agosto 2011

Fé Operosa

John era um alpinista muito experiente que já havia enfrentado vários enormes desafios ao escalar algumas das montanhas mais altas e difíceis do mundo. Agora estava pronto – após se preparar meticulosamente durante meses – para conquistar sozinho a mais alta de todas, o temível Everest. Fama e fortuna eram as grandes motivações de sua vida, e assim iniciou a escalada naquele primeiro dia com enorme disposição, disposto a correr riscos além daqueles normais para obter sucesso a qualquer custo. O dia terminava, a iluminação jáREAD MORE

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Fé Cristã

O grande Charles H. Spurgeon certa vez escreveu um texto primoroso sobre a fé que tem o título Pela Fé e não pelos Sentimentos”, em que afirma convicto: “Eu não morrerei. Eu posso crer, e realmente creio, no Senhor, meu Deus; e esta fé me preservará vivo. Serei contado entre aqueles que, em suas vidas, são justos. Mas, ainda que eu fosse perfeito, eu não procuraria viver por minha justiça; apegar-me-ia à obra do Senhor Jesus e ainda viveria somente pela fé nEle e por nada READ MORE

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Força na Mansidão

Por Luiz Augusto Lima Jr.

A Bíblia sempre fala da paciência como uma virtude a ser cultivada. Paciência nas tribulações, paciência no aguardar a volta de Cristo, mas sobretudo as páginas sagradas nos exortam a demonstrar paciência com pessoas difíceis. A tentação é de ficarmos irritados, de nos colocar na defensiva e de responder de forma ríspida ou agressiva, especialmente quando nos consideramos ofendidos, atacados ou injustiçados. Este clamor por justiça nos é inato. Desde a mais tenra idade a criança já protesta indignada: “Não é justo!”.

O Salmo 37:5 nos diz para “entregar o nosso caminho ao Senhor”, o que parafraseando seria, “deixe para Deus a sua causa”. Ou ainda, “ande na luz e deixe com Deus a tua causa”. Em alguns jantares em família, isto pode significar servir o suco e transferir para Deus a necessidade de nos defender.

Jesus estava citando o Salmo 37 quando disse no Sermão do Monte que “os mansos herdarão a terra”. Na realidade, todo o Salmo 37 fala da mansidão. Mas o que é “ser manso” biblicamente? Geralmente o manso é considerado como sendo aquela pessoa que é tímida, reticente ou respeitosa demais. Mas se refletirmos sobre as duas únicas pessoas que são descritas na Bíblia como mansas – Moisés e Jesus – perceberemos que mansidão pouco tem a ver com timidez.

Por outro lado, a análise da etimologia da palavra também não parece ajudar muito. Mansidão tem a ver com animais domesticados, especialmente aqueles que carregam fardos. Embora não nos sintamos à primeira vista particularmente atraídos a nos parecer com um boi puxando o arado, ao pensarmos melhor vemos que não se trata um animal fraco. Ao contrário! Toda a questão é que a sua força foi contida e direcionada. Assim, talvez mansidão seja essencialmente força submetida a uma autoridade apropriada.

Quando nos encontramos em conflito com alguém, temos inicialmente a impressão de que nossa ira nos dá força e coragem para lidar com a situação. Mas rapidamente a ira nos trai, minando nossas energias e comprometendo nossa capacidade de agir de acordo com a sabedoria e direção divinas. Somente quando deixamos para o Senhor a nossa causa – aquela necessidade incontrolável de provar que estamos certos – é que começamos a responder apropriadamente a partir de uma força divina, e não humana.

Todo o Salmo 37 é sobre força na mansidão. Ele nos convida a deixar Deus ser Deus, e a resistir à tentação de fazer o trabalho que é dele. O manso não retribui mal com o mal, mas confia em Deus para fazer justiça (v. 1-3). O manso não fica ansioso, mas deixa Deus satisfazer as necessidades de seu coração ao invés de tentar manipular as pessoas e as circunstâncias para obter o que deseja (v. 4).

Quanta energia gastamos tentando garantir nossa própria provisão e gerenciar a percepção que os outros têm de nós! O Salmo 37 nos diz que o manso não toma para si este fardo. Ele confia no que Deus diz. E Ele afirma que suprirá, protegerá e defenderá. E ao deixar Deus ser Deus, o manso se livra de um peso e pode assim se concentrar em por as mãos no arado do Senhor. Isto é certamente um bom plano.

No entanto, não nos enganemos! O fato de transferir os nossos fardos para Deus não garante necessariamente a solução de nossos problemas. A fé não é assim. A Bíblia nos mostra que, ao entregarmos o nosso caminho ao Senhor, frequentemente as circunstâncias se tornam mais desafiadoras e não menos. Então, por que deixar para Deus “aquilo” (a necessidade, a circunstância, o irmão ou amigo agressivo) se o problema não será necessariamente resolvido?

Há histórias que narram prisioneiros em campos de concentração nazistas sendo obrigados a empurrar pesadas rochas de uma extremidade de um campo até a outra, só para depois trazê-las de volta. Muitos daqueles homens enlouqueceram. Não por causa da natureza extenuante do trabalho em si, mas por causa da sua futilidade. Assim também conosco. Não é a experiência em si mesma de ser mal compreendido ou do sofrimento que nos abate, mas é antes a sensação de que estamos suportando a provação sem um propósito relevante. O apóstolo Paulo, no entanto, afirma que em Cristo o nosso trabalho não é vão (1 Co 15:58). Não há portanto desperdício de esforço ou dor se estamos em Cristo, pois não há nada que Deus não possa redimir.

Temos uma escolha. Podemos nos desgastar empurrando pedras em nossos campos de concentração da vida. Ou podemos ser mansos, e deixar estes fardos com o Senhor. Talvez não entendamos todas as implicações da afirmação bíblica de que “os mansos herdarão a terra”. Mas uma coisa é certa: o mundo se torna um lugar melhor quando tiramos os pesos de nossos ombros e os colocamos nas mãos d’Aquele que nos ama.

Referências:

[1] J. Stott, “A Mensagem de Efésios”, ABU Editora.

[2] C. Arends, “Strength in Meekness” – Christianity Today, Fev. 2010.


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