dezembro 2016

Vida Santa

“Para ser sábio, é preciso primeiro temer a Deus, o Senhor. Se você conhece o Deus Santo, então você tem compreensão das coisas.Provérbios 9.10 (NTLH)

Hoje guardemo-nos da companhia e dos prazeres insensatos dos que não têm Deus, ou nunca conseguiremos nos alegrar com os prazeres de uma vida santa; não nos associemos a homens maus na esperança de fazê-los bons, porque talvez sejamos corrompidos por eles. Mas não é suficiente evitar o ímpio, precisamos nos juntar àqueles que temem ao Senhor e trilham os caminhos da sabedoria, como admoesta Paulo em 2 Coríntios 6.14: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?”.

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Pele Dura e Coração Mole

Davi era um homem como nós, de carne e osso, com defeitos e imperfeições. Cometeu muitos erros pela vida afora, no entanto tornou-se um homem segundo o coração de Deus, porque era detentor de virtudes admiráveis, que o Senhor preza, e que nós mesmos podemos desenvolver, entre elas um espírito perdoador.

É preciso admitir, no entanto, que não é fácil alcançar tal qualidade, porque nossa tendência humana é revidar, ao invés de perdoar plenamente quando ofendidos, por isso via de regra reagimos de uma das três formas: a primeira é o perdão condicional, quando oferecemos ao ofensor uma condição sine qua non para perdoá-lo (“perdoo se você se admitir que errou”); a segunda é o perdão parcial, que impõe uma determinada condição para ser oferecido (“perdoo, mas não espere que eu esqueça”), e a terceira é o perdão prorrogado, circunstância em que exigimos tempo para perdoar (“algum dia ainda vou acabar perdoando você, mas não agora”).

Frente a uma situação em que nos sentimos prejudicados, geralmente tendemos a cultivar sentimentos de ultraje e revanche, criando uma barreira emocional negativa entre nós e nosso(s) oponente(s), ao invés de vermos a situação sob a ótica de uma oportunidade para exercitar o perdão como Jesus nos ensinou em Lucas 6.37 (NTLH): Não julguem os outros, e Deus não julgará vocês. Não condenem os outros, e Deus não condenará vocês. Perdoem os outros, e Deus perdoará vocês.

Uma coisa, portanto, é fora de qualquer dúvida: a única resposta boa e construtiva à ofensa está no perdão. Se não o fazemos, o ressentimento começa a se formar, e se continuamos não perdoando, o sentimento se aprofunda e transforma-se em ódio, que por usa vez leva ao rancor, que então produz o desejo de vingança. Mas há uma atitude essencial que devemos tomar para que evitemos mergulhar no turbilhão de ira que acaba na vingança: logo após nos sentirmos ofendidos, não podemos permitir que a ofensa perdure e nos faça sentir ressentimento, por isso é necessário rapidamente tomar a iniciativa de empreender o processo de perdão.

Davi, em determinado momento de seu reinado, após cometer o pecado com Bate-Seba, viu acontecer a morte do filho de ambos, o ataque às suas mulheres, a conspiração engendrada por seu filho Absalão que resultou na usurpação do seu trono, forçando-o a fugir para salvar a vida, e agora ele encontrava-se em “… um poço de perdição…”, como ele mesmo define no Salmo 40.2 (ARA).

Foi nestas trágicas circunstâncias de derrota, desespero e profunda culpa, que Davi foi confrontado por um homem perverso chamado Simei, que com muita agressividade o atacou, como está narrado em  2 Samuel 16.5-8 (NTLH): Quando o rei Davi chegou à cidade de Baurim, Simei, filho de Gera, um dos parentes de Saul, foi encontrar-se com ele e começou a amaldiçoá-lo. Simei começou também a jogar pedras em Davi e nos seus oficiais, apesar de o rei estar rodeado pelos seus homens e pelos guardas pessoais. Ele amaldiçoou Davi e disse: —Fora daqui, assassino! Criminoso! Você tomou o reino de Saul. O SENHOR Deus o está castigando por você ter matado tantas pessoas da família de Saul. Agora Deus entregou o reino ao seu filho Absalão, e você está arruinado, seu assassino!

