outubro 2010

Sob a Luz de Deus

Cidadão proeminente naquela cidade, homem de muitas posses, porém cristão grato a Deus por toda a riqueza que conseguira licitamente angariar ao longo dos anos, decidiu então fazer algo mais para o Reino que apenas entregar o dízimo e as ofertas.

Teve então uma idéia: criar um centro para receber ofertas para os carentes. Seriam angariados não somente recursos financeiros, como também roupas, mantimentos, móveis, utensílios domésticos, e quaisquer outras coisas que pudessem suprir pessoas necessitadas.

Iniciou então pela contratação do projeto do edifício, e junto com o arquiteto discutiu cada detalhe, cada minúcia da obra, para que o resultado final fosse o mais próximo possível da perfeição que ele imaginava. Veio o dia da inauguração, e os amigos e conhecidos que ali estavam ficaram muitíssimo bem impressionados com a qualidade do edifício, que reunia o que de melhor e mais inovador a tecnologia podia oferecer. Até que um dos presentes chamou a atenção de todos para algo inesperado: “Onde estão as lâmpadas? Como será feita a iluminação dos ambientes quando estiver escuro?” Ao que o anfitrião respondeu: “Aqui estão comigo lâmpadas, uma para cada família presente. Estão vendo aqueles suportes nas paredes? A cada reunião que tivermos neste centro, vocês trarão cada um a sua lâmpada, colocarão no suporte que tem o seu nome e os ambientes resplandecerão de luz! No entanto, cada vez que não puderem vir, haverá um ponto escuro. E isto será para lembrar que sempre que deixarem de fazer algo em benefício de alguém, uma parte da Casa de Deus estará em trevas. Lembrem-se, cada vez que somos solidários com nosso próximo, nossa própria vida se ilumina, nossa alma se regozija e os céus se alegram!”

Jesus disse em Mateus 5.15-16 que nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.”

A luz representa o efeito da nossa vida cristã nos outros. Jesus é a própria luz, como o apóstolo diz em João 1.4-5: A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela.”

Séculos antes da vinda de Nosso Senhor, o profeta Isaías antevia – no Reino Milenar – a luz da glória de Deus sobre Jerusalém e Israel, e anunciava que as nações viriam para ela, para a verdade, por meio da pregação do Evangelho de Cristo: “Dispõe-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do Senhor nasce sobre ti. Porque eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos; mas sobre ti aparece resplendente o Senhor, e a sua glória se vê sobre ti. As nações se encaminham para a tua luz, e os reis, para o resplendor que te nasceu. (Isaias 60.1-3).

Sabemos que luz significa a ausência de trevas, mas a questão que está posta aqui é a separação entre ambas, que Deus fez como está registrado em Gênesis 1.4. Ele certamente poderia ter simplesmente eliminado as trevas, mas não o fez; Ele as separou da luz, e mais tarde mandou Seu Filho exatamente para isto: para salvar o mundo fazendo a separação. O homem teve então a oportunidade de transformar-se em filho da luz ao aceitar a Cristo como único e suficiente Salvador, ou continuar como filho das trevas ao rejeitá-lO.

A farta iluminação que as nações hoje orgulhosamente exibem em suas noites de feérico esplendor urbano – em especial as mais desenvolvidas – é meramente artificial, não tem nada a ver com a verdadeira luz que vem de Deus, e até mesmo se opõe a ela, por seu caráter eminentemente materialista, consumista, que visa atrair em especial aqueles que buscam prazeres carnais.

Não há como pretender que as nações andem na luz, se não for pela presença do Evangelho, se não pautarem-se pela verdadeira aplicação da Palavra.

No Antigo Testamento a relação de Deus era marcadamente com os povos e as nações; no Novo Testamento, no entanto, é principalmente com as pessoas, pois em primeiro lugar é preciso que as pessoas se convertam, para que haja a conversão das nações.

Nos dias que correm, o mundo todo vive em trevas, e os povos da terra na escuridão absoluta da ilusória busca da riqueza material, afastados da verdade e da retidão de caráter. E estas virtudes, ao contrário do que alguns supõem, não são de cunho exclusivamente religioso, mas também de ordem moral, precisam estar em conformidade com a razão, com a justiça, com o direito, com a lei, com o dever, e estritamente relacionadas com a integridade, com a lisura e com a probidade.

Deus Amado, que possamos hoje e sempre viver e descansar sob a Tua luz, que é a abundância verdadeira e durável, a riqueza eternal incorruptível. É no nome precioso de Jesus Cristo que oramos agradecidos. Amém.

