audiência, ao falar da ineficácia de obras para alcançar a salvação. A voz de Whitefield trovejava: “Obras! Obras! O homem alcançar o céu por obras! Eu pensaria antes em alcançar a lua subindo numa corda de areia!” Esta foi a exortação final do grande pregador: a luz que brilhou na sua alma queimou com ardor até o fim da sua vida.

Depois do sermão, passou a noite na casa de um pastor, e ao subir para o quarto de dormir, virou-se na escada e, com a vela na mão, proferiu uma curta mensagem aos amigos que ali estava e insistiam para que pregasse. Às 2 horas da madrugada acordou; faltava-lhe o fôlego. Pronunciou então suas últimas palavras na terra: “estou morrendo”. No seu funeral, John Wesley o homenageou como um grande homem de Deus, e efetivamente Whitefield foi um exemplo do cumprimento das palavras de Jesus em João 14.12: ”Na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque vou para meu Pai”.

Share
0
0