Então um dos poderosos guerreiros de Davi, seu tio Abisai o aconselha, dizendo no verso 9 (NTLH): Por que o senhor permite que este cachorro morto o amaldiçoe? Deixe que eu vá lá cortar a cabeça dele!”

Simei havia de forma insana interpelado Davi, que passava por um momento extremamente difícil de sua vida, usando o expediente de não apenas atirar pedras e amaldiçoar o rei, mas também assacando mentiras contra ele, deixando Davi com duas alternativas: ou ficar ofendido, ressentido, levando-o a vingar-se deste homem injusto, desrespeitoso e caluniador, ou “deixar para lá”.

Tentemos nos colocar no lugar de Davi. Como reagiríamos? Será que não nos sentiríamos injustiçados, agredidos em nossa integridade, desrespeitados, e nossa reação não seria colérica e indignada contra aquele ser vil, permitindo que alguém nos vingasse?

Mas Davi permanece calmo, e não permite que as atitudes violentas de Simei deem o tom da situação, e então responde nos versos 10 e 12, sem se ofender, sem tomar a situação pelo lado pessoal, exibindo magnífico autocontrole: “Vocês, filhos de Zeruia, não têm nada com isso! — respondeu o rei a Abisai e ao seu irmão Joabe. — Se foi o SENHOR Deus quem mandou que este homem me amaldiçoasse, quem tem o direito de perguntar por que é que ele está fazendo isso? (…) Pode ser que o SENHOR olhe para a minha aflição e me dê algumas bênçãos em lugar destas maldições”.

Qual é a demonstração que Davi fez com sua atitude? De ser um homem que possuía aquilo que costumou-se denominar de uma pele dura e um coração mole. Se pretendemos ser usados por Deus, especialmente em posições de liderança, lidando com pessoas, precisamos como Davi ter também uma pele dura o suficiente para impedir que sejamos feridos pelas pedras atiradas pelos Simeis da vida que existem em grande quantidade e em todo lugar. Mas é indispensável que esta pele dura não produza um coração endurecido em relação a Deus e aos outros, ao contrário: nosso coração precisa amolecer-se mais e mais, à medida que a pele grossa que nos protege impede que o âmago de nosso ser seja afetado, e o Espírito Santo então possa agir livremente em nós e por nós, transformando-nos.

Após o triste episódio em que Absalão foi brutalmente morto, Davi reassume o trono, e Simei então decide procurar o rei, como é relatado em 2 Samuel 19.16,18-20 (NTLH): “… Simei (…) foi depressa ao rio Jordão para se encontrar com o rei Davi. (…) Quando o rei estava se aprontando para atravessar o rio, Simei se jogou no chão, em frente dele, e disse: — Ó rei, eu peço que perdoe o mal que lhe fiz no dia em que o senhor saiu de Jerusalém. Esqueça o que eu fiz; nunca mais pense nisso. Eu sei que fiz uma coisa errada e é por isso que sou a primeira pessoa das tribos do Norte a vir encontrá-lo hoje”.

Simei, prostrado aos pés de Davi, está literalmente rogando o perdão do rei. Então no verso 21 o tio Abisai novamente aconselha Davi, opinando: “… Simei deveria morrer por ter amaldiçoado aquele que Deus escolheu como rei”.

Mas Davi novamente não se deixa influenciar e permanece mantendo total autocontrole misericordioso, deixando para a posteridade um magnífico exemplo de espírito perdoador, ao redarguir com veemência nos versos 22-23: “… Quem pediu a sua opinião? Vocês estão querendo me criar problemas? Agora eu sou o rei de Israel, e nenhum israelita será morto hoje. E disse a Simei: — Eu juro que você não será morto.