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Acolhimento

Lá estava aquele rapaz com a família, em férias, num acampamento isolado e com o carro enguiçado. Depois de uma hora e com um tornozelo torcido, encontrou finalmente um posto de gasolina, fechado, pois era domingo. Por sorte havia um telefone público e conseguiu ligar para a única empresa de auto-socorro que encontrou na lista. “Não tem problema”, atendeu alguém do outro lado, “normalmente não trabalho aos domingos, mas posso chegar aí em mais ou menos meia hora”. Quando chegaram ao acampamento no caminhão-guincho, percebeu com espanto o motorista descer com aparelhos nas duas pernas e a ajuda de muletas para se locomover. Santo Deus! Ele era deficiente físico!!! “É só uma bateria descarregada”, disse ele. Feita a carga, o rapaz perguntou quanto lhe devia. “Oh…Nada não!…”, respondeu, para sua surpresa. “Há muitos anos atrás, alguém me ajudou a sair de uma situação muito pior, quando perdi as minhas pernas, e o sujeito que me socorreu, simplesmente me disse: Passe Isto Adiante.”

Isto é amor incondicional! Será que estamos passando adiante as coisas boas que nos fazem? E será que estamos fazendo aos outros uma parcela mínima que seja das coisas maravilhosas que Deus já nos fez e que continua a fazer, e que nós às vezes sequer percebemos ou valorizamos, ou que até mesmo esquecemos de agradecer?

Na igreja, a Casa de Oração de Deus, esta atitude tem relação direta com a forma como tratamos nossos irmãos e com a qualidade do acolhimento que lhes damos.

Há mais ou menos 2.700 anos o profeta Isaias, como porta-voz do Senhor, escreveu em seu livro, no capítulo 56, verso 7: “também os levarei ao meu santo monte e os alegrarei na minha Casa de Oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar, porque a minha casa será chamada Casa de Oração para todos os povos”.

Mas aproximadamente 700 anos depois, na época do ministério terreno de Jesus, a Casa de Oração de Deus já se achava poluída pelo mundanismo de então, obrigando o Mestre a expulsar os vendilhões do Templo. Em torno do ano 60 de nossa era, quase 2.000 anos atrás, o apóstolo Paulo, quando o cristianismo emergente era abrigado nas casas daqueles que eram do Caminho, escreveu em 1 Coríntios 16.19: “As igrejas da Ásia vos saúdam. No Senhor, muito vos saúdam Áqüila e Priscila e, bem assim, a igreja que está na casa deles”, revelando mudanças importantes que a Casa de Oração de Deus tinha sofrido: por um lado havia perdido em imponência física, mas ganho em valor espiritual, ao recuperar a pureza exigida por Cristo. Por outro, agora passava a abrigar o Corpo de Cristo, a Sua Igreja.

Deus criou Sua Casa de Oração, para que Seus filhos nela pudessem congregar em união e amor por Ele e uns pelos outros, para adorá-lO em espírito e em verdade. Ela é o abrigo que o Senhor fez construir, com a finalidade de que o amor permeasse a tudo e a todos, como um verdadeiro espaço de retribuição por tudo o que temos recebido.

Na volta de Cristo, o mundo todo será uma gigantesca Casa de Oração, onde não haverá distinção entre criaturas e filhos de Deus, pois todos faremos parte da Sua família. Até que este dia chegue, no entanto, precisamos nos empenhar na busca do aprendizado do que é ter verdadeira comunhão simultaneamente com Ele e com nosso irmão.

O acolhimento pela igreja não pode se resumir apenas ao primeiro dia ou aos primeiros tempos em que o visitante é recebido, pois para acolher é preciso amar sinceramente, e para amar aos outros é preciso tolerantemente aceitá-los exatamente como são naquele estágio de suas vidas.

Deus nos pede que ajamos acolhedoramente, como Ele sempre fez com relação a nós: “Sede misericordiosos, como também é misericordioso vosso Pai” (Lucas 6.36). Por isso, é questão de sermos tolerantes e, sob a direção divina, relevarmos as mútuas diferenças. Em Jesus temos um ideal não apenas de santidade, mas, também, de aceitação, como Paulo ensina em Romanos 15.7: “Portanto, acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a glória de Deus”.

Um verdadeiro cristão nunca pode dizer a outro “Eu te amo se…”, mas deve sempre dizer: “Eu te amo como tu és”.

Na carta aos Romanos, Paulo mostra o que acolher significa: não julgar o outro em assuntos que não são considerados pecado (14.1-3); viver em paz com o outro, edificando-o (14.19); suportar as debilidades dos mais fracos (15.1); não ser orgulhoso, pretensioso, condescendo com o que é humilde, e nunca sendo sábio aos próprios olhos (12.16).

Assim como Cristo nos acolheu para a eternidade, a Sua Casa de Oração deve acolher sempre, e o acolhimento deve ser renovado todos os dias, até a Sua volta.

