outubro 2010

Justiça e Paz

Thomas Andrews, construtor do Titanic, o maior navio de passageiros de sua época, no dia de lançá-lo ao mar respondeu de forma arrogante a uma repórter que o questionou quanto à segurança do navio: “Minha filha, nem Deus afunda este navio”.

O Titanic afundou em sua viagem inaugural, após bater num iceberg, matando mais de 1.500 pessoas, no maior naufrágio de um navio de passageiros em todos os tempos.

No Brasil, a classe política sempre revelou incontáveis candidatos a cargos eletivos que, na ânsia para angariar votos, nunca hesitaram em afirmar as mais deslavadas inverdades, a fazer as mais absurdas promessas e a proferir as mais arrogantes bravatas que ao longo dos mandatos jamais se cumprem. Como consequência inevitável, estupefatos, preocupados, consternados e enojados, hoje assistimos – graças ao desgoverno e à corrupção endêmica alojada em todos os níveis da política nacional por décadas a fio – o país mergulhado na pior crise da sua história. Sim, o Brasil-Titanic no qual estamos embarcados encontra-se seriamente danificado, arriscado de ir a pique, e a vida está repleta de exemplos de afirmações cheias de soberba, de heresias ególatras de pessoas que depois são desmentidas pelos acontecimentos subsequentes.

No entanto, o profeta Isaías no capítulo 32 de seu livro, versículos 1 a 8, traça um retrato do rei e do governo ideais, que no entanto só será plenamente concretizado quando o Messias vier novamente para estabelecer Seu justo governo sobre o planeta.

Vejam se não parece uma resposta maravilhosa, verdadeiramente de sonho, às nossas inquietações quanto ao presente político que vivemos. Diz ele, na versão da Bíblia de Estudo Nova Tradução na Linguagem de Hoje: “Virá o dia em que um rei reinará com justiça e as autoridades governarão com honestidade. Todas elas protegerão o povo como um abrigo protege contra a tempestade e o vento; elas serão como rios numa terra seca, como a sombra de uma grande rocha no deserto. Então todos poderão ver claramente de novo e de novo ouvirão tudo facilmente; serão ajuizados, entenderão as coisas e poderão falar com clareza e inteligência. Ninguém dirá que um sem-vergonha é uma pessoa de valor, nem que o malandro merece respeito. Pois o sem-vergonha diz mentiras e está sempre planejando fazer maldades. O que ele diz a respeito do Senhor é falso; ele faz estas coisas que Deus detesta: nega comida aos que têm fome e água aos que estão com sede. O malandro faz trapaças; inventa mentiras para prejudicar a causa dos pobres, mesmo quando eles têm razão. Mas quem é direito faz planos honestos e é correto em tudo o que faz.” Mais adiante no mesmo capítulo, nos versículos 17 a 19, Isaias profetiza: “O efeito da justiça será paz, e o fruto da justiça, repouso e segurança, para sempre. O meu povo habitará em moradas de paz, em moradas bem seguras e em lugares quietos e tranquilos, ainda que haja saraivada, caia o bosque e seja a cidade inteiramente abatida.”

Sem justiça não pode haver paz, e a promessa profética é a de que no reino Milenar o justo viverá em paz, a tal ponto que sua habitação não será atingida, mesmo que tudo à sua volta seja totalmente destruído. Mas é necessário que façamos a nossa parte, como filhos de Deus, como servos usados por Ele para a construção do Seu Reino. Partindo deste pressuposto básico, essencial, como deveria ser nossa atitude como cristãos, para que influenciemos o nosso entorno, onde quer que estejamos – bairro, cidade, nação – de forma positiva e transformadora?

Deus tem como alvo de Seu agir tanto o céu como a terra. Isso está expresso nos ensinamentos dados por Jesus em Mateus 6.10, quando nos ensinou a Oração do Senhor: “…venha o teu reino, faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu”. Davi, no salmo 24.1 e Paulo, em 1 Coríntios 10.26, disseram a mesma coisa:do Senhor é a terra. É sobre a terra que Deus imprime Seu amor, Sua justiça e Sua retidão, em cada nação. Jesus ensinou que a única maneira de se entrar no Reino dos Céus era por intermédio d’Ele, mas sempre colocou a salvação dentro do contexto da mensagem completa do Reino dos Céus. Ele nunca se referiu ao evangelho da salvação; Jesus ensinou o evangelho do Reino, contemplando não só a salvação como também as verdades sobre cada aspecto da nossa vida.

O teólogo e pastor luterano Dietrich Bonhoeffer, certa vez afirmou: “Salvação sem discipulado é ‘graça barata’.” A experiente líder cristã e missionária Landa Cope em seu livro “Modelo Social do Antigo Testamento – Redescobrindo Princípios de Deus para Discipular as Nações” defende a tese de que as áreas da vida devem ser usadas estrategicamente para discipular as nações: o Governo, a Família, as Artes, a Educação, a Ciência, a Comunicação e a Economia, mas entende que também é necessário redefinir o papel da Igreja neste contexto.

Ela pede que oremos para que haja uma revolução global na Política e na Justiça Social, uma “explosão” de integralidade nos indivíduos e nas famílias; pede que oremos para que a glória de Deus seja revelada, e para que todos os cristãos do mundo sigam o que Francisco de Assis ensinou: é preciso dar testemunho de Deus todos os dias e, quando necessário, usar palavras.

Irmãos, na verdade Deus nunca muda; nós, o Seu povo, no entanto, necessitamos mudar, e muito.

Pai, cremos na Tua palavra e acreditamos em Ti quando dizes que queres abençoar todas as pessoas e usar a Igreja de Cristo para isso. Senhor, nos dias de hoje não estamos tendo o tipo de influência cristã que deveríamos ter, por isso ajuda-nos a enxergar o caminho que Tu desejas que trilhemos. Em nome de Cristo Jesus oramos agradecidos. Amém.

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