Como pode Davi perdoar alguém como Simei? Voltando-se para Deus, sem perda de tempo entregando a crise que vivia nas Suas poderosas mãos, como atesta o Salmo 51, onde ele reconhece o pecado cometido e roga confiadamente pelo perdão do Senhor, ao dizer no verso 17 (NTLH) que, “… tu não rejeitarás um coração humilde e arrependido. Se Deus o perdoou pelo grave crime que havia cometido, como ele poderia deixar de perdoar Simei por ofensa relativamente tão menor? Numa dimensão incomparavelmente maior, se Jesus Cristo perdoou as nossas ofensas, como poderíamos ousar não perdoar as de outrem? É útil aqui também considerarmos que o que impede que perdoemos não é nada mais nada menos que o nosso orgulho, e que a falta de reconhecimento dos próprios erros faz com que se torne difícil tolerar e perdoar as falhas dos outros.

Mas para perdoar é necessário – com o auxílio do Espírito Santo – também cultivarmos algumas atitudes que criam a pele dura indispensável para abrandar a intensidade dos golpes recebidos. Em primeiro lugar, devemos orar a Deus pedindo humildemente que Ele nos ajude a não sermos tão sensíveis e vulneráveis, acalmando-nos, dando-nos paciência e equilíbrio para suportar quem nos ofende, e nos comunicarmos com a pessoa sem nos desestabilizarmos. Depois, é preciso rogar que Ele nos conceda a graça de compreender o que motiva nosso ofensor, procurando colocarmo-nos em seu lugar, buscando discernir o que está por trás das suas palavras ou comportamento, como Jesus fez com Seus inimigos em Lucas 23.34 (NTLH) ao instar: “… Pai, perdoa esta gente! Eles não sabem o que estão fazendo. A seguir, recordemos que nós próprios já cometemos atos ofensivos, inadequados ou impróprios com relação a outras pessoas, e então também sentimos a necessidade de perdão, por isso oremos para que Deus nos faça sempre ser sinceros e autênticos no pedido de perdão a eles. Por fim, o perdão precisa ser verbalizado, não apenas pensado, e isso exige coragem, determinação e o amparo e direção do Espírito Santo, por isso, ao enfrentarmos circunstâncias deste tipo, oremos contritos rogando pelo Seu agir poderoso em nós, certos de que Ele é fiel.

Senhor, Davi, o homem segundo o Teu coração, agiu como Cristo agiria. Ajuda-nos também a proceder como Ele, manifestando o fruto do Espírito por meio das virtudes que descrevem a vida de Teu Filho: amor, que é o que Tu és e o que devemos ser; alegria, proveniente do contentamento com a forma como Tu ages conosco; paz, advinda de um relacionamento harmonioso conTigo e com o próximo; longanimidade, que devemos manifestar diante das perseguições e injustiças; benignidade, exemplificada na relação de carinho de Jesus com as criancinhas; bondade, demonstrada pela conduta do samaritano com relação ao próximo em Lucas 10.30-35; fidelidade, expressa na confiança e obediência a Ti, não importando as circunstâncias; mansidão, exteriorizada por uma conduta de completa humildade; e domínio próprio, revelado por um comportamento de absoluto controle emocional que representa a marca daquele que pertence a Ti. Assim oramos em nome do Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. Amém.

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Ele nos Ouve

“Eu, porém, ponho a minha esperança em Deus, o Senhor, e confio firmemente que ele me salvará. O meu Deus me atenderá.” Miqueias 7.7 (NTLH)
Amigos, parentes e até irmãos na fé talvez não sejam fiéis, mas o Senhor não nos voltará as costas; ao contrário, Ele volve Seus ouvidos para nós e ouve nossas súplicas. Quanto menos razões tivermos para confiar em seres humanos, mais motivos existem para nos regozijarmos no Senhor; mesmo que os homens sejam falsos, podemos ter a certeza de que a verdade reside no Deus da nossa salvação. Neste dia lembremo-nos de que Deus é o Deus vivo, por isso Ele efetivamente pode nos ouvir; é amor, por isso sem dúvida nos ouvirá; fez aliança conosco, por isso comprometeu-se a ouvir-nos.

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