Que o Senhor Nosso Deus nos dê a graça de entendermos e praticarmos o bom acolhimento, que é permitir que o outro tenha prioridade em nosso coração, a despeito das nossas próprias necessidades. Em nome de Cristo Jesus. Amém.

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Incapazes da Inocência

Pastor e presidente do Seminário Teológico de Dallas, Texas, o escritor cristão Charles Swindoll, em seu livro “Paulo – Um Homem de Coragem e Graça”, conta uma historinha a respeito de um casal que fazia uma dupla comemoração: festejava seu sexagésimo aniversário e ao mesmo tempo o quadragésimo de casamento. À noite, enquanto comemoravam, uma fada apareceu e disse: “Durante quarenta anos vocês formaram um casal exemplar e amoroso, por isso vou conceder um desejo a cada um, e apontou sua varinha para a esposa. Fiel e amorosa, ela pediu um cruzeiro com todas as despesas pagas para uma ilha romântica do Caribe, para ela e para o marido. Imediatamente as passagens surgiram em suas mãos, para sua alegria e felicidade. Então a fada virou-se para o marido esperando seu pedido. O homem puxou a fada de lado e sussurrou: ‘Gostaria de ter uma mulher trinta anos mais moça que eu’. A fada franziu o nariz, agitou a varinha, e…plim, plim, o homem ficou com noventa anos.”

Esta fábula serve para ilustrar o resultado sempre infausto da ganância. Cobiça e ambição desmedida, têm levado não só indivíduos, como também nações, à ruína, ao desastre, à perdição, ao longo da história. Ainda no século passado, diversas nações, verdadeiros impérios, colheram os frutos amargos das tentações por ganhos territoriais, por riquezas minerais, pela exploração de populações inteiras e por posições geográficas estratégicas, que resultaram em desastrosas guerras fratricidas.

A coexistência pacífica das nações tem estado sempre pendente das atitudes egoístas de seus dirigentes, o que impede a convivência democrática, levando inevitavelmente ao sofrimento conseqüente de tais iniciativas diabólicas. Sistematicamente, tais nações são corrigidas, como o são os indivíduos, para que, idealmente, não venham mais a repetir tais erros. É-lhes por isso mostrada a conseqüência de suas atitudes inconseqüentes, materialistas, embora muitas vezes falsamente empreendidas em nome de Deus.

Miquéias, contemporâneo de Isaias, ambos tendo profetizado sobre problemas semelhantes entre aproximadamente 740 e 690 a.C. – o primeiro no interior e o outro na cidade – nos versos 1 a 5 do capítulo 4 de seu livro, registra texto praticamente idêntico a Isaias 2.2-4, fazendo uma descrição do reino milenar (Bíblia NTLH): ”No futuro, o monte do Templo do Senhor será o mais alto de todos, ficando acima de todos os montes. Todas as nações irão correndo para lá, e esses povos dirão: ‘Vamos subir o monte do Senhor, vamos ao Templo do Deus de Israel. Ele nos ensinará o que devemos fazer, e nós andaremos nos seus caminhos. Pois os ensinamentos do Senhor vêm de Jerusalém; é do monte Sião que ele fala ao seu povo.’ Ele será juiz entre muitos povos e decidirá questões entre grandes nações distantes. Os povos transformarão as suas espadas em arados e as suas lanças em foices. Nunca mais as nações farão guerra, nem se prepararão novamente para batalhas. Todos viverão seguros, e cada um descansará calmamente debaixo das suas figueiras e das suas parreiras. Esta é a promessa do Senhor Todo-Poderoso. As outras nações adoram e obedecem aos seus deuses; mas, quanto a nós, o Senhor é o nosso Deus, e nós o adoraremos e lhe obedeceremos para sempre.”

No capítulo 2, verso 1, encontramos uma das acusações de Deus contra os poderosos que seriam castigados por causa da injustiça, e que parece estar dirigida a certos líderes e políticos brasileiros dos dias de hoje, que por decisão “fechada” de seus partidos políticos, defendem questões sabidamente contrárias à vontade de Deus, mas que lhes rendem votos: “Ai daqueles que, no seu leito, imaginam a iniqüidade e maquinam o mal! À luz da alva, o praticam, porque o poder está em suas mãos.”

E Miquéias mostra o que Deus espera de nós no capítulo 6, verso 8: Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.”

Devemos defender e praticar a justiça, odiando o pecado e aplicando a Sua Palavra em tudo que fazemos.

O homem não pode continuar a cometer atos que façam o próprio Deus questionar: “Até quando serão eles incapazes da inocência?” (Oséias 8.5).

Senhor Deus e Pai, clamamos a Ti para que Teu agir junto a governantes e a governados deste país venha a produzir uma nação que ande humildemente conTigo, para que haja justiça com misericórdia. Assim oramos em nome de Jesus. Amém.

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