Ashbel Green Simonton

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Ashbel Green Simonton

Houve um homem que sentiu o chamado de Deus para ser missionário no Brasil. Ashbel Green Simonton nasceu no sul da Pensilvânia em 1833 e passou a infância na fazenda da família, denominada Antigua. Abandonou seu curso de Direito para estudar Teologia e veio solteiro para o Brasil, desembarcando no Rio de Janeiro em 12/08/1859 como missionário pioneiro da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos. Casou-se quatro anos depois, ganhou uma filha e perdeu a esposa no ano seguinte. Morreu de febre amarela em São Paulo em 1867 aos 34 anos.  Fundou a 1º Igreja Presbiteriana do Brasil, atual I Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro em 1862. Ao longo dos sete anos que viveu no Brasil, recebeu 70 pessoas à comunhão da Igreja – dez novos membros por ano – não obstante a natureza pioneira de seu ministério, os desgastes com a morte prematura da esposa, e a situação crítica dos Estados Unidos com a Guerra de Secessão envolvendo a questão da escravatura  (1861-65), que o afligia muito.

Registros de seu diário:

12.02.1861 “Em casa do Major Paulino Iris, encontrei dois padres. Discuti com o mais jovem sobre a conveniência de colocar a Bíblia nas mãos do povo. A seu pedido enviei-lhe uma Bíblia”.
03.05.1855 “Não terei dúvidas em sacrificar seja o que for, do ponto de vista mundano, para optar pelo ministério – contudo que veja a vocação com clareza”.
20.01.1856 “Estou pronto para desistir do mundo com suas riquezas e honras, e ir a qualquer lugar onde Deus me envie a seu serviço”.
17.03.1856 “Em nenhum lugar o avivamento religioso é mais necessário ou deveria ser mais procurado, do que num seminário teológico.”
10.10.1859 “Fui com o senhor H. a um leilão em que ele comprou dois negros. Outra vez estou no meio do horror da escravidão”.
14.01.1862 “A semana de oração passou. Creio que o povo de Deus em todos os lugares levantou súplicas fervorosas pelo derramamento do Espírito, para que o Reino de Cristo se estabeleça na terra nestes tempos de tormenta”.
08.07.1862 “A noite passada ficamos conversando até altas horas sobre o passado e sobre os que partiram. Cada um contribuía com maior ou menor parte dos tesouros de sua memória. Muitos incidentes e lembranças foram revividos e a conexão do presente com o passado parecia completa. Foi uma legítima reunião de família, pois mesmo os que partiram pareciam estar conosco”.
03.01.1863 “Depois de uma advertência de cem dias, o Presidente fez a 1º de janeiro uma Proclamação emancipando todos os escravos nos Estados rebeldes, com exceção dos Estados de fronteira”.
07.07.1863 “Cruzamos a linha do Equador a 4 de julho. O dia estava lindo e para comemorá-lo Helen pôs seu melhor vestido de viagem… para essa ocasião patriótica (87º aniversário da independência dos Estados Unidos).
02.05.1865 “Em Brotas, encontrei melhores sentimentos e sinceridade religiosa e passei a alimentar maior esperança de uma rápida propagação do evangelho no Brasil”.

(Extraído de Entrevistas com Simonton, de Elben Lenz César).

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3 Comentários
  • Eliseu

    18 de janeiro de 2012 at 11:24

    Boas informações sobre a vida deste grande servo de Deus. Contudo: segundo vários cientistas sociais, sociólogos e historiadores brasileiros; o Sr. Simonton quando chegou em solo brasileiro, foi servido utilizou da mão de obra de escravos “negros” e portanto teria sido “senhor de escravos”. Será?

  • Eliseu

    18 de janeiro de 2012 at 11:29

    Boas informações sobre a vida deste grande servo de Deus. Contudo: segundo vários cientistas sociais, sociólogos e historiadores brasileiros; o Sr. Simonton quando chegou em solo brasileiro, foi servido, fez uso da mão de obra de escravos “negros” e portanto teria sido “senhor de escravos”. Será? Isto també poderia ser visto como sinal do amor que “ele” nutria pelo Senhor Jesus em relação ao seu próximo.

    • Péricles Figueiredo

      27 de janeiro de 2012 at 10:57

      Caro irmão, nunca me constou qualquer registro neste sentido. Muito pelo contrário, e, inclusive um registro do próprio Simonton, diz explicitamente: “Fui com o senhor H. a um leilão em que ele comprou dois negros. Outra vez estou no meio do horror da escravidão” (10 de outubro de 1859). Chamo a atenção para o fato de que neste período ambos, Brasil e E.U.A. viviam esta deplorável situação da escravidão, mormente nos engenhos de açucar. Uma pesquisa histórica apurada fugiria às minhas possibilidades, não obstante ter convicções profundas da condenação do ilustre cristão ao regime de escravidão. Tenho em mãos e recomendo, a leitura do livreto ENTREVISTAS COM ASHBEL GREEN SIMONTON, de autoria de Elben Lenz César, erudito pesquisador e historiador cristão, em particular o capítulo ESCRAVATURA E SEGREGAÇÃO RACIAL, onde em entrevistas simuladas com Simonton – baseadas em pesquisa honesta e competente – o mesmo tece veementes condenações à escravatura, de cuja argumentação destaco: “A escravidão é um sistema que clama aos céus por justiça e mais cedo ou mais tarde o julgamento vem. não tenho dúvidas de que a recente contenda de Deus com minha nação – a guerra civil que matou mais de 500 mil americanos – diz respeito à escravidão.” Grande abraço

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